Capítulo 15

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Voltei rápido, né?

Comentem!

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Abri os olhos, assustada. Me sentei, encarando o quarto pequeno do Motel onde me hospedei depois de cinco horas de viagem, quando já não conseguia mais me manter acordada.

Com dificuldade, sentei-me, pegando a bolsa grande ao lado da cama e abrindo-a, encontrando minhas roupas e tudo o que eu precisaria.

No plano emergencial que Shawn fez, tínhamos um lugar onde guardamos uma mala com tudo o que precisaríamos caso tivéssemos que fugir. Então depois de dirigir duas horas para um estacionamento privado, peguei o carro que deixei ali com tudo o que iria precisar e dirigi mais três horas para o meu destino.

O único lugar que conseguia vir à minha mente.

Me certificando de que a porta estava trancada, tomei um banho, tomei café da manhã, engolindo uns comprimidos que Paige me deu, antes de pegar uma tesoura da bolsa e me dirigir para o banheiro.

Fiquei de frente para o espelho, pegando uma mexa de cabelo.

Mude a aparência, Shawn havia me ensinado. Mesmo que seja algo pequeno, pode fazer a diferença.

Cortei a primeira mecha puco acima dos ombros. Apertei os lábios, pegando mais uma.

Não olhei para os fios longos caindo no chão à medida em que eu cortava meu cabelo, tentando — por mais bobo que parecesse, dado o momento em que estava — deixar o mais reto possível.

Quando terminei e vi meu reflexo, o rosto cansado, as olheiras, a tristeza na face e o novo cabelo curto, senti como se uma parte minha tivesse deixado de existir.

Suspirando, organizei meus pertences, saindo do quarto, pagando em dinheiro e voltando para a estrada.

Dirigi, dirigi e dirigi. Ligando o rádio para preencher o silêncio. Cantarolando as músicas para ocupar a mente.

Tentando não pensar no que eu faria quando chegasse ao meu destino. Tentando não pensar no que aconteceu.

Parei por um hora para descansar, atenta à estrada, segurando com força a arma em minha mão quando um carro se aproximava.

Restavam mais quatro horas.

Voltei a dirigir, parando em um posto de gasolina para abastecer e comer alguma coisa. Peguei três sanduíches e suco, me sentindo faminta, sabendo que precisava de energia.

Na saída, entrei no carro, levando um susto quando senti um solavanco, de repente.

Olhei para trás, a arma firme em minhas mãos.

Um homem desceu de seu carro atrás do meu, aproximando-se.

— Me desculpe, não achei que ia bater. — disse.

Talvez ele tenha pensado que eu estava indefesa. Talvez não contou que eu fosse ver o leve reflexo da luz do sol no metal em sua cintura.

Mas quando ele chegou há metros de distância, eu atirei, ouvindo o baque oco do corpo caindo no chão.

Com as mãos tremendo, esfreguei o rosto, contendo o bolo que se formou em minha garganta.

Não tinha tempo para isso.

Iriam rastreá-lo até aqui e eu não podia me dar ao luxo de ficar por muito tempo para chorar uns segundos.

Quando eu chegasse, poderia chorar o quanto precisasse.

Dei partida, aumentando o som do rádio, mantendo a pistola em meu colo.

As horas se passavam devagar e, por vários momentos, pensei em parar aquele carro e jogar tudo para o alto.

Mas Aaliyah precisava de mim. Peter precisava de mim.

E Shawn... E se sua memória retornasse e ele estivesse ali ainda?

Eu era boba por ainda ter esperanças?

Continuei na estrada, a cidade ficando mais e mais longe, a distância entre uma casa e outra também aumentando.

Vi a curva conhecida para dentro da floresta e entrei ali, dirigindo pelo caminho entre as árvores, sentindo-me melhor por estar em um lugar familiar.

Quando a casa apareceu, sorri, dirigindo para mais perto e estacionando ao lado.

Desci do veículo, pegando tudo o que era meu e caminhando para a varanda. Olhei ao redor.

O quintal onde Shawn me treinou, a parte da floresta que dava para o lago mais afastado... Tudo ali, como se nada houvesse mudado.

Empurrei a porta, sentindo o peso da saudade e nostalgia quando observei o interior da casa.

A sala de estar onde eu costumava ficar com Monstro, a cozinha, a escada de madeira que dava para o andar de de cima da casa. Tudo tão familiar. E tão doloroso.

Prendendo o choro, subi as escadas, passando pelo corredor e entrando no meu quarto e de Shawn.

Sem olhar muito ao redor, detei-me, fechando os olhos, adormecendo quase no mesmo instante, finalmente feliz por poder dormir tranquilamente.

*

Joguei um pouco de lenha na fogueira, observando a madeira queimar, crepitando alto e iluminando parte das escadas.

Observei a reserva de madeira, sabendo que, em algum momento, iria ter que cortar eu mesma, pois iria acabar logo, especialmente com o início do inverno.

Sentei-me no sofá, suspirando, recolhendo-me em minha solidão.

Um choro alto surgiu da minha garganta e, desta vez, sem um objetivo para alcançar, sem nenhum lugar para chegar, deixei a tristeza excruciante vir, cortando-me por dentro, queimando e destruindo meu coração, deixando apenas os pedaços frios e vazios.

Porque desde tudo o que aconteceu, pela primeira vez, sentia que estava perdendo tudo o que havia conquistado.

Paz. Família. Amor.

Tudo estava ruindo, corroendo-se como um ferro velho e enferrujado. E, agora, temia não conseguir fazer nada para parar.

Deitei no sofá, encolhendo-me em minha bolha de tristeza.

Lembrando que, naquela mesma sala de estar, fui imensamente feliz com Shawn ao meu lado.

Pensei em como ele estava neste momento.

Sofrendo com a perda? Sentindo culpa pelo que aconteceu? Aaliyah já sabia?

Abracei uma almofada, enfiando o rosto nela quando senti o cheiro masculino familiar. Me agarrei ao tecido, como se pudesse, de alguma forma, trazer um vislumbre do homem que me amava.

Como se aquele fosse um pequeno pedaço que eu poderia guardar para mim.

Do homem que me salvou.

Do homem que eu queria salvar.

Mas não sabia que conseguira, porque, para isso, ele precisava me deixar fazê-lo.

Contudo, talvez, eu não tivesse aprendido a lição: não dá para salvar todos.

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Foi um capítulo curto, mas o próximo vai ser beeem melhor e agitado.

O que acham que acontece?

Até o próximo!

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