❝ 𝐼𝑆 𝐼𝑇 𝐷𝐸𝑆𝑇𝐼𝑁𝑌? ❞ - 𝖢𝖺𝗋𝗅 𝖦𝗋𝗂𝗆𝖾𝗌

017 | ⊶ 𝐓𝐡𝐢𝐧𝐤 𝐁𝐞𝐲𝐨𝐧𝐝 ⊶

𝐓𝐡𝐢𝐧𝐤 𝐁𝐞𝐲𝐨𝐧𝐝 | Pensar além

❝ Não posso ficar sem fazer nada, se não vou começar a pensar novamente, às vezes eu gostaria de não conseguir pensar. Odeio pensar demais. ❞

Faz uns meses que chegamos em Alexandria, por mais que eu tenha feito amigos, por mais aqui seja seguro, por mais que tenha pessoas legais, nunca será a mesma coisa, nunca vou me sentir em casa sem as pessoas que amo.

Parece que os dias passam mais rápido que o normal, parece que tudo é irreal, parece que eu só estou em um pesadelo e logo irei acordar ao lado da minha mãe e do Carl. Queria que esse meu pensamento fosse real, porém infelizmente não é.

Estou deitada na cama do meu quarto olhando para o teto branco, escuto Charlotte me chamando através da porta mas não me mexo.

- Scarlett você tem que sair desse quarto! Faz 3 dias que você está trancada sem falar uma palavra!

Sei que ela está preocupada com meu bem estar, porém não sinto vontade de me levantar e muito menos de falar. Tentei me acostumar com o fato de não ter minha família perto de mim, mas é impossível não pensar neles a cada segundo. Eles estão grudados na minha mente igual chiclete.

- Olha eu estou deixando comida aqui na porta... Por favor fale alguma coisa... Bom eu não sei se você está me ouvindo ou se ainda está aí dentro com vida, mas saiba que eu me importo muito com você! Eu sei que você sente falta deles, mas se você ficar dentro desse cômodo trancada para sempre não vai trazê-los de volta! Não se esqueça que tem pessoas aqui fora que se importam com você! Pessoas que te amam! - Ouvir essas palavras de uma garota de 7 anos é estranho, ela mudou depois que veio para cá, não parece tão frágil quanto era.

Respiro fundo e me levanto. Assim que fico de pé me sinto levemente tonta, deve ser por estar a um tempo sem comer. Caminho até a porta destrancando.

- Nunca mais me dê um susto desses! - A menina me abraça assim que me vê. - Eu achei que... Talvez você estivesse...

- Desculpa, se te deixei preocupada. - Corto a frase da loirinha.

- Olha o Aaron pediu para eu te entregar isso. - A mesma me estende uma mochila. A garota está com lágrimas nos olhos, suponho que são de felicidade.

- Como você consegue lidar com isso?... - A menina me olha confusa. - Lidar que nunca mais verá as pessoas que você ama.

- Eu apenas tento decifrar oque eles gostariam para mim. Exemplo: minha mãe gostaria de me ver feliz e animada, meu irmão de me ver fazendo novos amigos e aprendendo coisas novas, e minha irmã de me ver seguindo em frente. Tenta lembrar apenas das boas memórias, ok? - Charlotte coloca a mão em meu ombro com certa dificuldade por ser mais baixa.

- Eu sempre tento, mas é inevitável pensar nas piores coisas. Mas você acha que eles estão vivos?... - Pego a comida e me sento na cama começando a comer.

- Eles são bons na sobrevivência, tem uma enorme possibilidade deles estarem vivos. - Ela se sente ao meu lado.

- Talvez Aaron poderia tentar achar eles! - Levanto rapidamente. - Vou falar com ele! - Desço as escadas totalmente eufórica. Abro a porta que está destrancada correndo até a casa do homem.

Paro na frente da casa do homem extremamente ofegante. Bato na porta por algum tempo, Aaron abre a porta de madeira ficando assustado pelo fato de ninguém me ver a um tempo.

- Scarlett?! Oque aconteceu? Está tudo bem? - Ele me direciona até o sofá.

- Eu... - Paro para tentar recuperar o ar que perdi. - Eu gostaria de pedir um favor para você.

- Que favor? - O mesmo pergunta se sentando na minha frente.

- Você poderia tentar achar minha família? É que você achou eu e Charlotte achei que poderia tentar achar meu grupo... - Olho para baixo assim que o homem me olha sem esperanças.

- Posso tentar. Mas não vou prometer nada.

- Sério?! - Abraço o homem que retribui. - Obrigada! Eu acredito em você! Seu que pode conseguir!

- Amanhã eu vou sair, ficarei umas 2 semanas fora. Você tem alguma foto? Ou algo do tipo? - Eu afirmo com a cabeça.

- Tenho uma no meu quarto! - Me levanto indo até a saída rapidamente. - Já volto!

Enquanto corro para casa vejo Charlotte na rua indo até a casa do Aaron.

- Eu corri atoa? - Escuto a menina dizer isso me tira um bom sorriso.

[...]

Já é o dia seguinte, estamos observando Aaron sair de Alexandria, o portão se fecha e tudo irá começar novamente.

Não sei oque posso fazer nessas 2 semanas que Aaron ficará fora, tudo aqui é entediante. Todo lugar que eu vejo me lembra de alguém que se foi. Olho para horta me lembrando de Hershel, olho para as crianças lembrando de Beth, olho para as HQs e lembro de Carl...

Hoje está tudo meio parado, não há tantas pessoas nas ruas, as únicas flores estão meio muchas, as janelas das casas estão fechadas. Está tudo estranho.

Não posso ficar sem fazer nada, se não vou começar a pensar novamente, às vezes eu gostaria de não conseguir pensar. Odeio pensar demais.