Always You - O Badboy da minha vida

Surtos

Eu coloquei um feitiço em você
Porque você é meu
É melhor você parar de fazer o que faz
Eu te digo, eu não estou mentindo
I Put a Spell on You - The Jaded Hearts Club (cover)

Elliot Evans
Salem, Massachussets

— Não mesmo. — Neguei com a cabeça. — Eu já revelei algo, agora é a sua vez. — Cruzei os braços sobre o peito, enquanto observava a ruiva na minha frente revirar os olhos.

— Okay. Meu filme favorito é Lua Nova, da saga Crepúsculo. — Um sorriso debochado tomou os lábios em forma de coração, me fazendo bufar.

— Você está me dizendo o que eu já sei. — Resmunguei.

— Não. Você sabia que eu gosto da saga, mas não sabia o meu preferido. — A maldita estava orgulhosa com a própria provocação. — Sua vez.

— Tenho um irmão mais novo.

— Qual o nome dele? — Perguntou antes de levar mais uma batata aos lábios, chamando mais uma vez minha atenção para o lugar.

— Isso é irrelevante. — Suspirei.

— Eu... tomo banho no escuro. — Revelou.

— Como é? — Ajeitei minha posição no banco acolchoado. — Por que? — Franzindo o nariz empinado para o lado Olivia fez uma careta e deu de ombros. — Você tem mesmo complexo com o seu corpo, não tem? — A garota deu um suspiro longo.

— Não é bem um complexo. Eu apenas sei que não estou exatamente dentro do padrão.

— Foda-se o padrão, Olivia. — Falei me sentindo incomodado. Porra, quem foi o filho da puta que alimentou isso nela? — Você é bonita pra cacete.

— Uhum. — Murmurou com descrença, tomando um longo gole do seu suco.

— Eu estou falando sério.

— Elliot, não quero falar sobre isso. Não vamos estragar nossa primeira conversa civilizada. — Seu tom de voz era baixo, era possível ver que o assunto a deixava desconfortável. Contive a vontade de repetir um discurso ridículo sobre amar o próprio corpo que ela deveria ver em posts fajutos de Instagram. Mas, caralho, é a mais pura verdade.

Acho que não existe uma coisa nessa mulher que não seja bonito. Desde os cabelos alaranjados, as sardas que se espalhavam pelo nariz, a boca de coração, as tatuagens que eu só vi uma vez e agora estão cobertas por grossas camadas de roupa. Olivia é linda, o tipo de mulher que deveria ser venerada.

— Fiz minha primeira tatuagem aos quatorze. — Revelei. A garota virou o rosto rapidamente, os olhos grandes arregalados demonstrando sua surpresa.

— Como alguém em sã consciência tatua um garoto de quatorze anos?

— O cara definitivamente não estava em sã consciência. — Falei rindo com a lembrança.

O resto da noite se estendeu mais rápido do que eu gostaria. Apesar de muitas vezes irritante, Olivia era uma boa ouvinte, se interessava e dissertava sobre os assuntos. Mesmo que eu notasse que evitasse contar muito sobre si, o que definitivamente me deixava intrigado.

Estava acostumado com garotas que depois de um simples "oi" passavam a ficha corrida da família inteira, o que me irritava.

Então por que estou tão incomodado por essa garota não fazer a mesma coisa?

Ela é mestre em se esquivar de perguntas, introduzindo assuntos que nada tem haver de forma tão natural que me deixava confuso.

Já era muito tarde quando dei partida na moto para deixá-la no dormitório.