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Vamos cavalgando para a parte alta da fazenda, Gabriela desce do cavalo e se deita na grama, eu a acompanho, o céu está alaranjado o dia já está quase se indo.
Deitado com a cabeça apoiada nas mãos eu digo para ela:
— Eu acho que Zé tem razão, isso explica muita coisa.
— Dante e eu éramos só amigos nada mais que isso - ela enfatiza
— Pode até ser mas ele devia sentir algo por você - digo
— Não fale bobagens ...
Eu levanto meu tronco e apoio minha cabeça com um de meus braços e a encaro enquanto está deitada olhando para o céu.
— Qual problema? - pergunto
— nenhum... só que eu acho isso muito difícil - ela diz fitando o céu
— posso te fazer uma pergunta? - digo ela revira os olhos e me encara
— Pode ? - parece com medo.
— Você tem namorado ou já namorou alguma vez? - pergunto
Ela arregala os olhos e se levanta de uma vez, coloca o chapéu na cabeça.
— faz perguntas demais, vamos, daqui a pouco vai escurecer - diz e monta no trovão.
Eu sorrio de lado, esse comportamento dela é nítido que nunca namorou, parece uma adolescente morrendo de medo que arrumem namoradinhos para ela.
Chegamos no casarão eu a faço um convite
— Gabriela eu estou pensando em ir naquele barzinho mais tarde, relaxar um pouco quer ir também - digo
— Nem pensar, prefiro ficar em casa - ela diz sem hesitar.
— Você não sai? Sair um pouco da rotina conhecer pessoas novas ... - digo ela não parece gostar muito
— Boa noite - diz e se vai.
Essa Gabriela é muito durona o que tem de baixinha tem de durona.

O jantar foi silencioso meu pai está um pouco decepcionado comigo por conta da briga, ele diz que as coisas não podem se resolver no murro, eu entendo, mas meu sangue ferveu aquele cara me desafiou. Agora eu entendo aquele comportamento ele estava com ciúmes da Gabriela, babaca.

Tomo uma ducha e me arrumo, coloco calça jeans escura, camiseta preta e tênis. Pego as chaves da caminhonete.
— Pegue a chave reserva da casa - meu pai pede
— Ok... Boa noite - pego as chaves
No pátio do lado de fora vejo trovão, sinal que a dona dele está aqui por perto, eu a procuro com o olhar mas não a vejo, decido ir ver na lateral da casa, e lá está ela sentada num banco com uma das pernas apoiadas olhando para o chão, está pensativa.
Me aproximo, ela sente minha presença
— Tem certeza que não quer ir ? - pergunto, ela força um sorriso
— Há.... Não, melhor não eu estou cansada - diz
Eu me sento ao seu lado no espaço vago.
— Você nunca sai?
— Claro que saio, eu só não gosto daquela galera da cidade, são uns metidos a besta - desabafa, caio na gargalhada acho engraçado a forma como diz.
— Então vamos para outro lugar ? - sugiro, ela parece ficar nervosa se ajeita no banco
— Outro lugar ? Como assim ?
— Há sei lá sorveteria, pizzaria qualquer outra coisa - digo, ela suspira, que maliciosa.
— A não sei se é uma boa ideia - diz
— Pare de rodeios, vá se arrumar eu te espero - digo e me levanto e coloco as mãos no bolso ela também se levanta, pensa em algo mas não diz.
— Eu não me demoro - diz correndo.

Eu espero por ela dentro da caminhonete, deixo tocando uma rádio local.
Ela bate no vidro e entra, fico admirado, ela está sempre usando roupas largas camisa de manga longa e calças compridas mas agora ela estava usando uma blusa de alças finas preta, seus seios são fardos e calça um pouco mais justa valorizando suas curvas, e que curvas hein... A danada estava escondendo todo esse corpinho naquelas roupas largas e desengonçadas.
— O que foi? Por que está me olhando assim - ela percebe
— Nada não, vamos - disfarço e ligo a caminhonete.
No caminho não consigo parar de olhar para ela, Gabriela é uma delicinha.
— se continuar a me olhar desse jeito eu volto para trás - ela diz firme, eu engulo seco, controla-se Otto, digo a mim mesmo.
— olhando como ? - brinco ela faz careta.

Chegamos na cidade, mesmo a noite aqui é quente, tem bastante gente na praça, jovens batendo papo e azarando. Do outro lado da rua vejo o barzinho que Katy me disse no outro dia está bem movimentado. Gabriela anda do meu lado e algumas pessoas passam por nós curiosos, ela perece ficar tímida.
— Quer comer alguma coisa - pergunto
— Eu não estou com muita fome eu já jantei - diz
— Eu também, quer tomar um sorvete então? - digo ela confirma com a cabeça e vamos a sorveteria.
Pedimos o sorvete e resolvemos tomar na praça enquanto vemos as pessoas passarem de um lado para o outro, no caminho ela fica nervosa e tenta voltar para trás, eu não entendo a reação dela.
— O que foi Gabriela? - pergunto e a seguro pelo braço
— Oi! Oi Otto - ouço Katy gritar mais à frente com um grupo de amigos.
— Droga - ela diz e se vira eu a solto.
Katy e os amigos se aproximam
— Galera esse é Otto filho do João Torres que falei para vocês aquele dia - Katy diz animada, tem três moças e dois rapazes junto com ela, eles se apresentam para mim, e para Gabriela dizem um oi parece que se conhecem.
— O que foi isso na boca - Katy pergunta
— Há isso aqui... acidente - disfarço
— Vamos ao barzinho - Katy sugere, eu coço a cabeça sem graça eu sei que Gabriela não vai gostar. Gabriela se aproxima de mim e diz baixinho.
— Pode ir, eu já vou indo - diz.
— Não nem pensar, viemos juntos e voltaremos juntos - digo para ela
Um dos rapazes fala:
— Nossa Gabriela você deu uma boa encorpada - vejo Gabriela se encolher, então Katy diz
— Verdade... parecia um menino na escola - todos riem vejo seu rosto corar.
— Que comentário desnecessário galera - digo em bom tom, Katy fica sem graça e tenta se concertar.
— Verdade Otto, me desculpe Gabriela - diz, Gabriela não responde
— Nós já estamos indo, obrigado pelo convite - digo e apoio meu braço no ombro da Gabriela e saímos.
— Foi mal cara - o rapaz grita
Sentamos num banco e terminamos de tomar o sorvete.
— Eles são sempre assim com você? - pergunto
— São uns babacas eu nem ligo - diz dando os ombros

Menina Veneno (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora