Capítulo 16

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Sábado, 21:40

- Galera, tô bem não — Lee declarou olhando para o céu estrelado. — ...Não sabia que o céu tinha tantas coisas incríveis, uau. Posso até ver uma nave espacial passando bem ali — ele apontou deslizando o dedo.

- Tudo bem, tudo bem. Já deu o que tinha que dar — Shikamaru falou para todos, quase se levantando.

- Não, não — Temari para todos. — Vamos conhecer os outros, fazer perguntas, se conhecer.

- O que sugere? — Tenten pergunta, olhando para ela.

- Que tal... o que gostaram da escola? Tipo, do que sentem saudades? Melhor, tira isso que falei — balançou uma mão. — Quem foram seus parceiros do colegial, e o motivo de terem terminado, se terminaram, claro. Pronto, muito melhor.

- Eu não sei se quero responder isso — Gaara comenta com as bochechas levemente vermelhas.

- Só por conta disso você vai ser o primeiro a responder. Diz aí, responde para a gente quem quebrou seu coraçãozinho.

- Eu não quebrei o coração de ninguém, nem ela quebrou o meu. Terminamos de maneira pacífica como amigos. Vimos que não era mais a mesma coisa que antes.

- Eu sei garoto, esqueceu que eu sou sua irmã? — riu. —Vamos lá, quem vai ser?... Karin.

- Mulher... você sabe que eu namoro o Suigetsu já faz séculos! Pelo amor...

- Ah é...

- Todos vocês já beberam demais por hoje. Amanhã vai ser uma bela ressaca. Melhor irem descansar — Neji alerta.

- Droga, que merda. Eu odeio ressaca.

E assim eles começaram a se ajudar, cada um seguindo o caminho para os seus quartos, tirando a maior força possível para não ficarem zonzos e caírem no chão.

Você deu seus primeiros passos, ressoando contra o piso, mas parou ao sentir algo diferente. O ruivo continua lá, sentado de qualquer maneira.

- Oi, Gaara. Vai dormir aí é? — perguntou se virando.

- Eu não tenho forças para me levantar — você suspirou.

- No mundo perfeito isso não acontece — caminhou até ele, colocando um braço dele em volta do seu pescoço, já a sua mão foi na cintura dele, o ajudando a se levantar. — Na próxima vez, evite de beber tanto senhor Sabaku.

- Obrigado pelo conselho, levarei para a vida toda esse fato óbvio.

- Poderia muito bem te largar aqui.

- Adiante soldado, para frente sem parar.

- 'Tá certo — riu —, mas se sentir vontade de vomitar fique longe de mim, por favor. Se afaste para longe. De preferência em um balde.

- Não tenho vontade de vomitar.

- Ainda.

- Como você soubesse sobre mim.

- Não sei mesmo, mas gostaria — admitiu, vendo ele levemente chocado. Sem resposta ou qualquer reação do mesmo, começou a andar, seguindo caminho para o quarto dele, sendo guiada por ele de onde é a porta.

O ajudou a se sentar no pequeno sofá que tem no cômodo. Foi de modo apressado para o seu quarto, buscando o remédio.

- Pensei que já tivesse ido se banhar — comenta surpresa.

- E era para eu fazer isso?

- Sim.

- Não sabia não.

- Você está bem bêbado, não é?

- Que nada. Eu estou completamente sã. Esse é um dos melhores momentos da minha vida, esse e minha primeira gravidez — você arregalou os olhos. — É brincadeira, eu sei que homens não podem engravidar. Tolinha.

- Bem bobo você, hein? É assim que fica bêbado?

- Acho que sim. Lide com isso.

- Vá logo tomar seu banho, vai — ele resmungou, soltando pequenos palavrões em tom baixo, mas seguiu e fez o que lhe foi pedido.

Quando voltou, já vestido com roupas que ele mesmo pegou de sua mala, se sentou de volta no sofá, se jogando lá.

- Deixe-me ver esses dentes branquinhos — segurou o queixo dele, o vendo de forma séria. — Vai, quero ver se você escovou direito — ele sorriu sem muita expressão. — Bom garoto.

É claro, você fala essas coisas pois acredita que ele não se lembrará mais daquilo no dia seguinte. É uma chance de aproveitar um pouco, talvez até conhecer um outro lado de Gaara que fique escondido. Quem sabe?

- Eu irei deixar esse remédio aqui na cômoda para você tomar amanhã, ficará melhor depois que tomá-lo — estendeu um copo de vidro com água. Os olhos dele foram em contato com os seus, depois olhou para o objeto, pegando de forma firme. Bebeu tudo sem dificuldade. Talvez seja o seu rim ou fígado implorando por água. — Ótimo, estarei indo agora. Deite e descanse um pouco.

Antes de se virar, ele a segurou no pulso, fazendo-a parar e o olhar.

- Posso conversar com você? — os olhos dele são pedintes. Ele está falando de forma séria que nem parece que está bêbado.

- Sobre... o que quer conversar?

Mesmo temendo o que viria, queria o escutar e saber o que ele tem a dizer.

Esse é o seu lado sóbrio falando ou a bebida gritando mais alto?

- Eu te mandei embora mais cedo naquele dia, sabe o porquê? — ele pergunta. Negou com a cabeça, ainda sentindo o toque em seu pulso. Ele não quer a soltar, de certa maneira nem você quer. — Eu estava me sentindo estranho [Nome], muito.

- G-gaara — notou onde aquilo estava indo. O homem à sua frente, o seu chefe, vai se abrir, mas não é de maneira consciente. Ele vai falar sem saber ao certo o que está dizendo —, acho melhor você me ouvir e descansar. Podemos conversar depois.

- Eu me odeio — ele admitiu, a fazendo ficar em choque. — Eu me odeio [Nome], não sei o que fazer com esse sentimento que corre dentro de mim. Eu continuo me odiando, mesmo fazendo tantas coisas continuo não gostando de mim, quem eu sou. Meu eu do passado, meu eu do presente, somos todos idiotas, pois eu não consigo ser normal, eu não consigo agir de outro jeito e não sei o que fazer com isso. O que fazer... comigo.

- Gaara... — não esperava por aquilo, só que sabe de alguma coisa.

Aquilo não é o lado da bebida dizendo coisas sem sentido. Aquilo é Gaara, falando algo que não esperava.

A bebida deu uma ajuda a pronunciar o que estava preso dentro de si.

𝐂𝐡𝐞𝐟𝐞 - 𝐆𝐚𝐚𝐫𝐚 𝐱 𝐥𝐞𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 Onde histórias criam vida. Descubra agora