Capítulo 14

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POV. S/N

O caminho até minha casa foi em um completo silêncio, Lana não falava nada, apenas dirigia. Cada uma estava focada em seus próprios pensamentos e deixei que ficássemos assim a viagem toda. Não sabia o que falar para meu pai, como explicar meu sumiço repentino. Falar que estava com um rapaz não seria tão ruim quanto falar que estava com uma mulher. Não sabia como ele reagiria, e isso me assustava.

Lana estacionou em frente ao portão de minha casa e ainda estávamos em silêncio. Soltei meu cinto e quando ameacei abrir a porta ela as travou, respirei fundo e mirei minha atenção nela que me encarava com seu olhar frio.

-S/N olha... Eu realmente quero te conhecer melhor, ficar com você… Mas eu preciso que você converse comigo sobre o que está acontecendo! Desde que você falou com seu pai você está toda estranha e…

-Lana… - a interrompi pegando em sua mão e em seguida a beijando — Me desculpa, é que eu nunca fiquei com uma mulher antes... e isso é tudo muito novo para mim! Eu não faço a menor ideia do que falar para meu pai! Eu nem sei o que sou... se sou lés...

Lana me interrompeu com um beijo, o melhor beijo. Era como se ela conseguisse me passar leveza e calmaria com aquela troca. Sorri após encerrarmos e a abracei, se pudesse, ficaria assim com ela para sempre.

-Fica calma tá! Você não precisa se rotular e nem forçar nada! Se você quiser, eu falo para seu pai que você estava comigo esse tempo todo. Não precisamos dizer que sou sua namorada, nem nada. Somos apenas boas amigas curtindo juntas. - Lana falou terminando com um lindo sorriso, era bom saber que ela não queria forçar nada, e eu concordava em sermos apenas boas amigas.

-Obrigada... Mas acho melhor eu resolver esse B.O sozinha! Ele está nervoso por eu não ter ligado e avisado, vou acalmá-lo. - Respondi com outro sorriso, me despedindo de Lana com nosso beijo gostoso e insaciável.

Entrei em casa e deixei minhas coisas no sofá, como não havia encontrado ninguém, segui para a cozinha dando de cara com meu pai sentado, apoiando seus braços na mesa e as mãos sobre a cabeça, ele parecia arrasado.

-Pai... — chamei, me aproximando devagar.

-Filha! - Ele respondeu me olhando, seus olhos estavam inchados, parecia que ele havia chorado o dia inteiro. Meu coração apertou assim que o vi, corri até ele e o abracei.

-Desculpa! Desculpa! Desculpa! - dizia o abraçando - Eu deveria ter te ligado! Eu estou aqui agora, eu estou bem pai!

-Filha! - Ele falou segurando meu rosto, fazendo com que eu lhe olhasse — Vamos até à sala, preciso conversar com você!

Levantei às pressas e fui até a sala me sentando no sofá. Meu pai veio em seguida com um papel nas mãos e me entregou, sentando ao meu lado. Sem entender muito bem o que estava acontecendo, apenas peguei o papel e comecei a ler. Assim que me situei sobre o que o documento se tratava, fiquei em choque, não consegui acreditar no que estava vendo. Era um pedido divórcio da minha mãe.

-Ela me mandou um pedido de divórcio, sem nem conversar comigo! Ela nem ao menos me falou o motivo! — Meu pai falava com lágrimas nos olhos.

-Pai! Mas... Eu não entendo! Como ela pôde? Porquê? — falava em choque, não conseguia entender o motivo daquilo tudo.

Meu pai estava arrasado, então decidi não questionar mais nada a ele. Sabia que não era culpa dele, minha mãe ultimamente estava distante, eles discutiam muito, mas nunca pensei que isso aconteceria. Pensei ser apenas uma fase ruim no casamento deles que logo passaria, mas pelo visto me enganei. Apenas abracei ele novamente e ficamos assim por um longo tempo.

-Ela voltou de viagem? - Perguntei enquanto acariciava suas costas, meu pai parecia mais calmo.

-Sim, voltou e apenas me trouxe o papel, pegou o resto das coisas dela e saiu. - Senti raiva de minha mãe. Como ela pode sair assim? Sem ao menos dar uma explicação?

-Eu to aqui pai! Ficarei com você!

***

Pov. Lana

Deixei S/N em sua casa e segui para a minha, comecei a pensar em nossa noite juntas e automaticamente um sorriso bobo brotou em meu rosto.

"Para de ser boba Lana! Vocês são apenas boas amigas" - pensava enquanto dirigia. Balancei a cabeça tentando afastar esses pensamentos de minha cabeça, e em seguida ouvi meu celular tocar, peguei ele e coloquei no viva voz.

-Alô? - perguntei pois esqueci de olhar quem era, apenas atendi.

-Oi preguiçosa! — "Charlie, ótimo!"

-Fala? - Respondi sem paciência, não queria gastar meu tempo com ele.

-Recebeu o e-mail do nosso pai?

-Não, sobre o que seria?

-Meu deus! Nem no e-mail você entra mais? Se fosse algo sobre a empresa você nem saberia.

-Charlie! - interrompi seu drama, estava muito feliz e não deixaria meu irmão certinho me irritar.

-Então... Ele convocou a família para um jantar amanhã! Quer apresentar a nova esposa dele!

"Ótimo! Outra? Já?" — pensei.

-Você vai? — perguntei sem interesse nenhum em saber.

-Óbvio que sim! Quero saber quem é a interesseira da vez!

-Só isso? — perguntei sem paciência.

-Não, gostaria de saber se você vai?

-Não sei, acredito que não! Ele já é adulto, não precisa da minha aprovação. E eu também já cansei de conhecer mulheres novas, elas não ficam com ele nem três meses.

-Imaginei que diria isso, por isso, como um bom irmão, vou repassar o aviso de Gregório. Ele exigiu sua presença lá, disse que quer conversar com você sobre o Jack! Queria entender o que está acontecendo. Sua presença será necessária.

"Como ele ficou sabendo? Até parece que você não conhece seu marido! Ops, ex!"

-Como se ele pudesse mudar algo em minha decisão! Ridículo...

-Bom, seja lá o que for, é melhor você ir!

"Droga! Preciso ir" — pensei. 

Sabia que se eu não fosse meu pai iria encher minha paciência me ligando diariamente, então era melhor ir e esclarecer as coisas de uma vez!

Professora e alunaOnde histórias criam vida. Descubra agora