7° Capítulo

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A passos apressados a tenente adentrou o banheiro, trazendo consigo as toalhas brancas que Irene havia pedido a alguns minutos.

Um grito alto foi ouvido por entre os dentes da capitã, ao passo que ela aprofundava a grande pinça na carne de seu ombro, envolvendo o pequeno projétil.

Os olhos de Maia observaram o corpo da mulher completamente suado, exposto, sem sua camisa, em frente ao espelho.
As marcas incontáveis de lutas e as pequenas cicatrizes de seus ferimentos em missão cobriam o corpo da mulher, que respirava descompassado, forçando para que aquela fosse sua última tentativa.

— Prepare a água quente, vou entrar no banho assim que terminar.— Irene cerrou os dentes, encarando sua tenente pelo espelho.

Lentamente puxou o projétil para fora, retirando-o de sua carne após cerca de meia hora tentando, fazendo com que um grito ainda maior saísse por entre os lábios de Irene.
Colocou a pinça sobre a pia extensa de mármore, passando a abrir os pacotes para iniciar sua sutura.

— Me deixe costurar? Tenho medo de que você não aguente!— Maia soou preocupada, aproximando-se de sua superior.

Um riso fraco surgiu por entre os labios da mais velha, ao observar os olhos preocupados da tenente.

— Seus pontos são horríveis, Maia. Se lembra de quando pedi para costurar a calça de meu uniforme? Você não conhece a linha reta!— Irene caçoou, tentando tranquilizar a amiga.

Na área externa do anexo, Cristian guardava a porta sozinho, impedindo que o capitão da marinha avançasse por quarto adentro.

Um grito dolorido soou um tanto mais alto que os outros, chamando atenção do tenente.
No mesmo minuto, a porta da casa foi aberta, fazendo com que o capitão ouvisse a voz dolorida.

— Ainda não terminaram?— Kalan perguntou preocupado, aproximando-se dos homens ainda parados em frente ao anexo.

— Não. Parece que o ferimento é muito profundo.— De Luca suspirou, encostando-se na parede ao lado do anexo.

— Eu preciso entrar!— Tales insistiu mais uma vez, sendo barrado por Cristian, que estendeu as mãos impedindo-o.

Kalan lançou sua jaqueta sobre o sofa irritado, assustando a mulher que permanecia em silêncio.
A pesquisadora ainda estava assustada com o que vira ao sair do carro aquela tarde.

Lembraria pelo resto da vida a imagem de Irene retirando sua roupa no meio da sala, revelando as enormes marcas em todo seu corpo.

— Está louco? Deixa elas terminarem!— Cristian insistiu, cruzando os braços.

— Você não entendeu? Se ela morrer estaremos com problemas!— Tales irritou-se com o tenente, empurrando-o contra a parede.

— Por que? Por que ela é um soldado, ou por que é filha de um comandante? Se ela aguentou a dor pra chegar até aqui, não vai morrer agora!— a voz de De Luca tornou-se mais alta, enfrentando o capitão.

Realmente achava que Tales naquele lugar seria uma perda de tempo.
Percebeu, pelo canto do olho, seu capitão se aproximar, tocando seu ombro.

— Vá descansar, eu cuido disso.— Kalan suspirou, colocando-se em frente a porta do anexo, impedindo a entrada de Tales.

A porta foi aberta, revelando a tenente, que trazia consigo a pequena bandeja com o progetil dentro.

— É um calibre 23, o mesmo que o exercido usa durante as missões de nível B.— Maia explicou, aproximando-se do capitão, que assentiu com a cabeça.

— Por favor, relatem isso ao comandante Ivan, ele já está ciente do acontecido.— Kalan pediu tocando o ombro da tenente que assentiu, engolindo em seco.

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