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S/n Pov
- Obrigada. - Agradeço o enfermeiro que trouxe um copo d'água para mim. O homem sai sorrindo antes de fechar a porta.
Encaro a pintura de uma família feliz correndo em um campo à luz do dia. Os pais sorriem e as crianças mostram seus sorrisos banguelas. Penso em Camila, em Katherine, em Lauren... Não vejo a hora de sair desse lugar, segurar minha filha no colo e abraçar ela. Quero ver Lauren, saber sobre tudo o que aconteceu nesses dias que estive desacordada, saber tudo sobre a mãe da minha filha. Saber se ela já acordou, se já pegou nossa filha no colo novamente, se já a amamentou. Não paro de pensar nelas. Não paro de pensar em Camila.
O que aconteceu precisa ser esquecido por mim, já passou, não tem como reverter, tenho que seguir em frente.
Camila já foi embora, ela veio cedo hoje para me visitar, precisou sair após uma ligação de Lara sobre Katherine ter ficado sem fraldas e que a pequena não gosta muito da loira. Jenna é quem cuida de Katherine, mas Camila deu folga por alguns dias para ela, coisa que achei muito boa. Jenna é muito prestativa, precisa de alguns dias para ela também.
A comida do hospital é horrível, sopa sem gosto algum. Minha única opção é comer a comida que uma enfermeira faz especialmente para mim, óbvio que ela está sendo paga por isso, a própria me disse a dias atrás que Camila fez a oferta e está pagando bem para isso. Óbvio que a comida não é nada muito pesada, mas é mil vezes melhor do que a sopa sem gosto do hospital.
Vejo o enfermeiro voltar após um tempo com uma bandeja de remédios. Nem havia percebido as horas passando.
- Oi, S/n. O doutor mandou aumentar sua medição, a quantidade que estava servindo antes já não está dando o resultado que queríamos. Você já não era nem para estar aqui, está demorando muito para cicatrizar os ferimentos. Preciso que você levante seu braço. - Ergo meu braço sentindo meu coração acelerar um pouco. Meus ferimentos não estão curando como deveriam. Isso já está me deixando com medo. - Não se assuste, mesmo que isso não seja o esperado, está tudo sob controle. Não fique preocupada. Estamos trabalhando para deixar você perfeitamente bem.
- Não sei se isso vai funcionar, enfermeiro. Como você mesmo disse, já era para eu ter saído daqui. Estou com medo, não vou negar e estou preocupada também. - Ele apenas balançou a cabeça terminando de aplicar os remédios.
- Vou fazer algumas perguntas, não esconda nada, preciso que seja sincera comigo, tudo bem? - Assenti. - Sente dores em outros lugares além de onde as balas te atingiram? - Confirmei para ele, mostrando com as mãos onde sinto as dores. Cabeça, abdômen, pernas e pescoço. - Sente dor quando pega um copo d'água ou quando está levantando a mão para comer? - Confirmei novamente vendo ele anotar tudo em um pequeno caderno. - Sente dor ao respirar? - Confirmei novamente. - A última, tudo bem? Não fique nervosa. Você sente seu coração palpitar mesmo você estando deitada ou sem fazer esforço algum? - Olho para baixo juntando minhas mãos. - S/n, preciso que seja sincera comigo, preciso saber para poder ajudar você. - O encaro e confirmo para ele. - Sente isso diariamente, não é?
- Eu vou ficar bem? - Sinto meus olhos lacrimejando.
- Eu prometo para você que você vai ver sua filha novamente, te prometo que irá sair daqui bem. - Ele termina de anotar algo em seu caderno e me olha sorrindo. Ele está sorrindo tanto que está me acalmando, a voz dele me acalma e seu sorriso não me é estranho. - Não precisa ficar nervosa, fique tranquila.
- Obrigada. - Ele sai novamente. Me lembro de que não sei o nome dele e então o chamo e ele volta rapidamente. - Eu não sei o seu nome. - Ele sorri achando graça.