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Capítulo 36

Haiukan

Atlanta — Geórgia

No dia seguinte

Observo enquanto Xiao Zhan desliga o telefone público, do lado de fora de um posto de gasolina. Seus cinco guarda-costas se encontram a alguns passos atrás, certamente porque ele assim ordenou.

Do momento em que nos conhecemos até hoje, eu vi o garoto que nunca encarava ninguém, se transformar em um verdadeiro ômega do Pakhan. Ele agora não permite que o intimidem ou sequer pisca quando o observo em silêncio.

É uma espécie de guerra de nervos entre nós dois, porque mesmo antes dele finalmente confessar a Yibo que ajudou o amigo a fugir pela segunda vez, eu já sabia que havia algo mais por trás do desaparecimento de Yao.

Xiao Zhan não deu detalhes, apenas revelou que Yao sentiu que estava correndo perigo e que ficaria fora do radar por um tempo. Para alguém controlador como eu, a notícia foi o equivalente a um pesadelo.

Yao correndo perigo e sozinho? Por que diabos não me procurou? E onde estava o cretino que coloquei tomando conta dele que não viu aquilo acontecer debaixo do próprio nariz?

Depois que fui avisado que ele havia sumido, o guarda-costas descobriu que ele saiu pela porta dos fundos da loja.

O que pode tê-lo feito desaparecer no meio do expediente?

O segurança que eu havia designado disse que ninguém mais além de clientes regulares entrou no estabelecimento naquele dia.

Pedi a Odin que invadisse o sistema de filmagem interno da loja e tivemos a fodida notícia de que as câmeras não estavam em funcionamento. Não havia sequer um minuto de gravação. Eles provavelmente só fingiam que filmavam para espantar alguém com intenção de furtar.

Yao tinha justo que trabalhar na única loja de São Francisco que não grava o próprio estabelecimento?

— O que você vai fazer? — Haoxuan pergunta ao meu lado, dentro do carro.

Desde a nossa ação em conjunto na China, ele tem se aproximado.

Lembro do que ele falou: os iguais se reconhecem.

Essa é uma grande verdade.

É uma amizade estranha a nossa. Eu nunca tive assunto com os homens de Yibo, mas começo a apreciar a companhia de Haoxuan, talvez por que eu vejo a mesma escuridão que existe em mim, refletida nele.

— Já falei com Yibo. Acabou a brincadeira. Xiao Zhan terá que me dizer a verdade.

— Eles são muito espertos e escorregadios.

— São, mas chegou a hora de aprenderem a compartilhar.

Saio do carro e caminho até Xiao Zhan.

— Não deveria estar andando nesse sol já tão perto do parto, Xiao Zhan. Algum problema com seu celular ou com os outros telefones de sua residência? Ou será que há outro motivo para você vir a um telefone público?

Ele empalidece, mas não baixa a cabeça.

— Talvez eu só tenha querido mudar de ares.

— Ou talvez você não seja tão confiável como o meu primo acredita.

Estou blefando, obviamente.

Não posso dizer que morro de amores por Xiao Zhan, principalmente por ter ajudado Yao a se esconder duas vezes, mas se há algo que não tenho dúvidas, é de que é completamente leal. Não somente a Yibo ou à Yao. É um traço da personalidade dele. Xiao Zhan é uma pessoa leal e ponto.

𝕺 𝖒𝖆𝖋𝖎𝖔𝖘𝖔 𝖊 𝖘𝖚𝖆 𝖔𝖇𝖘𝖊𝖘𝖘ã𝖔Onde histórias criam vida. Descubra agora