1° Capítulo

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Fazia alguns minutos que Irene esperava na sala de espera ao lado do quarto do paciente.
Os últimos três dias haviam acabado com sua paciência e sua paz.
Estava farta de tanta dor.

Seu pai parecia não aceitar a morte prematura de seu irmão.
Sua cunhada estava em luto profundo, sobrevivendo sua dor apenas para cuidar do único filho de dez anos, que parecia inerte a situação.

Não teve tempo para sentir sua dor.
Havia finalmente encontrado o corpo de seu irmão e Kalan ainda com vida, no entanto, em sua mente ainda rodeava o que o capitão da força aérea havia lhe dito antes de apagar completamente.

Estava tão perturbada com as palavras, que havia decidido visitá-lo horas antes do enterro de seu irmão.
Sabia que o homem havia despertado, mas ainda não estava ciente da situação do soldado.

O som da porta abrindo chamou a atenção da capitã, que levantou-se, observando o homem surgir.

— Capitã?! O que faz aqui? O funeral do tenente começa em meia hora.— a voz de De Luca surgiu curiosa, fechando a porta do quarto alheio.

Os olhos curiosos de Irene observaram o homem vestido de uniforme azul, devidamente arrumado para o cortejo fúnebre.
Mal conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo.

— Eu preciso ver o capitão Kalan Bellini.— a capitã soou um tanto autoritária, observando o homem engolir em seco.

— Não acredito que seja uma boa hora. O capitão não está ciente do funeral do tenente Guerra, isso pode causar algum problema.— o tenente suspirou, desviando os olhos da mulher.

Cansada, Irene respirou fundo, piscando.
Precisava vê-lo.
Precisava entender o que havia acontecido.
Aquele homem não havia lhe dito aquilo apenas por dizer.
Kalan sabia de algo.

— Não estou aqui como membro das forças armadas, mas como alguém que perdeu o irmão. Preciso vê-lo. Preciso saber como está o homem que meu irmão salvou da morte.— Irene insistiu, não sairia dali sem trocar algumas palavras com o capitão da força aérea.

Os olhos de Cristian observaram o rosto inexpressivo da mulher.
A muralha do exército feminino parecia irreversível e tão temível quanto os boatos diziam.

Não havia a visto ceder a seus sentimentos um minuto sequer durante a missão de resgate dos pilotos de caça.

— Ok. Ele está acordado agora, mas não se demore, ou o comandante pode me punir por isso.— o tenente suspirou, colocando seu quepe em sua cabeça.

— O comandante não precisa saber!— Irene suspirou, assentindo para o homem, que sorriu minimamente antes de cumprimenta-la com a cabeça e passar a caminhar em direção ao corredor.

Não sabia se era uma boa ideia deixá-la com seu capitão, mas entendia que no momento, ambos precisavam conversar sobre o ocorrido de três dias.

Lentamente, a capitã abriu a porta do quarto, encarando as paredes completamente brancas.
A passos lentos adentrou o cômodo, observando a borda da cama.

Ouviu o corpo agitar-se.
Lentamente, levou a mão a base de seu revólver, escondido em sua cintura em suas costas.

Kalan respirou lentamente, ouvindo os passos fortes, que deduziu ser de um militar e como o som parecia diferente do anterior, teve a certeza de que não era Cristian.
Levou seus dedos a seu revólver sobre a pequena mesinha ao lado da cama, aprontando na direção do corredor que dava para a porta.

O corpo de Irene apareceu, apontando um revólver em sua direção, no mesmo momento que Kalan a tinha em mira.

— Quem é você?— Kalan perguntou como a um trovão, mantendo o dedo em seu gatilho.

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