6

703 49 0
                                    

No dia seguinte acordo na hora, coloquei meu celular para despertar, não quero atrapalhar me atrasando. Visto calça jeans, camisa de botões, peguei algumas emprestadas do meu pai, as botas e por fim pego o chapéu.
Antes de sair do quarto me vejo pelo reflexo do espelho do banheiro, estou parecendo um peão, começo a fazer algumas poses engraçadas, " oi gatinha que tal cavalgar em mim" caio na gargalhada.
Desço para tomar café da manhã com mais calma comparado ao dia anterior.
— Bom dia meu filho - meu pai diz enquanto beberica o café quente.
— Bom dia - Marta diz enquanto termina de arrumar a mesa.
— Bom dia Marta, Bom dia pai - me sento e me sirvo.
Marta termina e se vai...
— A esquentadinha ainda não deu as caras não é, não quero me atrasar - digo comendo um pão, meu pai quase engasga com o café sorrindo.
— Gabriela meu filho - continua rindo — Não deixe que ela saiba que colocou apelido nela se não... - antes que ele pudesse terminar ela aparece.
— Bom dia. - eu arregalo os olhos por pouco fui pego, meu pai ri mais alto.
— Bom dia Gabriela- digo, ela parece querer entender por que meu pai sorri tanto.
— vamos indo, eu contei uma piada e ele não para de rir. - disfarço
Hoje vou no meu mais novo cavalo o lorde, esses bichos tem cada nome, até uma vaca chamada preciosa conheci ontem. Devagar vou indo até pegar mais confiança.
Dante já está na ordenha da vaca, não fui muito com a cara desse peão, ele me encara demais.
— Bom dia Gabriela - ele diz a Gabriela que pega a tina para encher de leite.
— Bom dia, hoje chegamos na hora - ela diz ele sorri de volta para ela.
— Bom dia Dante - digo
— Bom dia patrãozinho - ele diz seco, essa é nova para mim mas gostei.
E lá vamos para a ordenha, devagar e pouco mas consigo tirar algo, parece ser fácil mas na prática não é.
Eu e Dante colocamos alguns reservatórios de leite na caminhonete que vai para a cidade enquanto Gabriela trás os bezerros para mamar na vaca.
— Zé disse que ontem você não foi no laranjal? - Dante pergunta a Gabriela.
— Eu iria mas tive um imprevisto - ela diz
— Entendi... até imagino o imprevisto - ele me encara. Qual é desse cara.

Eu e Gabriela seguimos com o gado ela de um lado e eu do outro.
— Qual o problema daquele Dante - pergunto
— Ele é assim mesmo mais reservado, mais é gente boa - ela diz
Depois fomos coletar os ovos, separar o de consumo e para a venda, almoçamos e por último fomos para o laranjal.

— São trabalhadores terceirizados que fazem a colheita da laranja e Zé toma de conta para que tudo fique nos conformes - Gabriela explica
— Que legal - digo
— No final das tarefas venho colher algumas também, gosto de colher laranjas - ela diz
— Nossa o que você não faz aqui - digo e ela sorri, apressa o passo se vira e me diz.
— Vamos, vou te ensinar
Visto luvas, Gabriela me entrega um cesto.
— É só puxar assim, ver se está nos conformes e colocar neste cesto.
— Me explica de novo eu achei difícil - digo
Ela bate de leve meu ombro e diz
— engraçadinho ... - e vai colher as laranjas do outro lado.
No final carrego o meu cesto e da Gabriela para o reservatório, Zé está lá animado acelerando o pessoal para despejar e encerrar o expediente.
— Oi patrãozinho, está gostando da fazenda - ele me cumprimenta com um aperto de mão.
— É... talvez - digo, ele olha para Gabriela e diz
— A baixinha está sendo boazinha com o senhor. - Gabriela fica furiosa e quer ir para cima dele, eu a seguro.
— Tá sim - digo Zé sai caminhando rindo — eu a encaro enquanto a seguro — bem boazinha...
Ela se recompõe e eu a solto.
— Por hoje é só - ela diz.
Fico ali a observando de longe, ela monta no seu cavalo e se vai com os cabelos ao vento.
— Ela é durona mas tem um coração bom - Zé diz e saio do meu transe.

Depois do jantar vou me deitar, meu celular toca, pego e vejo pelo visor, minha quem está ligando, atendo.
" — Oi...
— Oi meu filho, como está?
— Estou bem mãe...
— que bom filho, está gostando desse tempo por aí ?
Eu me levanto da cama e vou para janela.
— Há mãe a senhora sabe que meu lugar é aí...
— Filho aproveite o lugar e pense melhor sobre o que está fazendo com a sua vida.
— mãe já vai começar com os sermões, eu estou exausto.
— está bem filho, liguei para saber se está tudo bem, te amo boa noite.
— Também te amo, boa noite.
Digo e finalizo a ligação "

Da janela do meu quarto vejo a edícula que Gabriela mora com a mãe, ela está sentada sobre a janela, ela percebe que eu estou a olhando e entra para dentro.

Gabriela... Gabriela até que você não é de se jogar fora... penso comigo mesmo.

Menina Veneno (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora