𝐴𝑖𝑛𝑑𝑎 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑢 𝑇𝑒 𝐸𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜

cap.3

-Ora vejam só quem está aqui. A patricinha.
-Era só o que me faltava, o que está fazendo aqui?
-Eu morro aqui!
- A pronto.
-E eu imagino que você não tenha nada pra fazer aqui. Então pegue sua arrogância e de no pé.
-Eu iria com prazer, está sendo um grande esforço ter que falar com você de novo. Porém eu não posso, o pneu do meu carro furou, e eu estou sem estepe e macaco.
-hahahajahahaha
-Está rindo de que?
-De você me pedindo ajuda.
-Eu não pedi sua ajuda.
-Então ótimo, de no pé.
Soraya já ia entrar em sua casa mas então Simone a chamou.
-Ei espera.
-O que foi agora.
-É... Bom .... Talvez eu precise de sua ajuda. Falou Simone meio sem jeito.
-Se eu te ajudar você garante desaparecer da minha frente?
-Sem sombra de dúvidas. Não ache que estou feliz em vê-la de novo.
Soraya revirou os olhos com a frase. Mesmo ela precisando de ajuda, não deixa de ser arrogante.
-Vamos logo antes que eu te deixe aqui sozinha.
- Não está mais aqui quem falou.
- Ótimo então vamos logo.

Soraya ligou para o mecânico da cidade pedindo se o mesmo poderia conseguir um pneu, já que na fazenda não tinham nem um que pudesse ser usado.

- E então? Conseguiu o pneu? Pergunto Simone já cansada de esperar.
- Na verdade não. Seu Manoel não tem nada para seu Fusca. Mas ele disse que vai até a vila vizinha pra encontar um.
- E isso vai demorar?
- Não sei se a patricinha percebeu, mas já está quase escuro. Provavelmente ele só virá amanhã cedo.
-Eu não sou cega, vi muito bem que está escurecendo, mas acontece que eu não tenho onde ficar, e nem o que comer, estou perdida nesse fim de mundo.
-Hajá santa paciência com você. Vamos fazer assim, você passa essa noite em minha casa, e amanhã cedinho da no pé.
-Não preciso da sua caridade.
- Você quem sabe, é isso ou ficar no meio da estrada esperando que alguém te assalte ou uma onça te devore.
Simone sentiu seus pelos da nuca arrepiar.
-On... onça? Tem onça por aqui?
Claro que não tinha, mas Simone não precisava saber. Certo?
- Oh sim, bem grande e feroz, com umas unhonas maiores que a sua mão.
Simone ficou apavorada com a ideia de acordar no meio da noite por um bicho daqueles, então mudou de ideia rapidinho. E Soraya fazia o máximo de esforço pra não rir.
-Certo, passarei essa noite em sua casa.
-Então me acompanhe, senhorita?
-Simone. Simone Tebet.
-Prazer Simone. Me chamo Soraya Thronicke.

E então ambas entraram na grande casa de campo, Simone estava perplexa com a tamanha beleza daquela casa, que possuía um enorme varanda com redes e diversos tipos de flores, aparentava se muito aconchegante, entretanto, Simone se sentia deslocada, não era pra menos. Estava em lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas. Não era como se ela confiasse na moça que "conhecerá" a algumas horas atrás. Mas entre ser devorada por uma onça ou ficar na casa de desconhecidos, COM TODA CERTEZA FICAR COM DESCONHECIDOS.

.
- Vou arrumar um quarto de hóspedes. Pode esperar aqui?
-Claro.
Então Soraya sumiu pela escada no centro da sala, deixando Simone sozinha. A mesma analizou cada detalhe, desde os quadros até o tapete. Estava tão distraída que se quer notou alguém adentrando a porta da frente.

-Olá. Quem é você? Perguntou um senhor de cabelos grisalhos que aparentava ter uns sessenta  anos de idade.
- Olá, me chamo Simone Tebet. Eu estou passando pela cidade e meu carro acabou estragando. Simone se atropelava nas palavras, estava nervosa, não sabia quem era o homem e estava com medo que algo de ruim acontecesse.
- Ei, calma tudo bem. Eu me chamo Fernando Thronicke, prazer. Disse estendendo a mão a Simone, que logo retribuíu o comprimento.
- Papa. Que bom te ver. Disse Soraya reaparecendo na sala.
-Oi oncinha.
- Papa, está é Simone, o carro dela estragou, e o seu Manoel só pode vir amanhã resolver o problema, então ofereci a ela um quarto, em quanto espera. Tudo bem?
-Oh, sim, ela já havia comentado. Fernando soltou uma doce risada, lembrado do embaraço de Simone a minutos atrás.
-Seja bem vinda e fique a vontade Simone, a casa é sua.
Simone ficou com as bochechas rosadas diante do comentário do pai de Soraya. Mas concordou, e agradeceu pela pequena estadia.
Neste instante Soraya que estava um pouco atrás, sentiu seu mundo parar ao ver aquela cena, Simone havia ficado adorável com as bochechas rosadas de vergonha, mas logo afastou esse pensamento, pois seu pai se pronunciou.