Guardiões do céu

22° Capítulo

Um toque na porta fez com que o capitão autorizasse a entrada.
A passos lentos, Safira adentrou o quarto, encarando o homem, em pé, vestindo uma camiseta.

— Você não deveria se levantar!— a pesquisadora franziu as sobrancelhas, irritada.

— Estou bem, Safira. Não estou morto!— Tales pigarreou rindo, voltando os olhos para a porta. — Tigre!— o capitão o cumprimentou.

Kalan adentrou o quarto seguido por Irene.
Seus olhos pousaram sobre o corpo do homem.
Sabia que Tales era forte. Talvez o marinheiro mais forte das forças armadas, mas ainda assim, não era muito normal vê-lo em pé.
Não depois de apenas duas noites após acordar.

— Está em pé, fera do mar? Como se sente?— Kalan perguntou curioso, aproximando-se do capitão.

— Bem. Ainda dolorido, mas nada de mais.— o capitão da marinha movimentou o braço, mostrando a falta do incômodo.

Os olhos de Tales voltaram-se para a mulher que o encarava de longe, em silêncio.
Lembrou-se bem da expressão de desespero presente nos olhos de Irene na noite do ataque.

— Não me olhe assim!— Irene rangeu os dentes, percebendo o rosto de Tales sorrir lentamente.

Estava cansada de se culpar por não conseguir impedir o bala de atingir o corpo de Tales.
Afinal, estaria dentro dele pelo resto de sua vida.

— Não estou olhando. Você cumpriu a promessa?— o capitão perguntou, aproximando-se da capitã, que voltou os olhos para o homem atrás de Tales.

— Não me obrigue a dizer!— Irene cerrou os dentes.

— Ela cumpriu, Kalan?— Tales perguntou, virando-se para o capitão da aeronáutica, que o encarou atônito, sem entender.

— Que promessa?— Kalan perguntou curioso.

— A promessa que ela...— Tales passou a dizer, mas sentiu um beliscão em seu braço, fazendo-o calar-se.

— Tales?!— Irene pigarreou em repreensão.

— Qual a promessa Irene?— a voz de Kalan soou alta, confusa, um tanto irritada pela suposta proximidade do capitão da marinha.

— Kalan não é...— a capitã suspirou, engolindo em seco.

— Ooooh! Ela cumpriu! Estou feliz, Irene!— Tales murmurou, tocando o ombro da capitã, que respirou fundo, ainda encarando os olhos irritados de Kalan.

— Você cumpriu a sua?— a capitã perguntou, antes de voltar os olhos para a mulher, ainda em silêncio em meio a confusão.

— Digamos que ainda não. Mas logo vou!— Tales suspirou, antes de fitar o rosto envergonhado de Safira.

— Do que estão falando?— Kalan cerrou os dentes, irritado.

Tales encarou o capitão da aeronáutica e sorriu.
Apesar dos anos, Kalan continuava o mesmo.

— A capitã Irene Guerra fez uma promessa em meu leito de morte...— o capitão da marinha pigarreou, rindo.

— É uma pena estar vivo!— Kalan alterou-se.

— Deixe de ser ciumento, seu idiota!— Tales praguejou, encarando Kalan. — O que fazem aqui? Vieram me aporrinhar?— o capitão desconversou, voltando os olhos para a capitã.

— Queremos saber se você está bem, mas vejo que está ótimo!— Irene praguejou, encarando Tales.

O capitão sorriu, passando a caminhar em direção a cama, onde jazia uma mochila.