11° Capítulo

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A madrugada havia chegado cedo, não deixando qualquer um dos soldados descansar.
Assim que tiveram algum tempo para respirar, o comandante da aeronáutica convocou uma reunião com o pequeno pelotão.

Kalan terminava de por o copo sobre a mesa de centro da sala, antes de voltar os olhos para a tela do pequeno notebook.

O rosto de Ivan parecia preocupado, encarando os três capitães sentados no sofá, um ao lado do outro.

A missão havia sido um grande sucesso, sem contar com a vida das crianças que haviam sido salvas naquela noite.

— Sei que é tarde da noite, mas não pude deixar de parabenizar vocês. É a primeira vez que vejo um esquadrão com tanto poder de fogo em uma missão tão rápida. Vocês demoraram menos de vinte minutos para neutralizar o alvo e entregá-lo a polícia.— o comandante suspirou, cruzando as mãos por cima da mesa.

— Ainda acredito que foi difícil. O lugar por si só era precário.— Tales suspirou, desviando os olhos para a janela um tanto atrás.

Por algum motivo sentia-se incomodado com alguma coisa.
Como um homem da ciência, não acreditava no famoso instinto que os militares sempre usavam como uma desculpa palpável para fazer o que queriam, no entanto, como uma pulga atrás de sua orelha, sentia-se incomodado.

— O general está em interrogatório, mas já sabemos que ele não dirá uma palavra. No entanto conseguimos descobrir que o que tinha nos sacos do depósito da casa noturna era realmente a Facto X. — o comandante voltou a dizer, passando os olhos pelo rosto da filha, que parecia distante.

Os olhos de Irene encararam o pai.
Não sabia como se dirigiria a ele após longas semanas sem nem sequer trocarem uma mensagem.

— E as crianças?— a voz da capitã pareceu sumir.

— As crianças estão sendo tratadas em nosso hospital. A maioria delas já reencontrou sua família. Estamos pesquisando informações sobre as que restam, mas ainda nada certeiro. E vocês, como estão?— Ivan perguntou curioso, notando ferimento visível no ombro da filha, que vestia apenas uma regata junto a parte inferior de seu uniforme.

Preocupado, o capitão da aeronáutica voltou os olhos para a mulher, que respirou fundo, passando a encarar o chão.
Deduziu por fim que ela não havia relatado sobre seu ferimento.

— Nada muito grave, apenas Kalan foi atingido nas costas, mas foi superficial, graças ao colete.— Tales tomou a voz, após olhar de relance para Kalan, que permanecia calado.

— Capitã Guerra, essa ferida suturada em seu ombro, quando pensou em relatar?— o comandante soou acusador, encarando a filha sem pudor.

Se ele sequer tivesse ouvido sobre aquilo, jamais a permitiria continuar em missão.

Irene encarou-o cansada.
Não conseguia culpa-lo naquele momento.
Estava farta demais de segurar as pontas para ele.

— Negligência própria, comandante. Antes de sair, eu deixei claro que seria assim. Estou viva afinal de tudo!— a capitã cerrou os dentes, voltando os olhos para a janela, onde percebeu um vulto.

Os olhos dos capitães voltaram-se quase que instantâneamente o enorme vidro.

— Vocês também...— a voz de Kalan soou pela primeira vez.

— Sim.— Tales e Irene soaram em uníssono.

O capitão da aeronáutica puxou seu revólver se seu coldre, apontando para sua esquerda, onde ficava uma parede de vidro, passando a caminhar próximo ao sofá, enquanto Tales fazia o mesmo pela parede de vidro.

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