Professora e aluna

Capítulo 15

POV S/N

Depois de muito tempo chorando finalmente meu pai conseguiu dormir. Eu não queria chorar na frente dele, não queria demonstrar fraqueza para ele, pois ele precisa de alguém forte para aguentar essa barra toda.

Como já estava anoitecendo resolvi fazer o nosso jantar, até porque meu pai não tinha a menor condição. Senti meu celular vibrar no bolso do jeans. Era uma ligação de Lana.

Ligação On

-Oi...-Disse assim que atendi.

-E aí, como foi com seu pai?

-Péssimo... — respondi com um nó na garganta. Estava me segurando para não chorar.

-Mas, oque aconteceu? — Lana perguntou com a voz mais doce do mundo e eu não aguentei, comecei a chorar.

Afastei o celular para que ela não ouvisse, mas foi sem sucesso.

-S/N? Está chorando? O que aconteceu? Vou aí agora!

-Não! Não precisa, Lana! — disse com a voz pesada e com leves soluços.

-Já tô saindo.

Ligação off

Lana desligou me deixando sem nenhum direito de contestá-la. Coloquei o celular na bancada da cozinha e limpei minhas lágrimas. Não queria que meu pai me pagasse daquele jeito. Desisti do jantar, pois havia perdido totalmente a fome e meu pai provavelmente não sairia da cama.

Minutos depois escutei uma buzina no portão de casa e logo saí fechando a porta. Tranquei o portão e entrei no carro de Lana, que me olhava preocupada.

-Podemos sair daqui? - Perguntei colocando o cinto.

-Claro! Onde você quer ir? - Lana perguntou já ligando o carro.

-Sua casa! - Respondi.

Lana não falou nada, apenas dirigiu até chegarmos em sua casa.

POV LANA

Vi que S/N entrou e foi direto para meu quarto. A segui sem questionar. Chegando lá ela começou a tirar a roupa.

-S/N… - Parei na porta do quarto e a chamei.

-Vem Lana! Quero você agora! - Ela respondeu andando em minha direção e me puxando para dentro do quarto.

-S/N... Calma! O que aconteceu? - Perguntei, mas ela nem respondeu. Começou a beijar meu pescoço - S/N? - sem resposta.

Vi que ela parecia aérea, então a segurei ela pelos ombros e a sacudi.

-S/N - gritei

Ela arregalou os olhos assustada. Depois seu olhar mudou para triste enchendo de lágrimas, no momento seguinte ela desabou a chorar.

Eu abracei ela e a fiz sentar sobre a cama. Sentei ao seu lado, não fiz nenhuma pergunta enquanto ela chorava, apenas acariciei suas costas e a abracei mais firme. Queria que ela se sentisse segura em meus braços. Ver ela triste assim partiu meu coração.

Assim que parou de chorar ela foi ficando cada vez mais calma. Resolvi perguntar sobre o porquê dela estar assim. Em minha cabeça passavam mil coisas, mas só ela poderia me responder.

-S/N… o que aconteceu? - Perguntei meio receosa.

-Minha mãe, ela, me abandonou... Abandonou meu pai... Sem dar a menor explicação. Apenas deixou a bosta de um pedido de divórcio e foi embora. — S/N respondeu com a voz pesada.

-S/N... sinto muito! Estou aqui para você! Para tudo que precisar, eu estarei aqui meu amor! - disse tentando confortar.

-Mas eu não consigo entender Lana! Porquê? Pelo quê? - Ela falou já chorando novamente.

Não respondi e nem perguntei nada, não sabia o que falar sobre um assunto como aquele, minha mãe havia morrido quando eu era muito jovem, depois disso a única referência materna que eu tinha era as namoradas interesseiras de meu pai, e minhas babás.

Não podia dizer nada para S/N naquele momento, por isso apenas a abracei. Fiquei a confortando até ela adormecer, então a coloquei para deitar em minha cama e me deitei junto a ela, queria que ela soubesse que estaria sempre com ela, eu sempre a protegeria.

S/N acordou chorando e acabou me despertando também. Olhei no relógio e eram 21:00h, a levei até o banheiro e a fiz lavar o rosto e respirar fundo. Ela não podia ficar assim sofrendo daquela maneira, eu faria o possível para tentar animá-la novamente.

-Ei, olha para mim! - disse para S/N, que fitava a pia do banheiro com um olhar perdido.- S/N? - falo pegando seu rosto fazendo com que ela olhasse para mim - Me escuta! Sei que sua mãe te abandonou sem dar nenhuma explicação, mas chorar não fará ela voltar meu amor. Ela fez uma escolha, eu sei que dói agora, mas isso com o tempo passa. S/N! Se sua mãe te abandonou, o azar foi dela, de deixar uma pessoa maravilhosa como você para trás. Ela fez a escolha dela, e você precisa fazer a sua. Vai ficar sofrendo ou levantar a cabeça e seguir?

-Eu vou seguir… - Ela respondeu deixando uma lágrima solitária escorrer de seu rosto - Eu preciso seguir!

-Isso mesmo! - Abracei ela - Estarei aqui sempre para você! Sempre!

Soltei S/N de meus braços e desci com ela para a cozinha. Estava com fome e aposto que ela também, apesar de negar. A fiz comer um pedaço de lasanha que estava no forno e que minha empregada havia preparado. Comemos e conversamos um pouco mais sobre o que havia acontecido quando ela estava com o pai dela.

Fiquei curiosa em saber o porquê da mãe de S/N ter pedido divorcio assim do nada. Tinha um leve pressentimento ruim, mas não falei nada disso para S/N. Não queria que ela se sentisse mais triste do que já estava, por isso mudei de assunto.

-S/N, sei que não é o momento certo agora, mas eu queria te convidar para um jantar amanhã na casa de meu pai - Ela ouvia atentamente, não havia nenhuma expressão em seu rosto, o que me deixou ainda mais nervosa - Será meio que um jantar em família e… Ah, seria legal se você me acompanhasse, sem pressão! Seria uma boa para deixar alguns problemas de lado, mas se você nã…

-Eu adoraria Lana! - S/N respondeu com um sorriso.

Estava dando pulos de alegria mentalmente, mas me contive.

-Tá! Amanhã você conhecerá minha família. - Disse sorrindo feito boba.

Terminamos de comer e S/N pediu para que eu a levasse para casa, estava preocupada com o pai que havia ficado sozinho. Apesar de querer que ela ficasse comigo, entendi seu pedido e a levei de volta para casa.

Estacionei em frente a sua casa como de costume.

-Lana, obrigada por…

-Ei - a interrompi - Não precisa me agradecer, eu me importo muito com você e quero que saiba que pode contar comigo sempre que precisar. Entendeu? - Dei um selinho rápido em S/N, que afirmava com a cabeça e um sorriso lindo.

-Eu to feliz por conhecer você! - Ela disse me beijando.

Já beijei S/N antes e sempre foi ótimo, mas esse beijo foi diferente, foi como se caísse a ficha do quanto era bom beijar ela e ter ela comigo. Parecia impossível desgrudarmos um segundo, pois sentia uma troca muito grande de energia e sentimentos entre mim e S/N. Definitivamente não éramos apenas boas amigas, pelo menos não para mim.