Três

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A noite já havia chegando e com ela a brisa fria chocante. Os vidros do caminhão estavam embaçados e Freen só enxergava algo devido ao farol que iluminava a estrada deserta. Suas irmãs não fecharam a matraca nem por um minuto sequer, bombardeando Rebecca com perguntas impessoais.

                     

Foi de forma estressante que Freen descobriu que a garota, infelizmente, falava demais e deduziu que colocar quatro garotas falantes no mesmo lugar não era, definitivamente, uma boa ideia.

                     

Irin coçou seus olhos e bocejou logo após um momento de silêncio e Freen agradeceu mentalmente por isso, já sabendo o que viria à seguir.

                     

-- Freen, será que eu poderia ir dormir? -- Irin questionou. Freen apenas assentiu e estacionou assim que pôde. A enorme porta foi aberta e Kade e Nam aproveitariam para ir também, no entanto as garotas congelaram no lugar ao lembrarem de Rebecca.

                     

-- Droga. Não tem onde ela dormir lá atrás. -- Nam disse, fazendo Rebecca franzir o cenho.

                     

-- Vocês dormem lá atrás? -- Perguntou surpresa.

                     

-- Sim. Temos três palheiros lá atrás. Aqui na frente não tem condições de dormirmos todas. -- Nam disse.

                     

-- Ela pode dormir aqui na frente comigo. Ela dorme na boléia enquanto dirijo e quando eu estacionar durmo no banco. -- Freen sugeriu.

                     

-- Ótimo. Então boa noite, meninas. -- Nam disse. As três se despediram, indo para a caçamba do caminhão. Freen fechou a porta e reparou que Rebecca tremia e, por esta razão, se reclinou e pegou uma blusa de frio sua, que estava na boléia e estendeu a peça para a jovem logo ali.

                     

-- Tome isto. Fará ainda mais frio pela madrugada. -- A mais nova aceitou e colocou a blusa em si no mesmo momento. Estava congelando de frio já tinha umas boas horas e agradeceu a mulher pelo gesto, afinal a blusa fina que estava em sua cintura no momento em que conheceu Freen havia sido posta e nem assim o frio havia ido embora.

                     

-- Quantos anos tem? -- Rebecca perguntou aflorando sua curiosidade e sentiu o cheiro gostoso, que estava na blusa que Freen lhe ofereceu, adentrar-lhe os sentidos.

                     

-- Vinte e sete e você? -- Freen perguntou, voltando a ligar o caminhão, andando bem devagar dessa vez, pois as garotas estavam sem cinto lá atrás.

                     

-- Vinte e seis. -- Os olhos castanho da motorista se desviaram para a garota, analisando meticulosamente seus traços.

                     

-- Não parece. -- Disse solenemente. -- Poderia, por favor, pegar a caixa de isopor onde estão os líquidos para mim? -- Pediu, apontando para a boléia. Rebecca assentiu e se debruçou no banco, puxando a caixa para mais perto de si.

                     

Os olhos de Freen foram para o belo traseiro da moça; seu vestido havia subido alguns poucos centímetros e a mais velha balançou a cabeça, desviando os olhos no mesmo instante.

                     

-- Aqui está. -- Rebecca disse, se sentando direito novamente no banco. Freen abriu a caixa com uma das mãos, sem tirar a vista da estrada e pegou algo no canto de sua porta; logo o colocou sobre seu colou e agarrou algumas pedras de gelo com sua mão. Freen o preparado até o rosto de Rebecca e o pressionou suavemente sobre o olho arroxeado.

                     

-- Mantenha ele aí. Ajudará a melhorar. -- Ela disse, olhando para a estrada novamente. Os olhos castanhos encararam a caminhoneira e um pequeno sorriso brotou em seus lábios.

                     

-- Muito obrigada. -- Ela pediu de forma doce, segurando o preparado em um de seus olhos. -- Por tudo.

                     

-- Não tem de quê. -- Proferiu batendo seus dedos no volante como se estivesse reproduzindo o som de alguma música. -- Pode descansar quando quiser, dirigirei por mais umas duas horas. -- Rebecca assentiu, sentindo seu corpo agradecer mentalmente, pois a moça beirava a exaustão.

                     

Ela foi para trás e se deitou ali. Seus olhos passearam pelo lugarzinho; não era tão pequeno quanto parecia. Caberiam duas pessoas ali tranquilamente, por isso as meninas usavam como assento durante o dia sem se sentirem sufocadas ou desconfortáveis.

                     

Rebecca se aninhou mais em si, ainda segurando a bolsa de gelo e logo a sua bola de pelos subiu ali com ela, dando duas voltas no próprio corpo antes de se deitar junto à Rebecca, ronronando satisfeita.

                     

Os olhos castanhos eram curiosos e vez ou outra pousavam na expressão serena da garota atrás de si através do retrovisor. As duas horas passaram até que rápidas e Freen então desligou o caminhão, se certificou de trancar as portas e se virou para Rebecca.

                     

Ela observou os traços delicados de seu rosto, apesar dos ferimentos. Havia tempos não via uma garota tão linda quanto aquela. Se perguntou o que ela estaria fazendo indo tão longe, se estava de carro. Alguma aventura, talvez? Visitar algum namorado? Não tinha como saber apenas imaginando.

                     

Retirou delicadamente a bolsa de gelo da pequena mão e a colocou no canto, fechando as cortinas para a garota ter mais privacidade e apagou as luzes do caminhão. Suspirou se lembrando que havia programado para aliviar-se aquela noite, no entanto não seria capaz de fazer isso até chegarem em um hotel.

                     

Freen percebeu que a temperatura estava realmente fria, mesmo dentro da cabine, e quando estava prestes a se cobrir com seu pequeno cobertor ouvir um murmúrio lá atrás. Preocupada, a garota de olhos castanho abriu a cortina, se deparando com Rebecca abraçando o próprio corpo.

                     

Freen mordeu o próprio lábio e suspirou derrotada, pegando sua própria coberta e a colocando sobre o pequeno corpo ali. Como poderia ser tão trouxa por uma completa desconhecida? Deveria usar o cobertor e deixar que a garota se virasse com a blusa, contudo, não importava a carranca que vestia em seu rosto, ela sempre seria trouxa, de fato. Pensou.

                     

Voltou a fechar as cortinas e se aninhou no próprio corpo, se deitando nos bancos da frente, que eram unidos e por isso pôde se deitar tranquilamente. O banco não era tão macio quanto sua cama ali atrás, e provavelmente aquele estúpido gesto de gentileza acarretaria em uma bela de uma dor nas costas.

                     

Analisou as estrelas por alguns instantes através do vidro do caminhão e fez seu agradecimento a Deus diário antes de se entregar ao descanso.

FrᴇᴇɴBᴇᴄᴋʏ • UNCERTAIN PATH  • (ชะตากรรมที่ไม่แน่นอน) VisionOnde histórias criam vida. Descubra agora