- Trinta

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Freen piscou lentamente. Em quê, Becky poderia ter mentido para ela? A garota não trajava o perfil de mentirosa, pelo contrário, sempre fora bem direta e sincera em relação aos seus pensamentos.

                     

-- Como assim mentiu? Ao que se refere? -- Freen perguntou com cautela, vendo o rosto da menor tomar uma coloração rosada.

                     

-- Sobre o carro e o celular. -- Ela disse, fitando as próprias mãos por um momento. -- Eu não fui roubada, eu os vendi.

                     

-- E por quê? -- Freen perguntou. A menor exalou o ar de seus pulmões e Freen percebeu seu tom de voz baixar um decimal.

                     

-- Porque a dívida da minha mãe era muito alta e eu, bem, não tinha outra forma de pagar. -- Confessou, coçando um dos olhos. O sono era evidente nela.
-- Fui expulsa da casa onde eu morava na Flórida porque atrasei o aluguel e passei a viver em meu carro, mas antes de eu sair chegou a notificação da morte de minha mãe e da dívida. -- Freen balançou a cabeça digerindo as novas informações.

                     

-- Posso, huh, te fazer um pergunta? -- Freen perguntou e Becky assentiu. -- Como conseguiu aqueles machucados?

                     

-- Pedindo carona. -- Ela confessou baixinho, com a voz frágil e voltando a fitar suas mãos. -- Um grupo de mulheres achou que eu era, você sabe, prostituta porque eu estava pedindo carona de noite na beira da estrada e com um vestido. -- Freen abriu a boca incrédula e sentiu seu sangue fervilhar ao imaginar alguém machucando Becky. -- Elas pararam e, o resto você sabe. -- Disse enrubescendo mais. -- Queimaram minha mala de roupas também, por isso eu só tinha um vestido. Agora tenho dois, Irin me deu o outro.

                     

-- Então veio para cá para pagar o hospital com o dinheiro do seu carro e celular?

                     

-- Sim, eu já não tinha nada lá mesmo. Tentei pedir carona para voltar, mas ninguém parou desta vez. -- A garota disse, soltando um suspiro derrotado. -- Então retirei algum dinheiro do que eu tinha guardado e estou limpando vidros. Pelo menos tenho o que comer.

                     

-- Onde dormiu? -- Becky realmente se sentia embaraçada com tal situação, pois cada vez corava mais.

                     

-- Na rua. -- Freen sentiu seu coração se comprimir ao ouvir aquilo tudo. -- Eu tentei te contar aquele dia no restaurante, mas fiquei com vergonha ou medo de você me xingar por ter mentido. -- A garota parecia tão derrotada e abatida que a qualquer momento desmoronaria, Freen tinha certeza.

                     

-- Bec, eu jamais faria isso. -- Freen disse, tocando em suas mãos suavemente.

                     

-- Desculpe ter mentido. Eu geralmente não sou a favor de mentiras, mas eu tentei dizer a verdade e acabei apanhando e... -- Freen puxou Becky para seus braços quando viu que a menina havia começado a chorar. Ela não se importou em colocar Becky em seu colo, mesmo tendo algumas poucas pessoas olhando para elas.

FrᴇᴇɴBᴇᴄᴋʏ • UNCERTAIN PATH  • (ชะตากรรมที่ไม่แน่นอน) VisionOnde histórias criam vida. Descubra agora