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Capítulo 23

Meng Yao

Horas depois

— Você é o  novo vizinho? — Um rapaz, saindo de uma das casas ao lado pergunta.

Antes de responder, olho à minha volta, procurando alguém que possa me ajudar se for preciso, mesmo que ele não pareça ameaçador.

— Você não vai me responder?

Tomo algumas respirações, tentando fingir que estou calmo.

— Me desculpe, é que não estou muito acostumado a conversar.

Com estranhos.  — completo na minha cabeça. — Principalmente homens.

— Um ômega antissocial? Ótimo. Somos dois — ele fala, rindo. — Cá pra nós, também não gosto de gente.

Faço força para não sorrir de volta. Apesar de não ser um apreciador dos representantes da classe alfa fora o meu alfa, o garoto é muito simpático.

— Meu nome é Zheng Fanxing — ele diz e estende a mão, esperando que eu ofereça a minha.

Só que para cumprimentá-lo eu teria que me aproximar e não farei isso de jeito nenhum.

Cruzo os braços ostensivamente, para que ele perceba que não irei tocá-lo.

— Eu sou  Yao.

—  Yao de quê?

— Somente  Yao.

— Menino, você consegue ser mais estranho do que eu. Gostaria que  meu mamã o conhecesse. Quem sabe assim ele não para de dizer que eu preciso fazer mais amigos.

Outra vez sinto vontade de rir, mas me controlo.

— Não tenho nada contra as pessoas, apenas não gosto de conversar.

Agora que estou um pouco mais calmo, percebo que ele não passa de um adolescente.
Sim, porque você é muito velho, senhor de vinte anos.

Sacudo a cabeça sem perceber que estou sorrindo do meu pensamento idiota.

— Ah, então ele sorri — ele ironiza. — De onde você é? Seu sotaque é muito legal.

— Viu que evolução? Apesar do sotaque legal — também brinco, imitando o que ele disse —
sorrio, falo e ando. Boa noite, Fanxing. Eu preciso entrar. Acabo de me mudar e quero arrumar minhas coisas antes de dormir.

Ele olha para a mala pequena ao meu lado e me sinto um idiota. Está na cara que ele sabe que estou dando uma desculpa.

— Boa noite,  Yao. Se precisar de alguma coisa, sou a terceira porta à sua esquerda.

Dou um aceno de cabeça, mas não respondo.

Pedir ajuda? Acho que não.

Pretendo ser invisível.

Amanhã vou me encontrar com a cunhada da corretora e ver se consigo o tal emprego na petshop. Também ainda essa noite pesquisarei uma terapeuta online. Tenho esperança de que esse seja o primeiro passo para começar a consertar minha mente.

No dia seguinte, à noite

Consegui o emprego. Começo a trabalhar amanhã de manhã. O salário sozinho não daria para me manter, somando as despesas de aluguel e comida, mas se eu economizar, usarei apenas uma pequena parcela mensal do dinheiro que Xiao Zhan me emprestou.

Também comprei um notebook porque decidi que vou voltar a estudar. Nada muito ambicioso, um curso online mesmo.

A corretora me ligou, me dando os parabéns pelo novo emprego e quando eu disse a ela que talvez ficasse com vergonha de falar com os clientes por causa do meu sotaque, ela me explicou que existem americanos online que se voluntariam para ensinar inglês através de chamada de vídeo.

𝕺 𝖒𝖆𝖋𝖎𝖔𝖘𝖔 𝖊 𝖘𝖚𝖆 𝖔𝖇𝖘𝖊𝖘𝖘ã𝖔Onde histórias criam vida. Descubra agora