A passos apressados a tenente adentrou o banheiro, trazendo consigo as toalhas brancas que Irene havia pedido a alguns minutos.
Um grito alto foi ouvido por entre os dentes da capitã, ao passo que ela aprofundava a grande pinça na carne de seu ombro, envolvendo o pequeno projétil.
Os olhos de Maia observaram o corpo da mulher completamente suado, exposto, sem sua camisa, em frente ao espelho.
As marcas incontáveis de lutas e as pequenas cicatrizes de seus ferimentos em missão cobriam o corpo da mulher, que respirava descompassado, forçando para que aquela fosse sua última tentativa.— Prepare a água quente, vou entrar no banho assim que terminar.— Irene cerrou os dentes, encarando sua tenente pelo espelho.
Lentamente puxou o projétil para fora, retirando-o de sua carne após cerca de meia hora tentando, fazendo com que um grito ainda maior saísse por entre os lábios de Irene.
Colocou a pinça sobre a pia extensa de mármore, passando a abrir os pacotes para iniciar sua sutura.— Me deixe costurar? Tenho medo de que você não aguente!— Maia soou preocupada, aproximando-se de sua superior.
Um riso fraco surgiu por entre os labios da mais velha, ao observar os olhos preocupados da tenente.
— Seus pontos são horríveis, Maia. Se lembra de quando pedi para costurar a calça de meu uniforme? Você não conhece a linha reta!— Irene caçoou, tentando tranquilizar a amiga.
Na área externa do anexo, Cristian guardava a porta sozinho, impedindo que o capitão da marinha avançasse por quarto adentro.
Um grito dolorido soou um tanto mais alto que os outros, chamando atenção do tenente.
No mesmo minuto, a porta da casa foi aberta, fazendo com que o capitão ouvisse a voz dolorida.— Ainda não terminaram?— Kalan perguntou preocupado, aproximando-se dos homens ainda parados em frente ao anexo.
— Não. Parece que o ferimento é muito profundo.— De Luca suspirou, encostando-se na parede ao lado do anexo.
— Eu preciso entrar!— Tales insistiu mais uma vez, sendo barrado por Cristian, que estendeu as mãos impedindo-o.
Kalan lançou sua jaqueta sobre o sofa irritado, assustando a mulher que permanecia em silêncio.
A pesquisadora ainda estava assustada com o que vira ao sair do carro aquela tarde.Lembraria pelo resto da vida a imagem de Irene retirando sua roupa no meio da sala, revelando as enormes marcas em todo seu corpo.
— Está louco? Deixa elas terminarem!— Cristian insistiu, cruzando os braços.
— Você não entendeu? Se ela morrer estaremos com problemas!— Tales irritou-se com o tenente, empurrando-o contra a parede.
— Por que? Por que ela é um soldado, ou por que é filha de um comandante? Se ela aguentou a dor pra chegar até aqui, não vai morrer agora!— a voz de De Luca tornou-se mais alta, enfrentando o capitão.
Realmente achava que Tales naquele lugar seria uma perda de tempo.
Percebeu, pelo canto do olho, seu capitão se aproximar, tocando seu ombro.— Vá descansar, eu cuido disso.— Kalan suspirou, colocando-se em frente a porta do anexo, impedindo a entrada de Tales.
A porta foi aberta, revelando a tenente, que trazia consigo a pequena bandeja com o progetil dentro.
— É um calibre 23, o mesmo que o exercido usa durante as missões de nível B.— Maia explicou, aproximando-se do capitão, que assentiu com a cabeça.
— Por favor, relatem isso ao comandante Ivan, ele já está ciente do acontecido.— Kalan pediu tocando o ombro da tenente que assentiu, engolindo em seco.
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Guardiões do céu
AksiApós um assassinato sem explicação, Kalan se reune com um esquadrão especial para investigar um esquema de corrupção no exército. Mas não contava com a teimosia da capitã do exército que havia chegado para tirar sua paz. Ainda sofrendo a perda do ir...