3° Capítulo

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Sem pensar muito no que poderia acontecer, naquela mesma noite, Kalan retornou a ala forense do exército militar.

Não estava satisfeito em apenas ouvir sobre as provas e ficar em silêncio.
Precisava de uma dedução mais elaborada.
Precisava de mais.

A passos calmos adentrou o corredor vazio da ala forense do exército.
Não estava disposto a ser descoberto.
Ainda mais pela capitã, que com toda certeza contaria ao comandante sobre sua invasão não autorizada na base militar.

O silêncio pairava sobre a ala forense, fazendo com que Kalan respirasse aliviado.
Não saberia o que dizer se encontrasse algum soldado naquele hora da noite.

Abriu a porta da sala, adentrando o cômodo completamente branco.
A luz estava acessa, coisa que chamou a atenção do capitão, que tomou seu revólver em mãos, preocupado.

— Eu sabia que você voltaria aqui, só não imaginava que seria ainda hoje.— a voz feminina surgiu por detrás de uma estante.

Kalan apontou seu revólver na direção da mulher, reconhecendo por fim o corpo de Irene.
A capitã saiu por detrás da estante, observando o capitão lhe encarar, curioso.

Os olhos do homem observaram a mulher com atenção.
Ela parecia esperar por ele por muito tempo, pois ainda vestia sua farda militar.

— Então você estava me esperando?— Kalan resmungou, engatilhando seu revólver, ouvindo um riso surgir por entre os lábios de Irene.

— Pode se dizer que sim.— a mulher suspirou, passando a caminhar lentamente, aproximando-se do capitão

— O que você quer?— a voz de Kalan soou irritada com a pressunsão palpável da mulher sobre si.

A passos calmos, Irene caminhou até Kalan, parando em frente a seu revólver, agora apontado para seu peito.
Seus olhos observaram a obstinação crescente por entre as iris negras do capitão.

Aquele homem tinha um instinto poderoso e parecia estar se segurando para não fazer nada impensável.

— Eu quem deveria perguntar, capitão. O que você quer? Está na divisão militar do exército, sem uma autorização de seu comandante. O território de um soldado terrestre não combina com você.— a voz de Irene surgiu como a um sopro, agora perto o suficiente para observar o corpo masculino de perto.

Deduziu que o capitão tinha em média um metro e noventa, o que era muito para um piloto de caça.
Os ombros eram largos e os braços firmes.
Irene teve a certeza de que ele estava em seu cargo a tanto tempo quanto ela.

Um longo suspiro surgiu por entre os lábios do homem, observando o rosto da mulher, agora perto.
Notou as olheiras e a expressão dura. Irene conseguia esconder muito bem suas expressões, mas naquele momento, Kalan conseguia enxergar claramente o que a mulher sentia.

Irene queria o mesmo que ele, e era esse o motivo dela o esperar aquela noite.

— Estou aqui porque quero saber mais sobre o que aconteceu! Quero saber quem matou meu amigo e me vingar do maldito verme que ousou usar as forças armadas como desculpa!— o capitão cerrou os dentes, apertando a base de seu revólver.

Os dedos finos alcançaram as mãos do homem, apertando seu punho com certa força, forçando-o a pressionar o revólver em seu peito.

— Não sei o que passa pela sua mente, capitão, mas pode perder seu distintivo e ainda ser acusado de má conduta militar por recusar seguir a ordem de seu superior.— Irene o pressionou, observando a raiva crescer nas iris alheias.

— Que custe minha carreira! Não vou deixar que Isaac morra por nada!— o homem murmurou, observando um sorriso surgir por entre os lábios femininos.

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