Comentem muito, porque esse tem surpresas!
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Os dois dias seguintes foram um borrão repleto de tristeza. Quase não levantei do sofá, me recusando a entrar no quarto que eu dormia com Shawn.
Cozinhei, porque precisava me alimentar, ter energia e ficar forte, mas minha vontade era de passar o dia inteiro de cama, quase como se estivesse doente.
No terceiro dia, quando havia chorado o suficiente e a lenha acabou, entendi que não poderia mais continuar daquela forma. Que precisava fazer alguma coisa, porque ficar parada, chorando, não me ajudaria, não me faria achar uma solução.
Sabia que, no momento, não havia muito o que eu poderia fazer, afinal, aquela casa era o único lugar realmente seguro.
Shawn comprou-a aos 23 anos, não estava em seu nome, foi paga em dinheiro e nos manteve completamente seguros de Miguel. Ninguém, além de mim, eu ele e Aaliyah sabia que ela existia, porque ele fez questão de que não acontecesse.
Tivemos que sair porque, quando ele fingiu me entregar a Miguel em troca de Aaliyah, ficar aqui poderia comprometer nosso esconderijo e, desde que acabamos com meu primo, viemos umas duas vezes apenas para visitar. Porém ficar em Toronto era perigoso, mas eu não conseguiria sair do estado ou país, logo, o melhor local para ficar era aqui.
Por volta das nove da manhã, mesmo com meu corpo clamando para que eu não levantasse, fui fazer meu café da manhã, fazendo questão de comer o bastante para almoçar mais tarde.
Quis correr um pouco, mas não podia, pois desde que cheguei na casa notei que minha perna estava levemente machucada. Claro, havia visto o corte antes e cuidado dele, mas não percebi que doía tanto, talvez pela adrenalina de estar fugindo. Agora, tinha que cuidar bem e não magoar, porque a última coisa de que eu precisava era uma ferida me incapacitando de fugir.
Então, como não podia me exercitar, limpei um pouco a casa e levei minhas malas par ao quarto onde eu ficava assim que cheguei naquele local, quando Shawn e eu erámos apenas dois estranhos.
Tudo estava exatamente igual. Até minha cama encostada na janela para que eu pudesse ver a paisagem.
Me sentindo menos mal do que me sentiria se estivesse no quarto em que dormíamos juntos, coloquei minhas coisas ali, arrumando uma mala de emergência e deixando-a escondida, mas em um local de fácil acesso.
Mais tarde, preparei meu almoço, comi novamente e tentei ler alguma coisa. Acabei adormecendo novamente. Quando acordei, já era de noite, o frio do começo do inverno de Toronto tomava conta da casa. Me enrolei em um casaco, descendo para a sala de estar, ligando o aquecedor da casa e a lareira, notando que era a última remeça de lenha que Shawn havia deixado cortada.
Amanhã precisaria cortar mais, porque não me arriscaria sair para comprar, apesar de saber que, eventualmente, precisaria de mais comida.
Jantei, fiquei um pouco do lado de fora, pensando que, nem quando morava sozinha em Terrace Bay, apenas com Graceline como amiga, me sentia tão sozinha como agora. Nem quando era apenas eu e Shawn, dois estranhos, o lugar era tão silencioso como agora.
*
Uma semana sozinha naquela casa era como viver com fantasmas. Tudo, absolutamente tudo me lembrava deles.
Tentava me ocupar fazendo qualquer coisa: cortar lenha, mas não podia fazê-lo com muita frequência, especialmente quando o frio começava a se intensificar. Li, assisti televisão, cozinhei, organizei a casa para o caso de uma armadilha e tentei pensar em uma forma de sair daqui, de concertar tudo.
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In Your Darkness
RomanceVocê não pode fugir da sua escuridão. Você precisa acabar com cada parte dela. Gostaria de ter descoberto, antes que a minha viesse atrás de mim. Nunca poderia mudar quem eu era, agora sabia disso. E, assim como antes, precisava fugir, com a diferen...