Capítulo 22

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- Você falou de fralda mas essa criança deve ter mais de dois anos — você estendeu um dos braços em direção ao homem, que ainda está com a pequena em seu colo. Tentou fazer um rápido carinho com a cabeça.

- Ela vai fazer dois anos, se eu não me engano. É dois anos? — ele observou a garota, que continuou a chorar.

- Ei, que tal você nos contar o que está acontecendo? — fez uma voz mais calma e mansa, fazendo a criança fungar aos poucos, diminuindo o som do choro, e se acalmando.

- Ou nossa, se era tão simples por que eu não consegui? — ele pergunta, levemente irritado de não ter tido bons resultados.

- Tentou conversar com ela?

- Bem... ahn... — ele olhou para a garota, que o olhou de volta. As bochechas avermelhadas, o nariz fungando — não tem como eu mentir na frente dela. Vem cá, fome eu sei que você não tem — começou a andar até a sala —, e se fosse cocô você me pediria para ir ao banheiro.

- Você tem um jeitinho diferente de conversar com as crianças — riu, vendo o ruivo colocar a garota no sofá, enquanto ele se sentava ao lado.

- Talvez — parou de olhar para a sua secretária e olhou para a filha de seu vizinho. — O que tem Mirai?

- Meu papai e minha mamãe me abandonaram — ela murmurou. Um tanto irritada e chorosa também.

- Bem, eles vão ter seu novo irmãozinho ou irmãzinha. Sua mãe no caso — ele não se lembra ao certo o gênero do bebê que vai nascer. — Logo seu pai vai vir te buscar, e vão estar juntos novamente.

- Não — ele olhou para ti, que só sinalizou para ele continuar.

- Por que não?

- Com meu irmãozinho na casa meus pais não vão ligar para mim — cruzou os braços, olhando para baixo.

- Até chegar na idade de você ir ao jardim de infância, será os quatro juntos.

- Ahn? — olhou para o mais velho. Nem você conseguiu entender aquilo que ele falou. Se bobear, nem o mesmo sabe o que disse.

- O que ele quis dizer é que, sim, seus pais terão que dar uma certa atenção para seu... — e se lembrou do gênero —irmão. Afinal ele é mais novo e mais indefeso do que você, mas isso não significa que te deixarão de lado.

- Sim, você é apenas uma criança Mirai. Será um tempo de adaptação para todos com um novo membro na família, porém você vai ver que vai amar seu irmãozinho, assim como seus pais continuarão te amando. A atenção deles vai ser um pouco diferente do que está acostumada, só que o amor estará presente.

- Qualquer coisa eu venho para a sua casa — a mais nova riu.

- Ah. Claro, claro — e deu alguns tapinhas no topo da cabeça dela.

- Mas foi fácil para você, não é? Você não tem irmão — ele sorriu.

- Eu sou o irmão mais novo.

- Ahhh, seu irmão gostou de você?

- Meus irmãos, e sim. Como irmãos mais velhos eles cuidaram de mim desde o primeiro dia que cheguei em casa. Sou um cara mais feliz, pois tive a companhia deles junto comigo — a mais nova sorriu.

- Então eu vou cuidar muito bem do meu irmão. Irei ensinar ele a brincar de esconde-esconde, quente ou frio, vamos brincar de escolinha juntos e eu serei a professora. Além de que... que... — ela ficou tão animada de repente que nem parece que estava chorando e berrando minutos atrás — vamos fazer bolinhas de sabão. Vou ajudar minha mãe e meu pai também, o dando comidinha.

- Que bom — Gaara sorriu um pouco, mexendo no cabelo da mais nova.

- Agora eu posso brincar com seu gatinho? — fechou os punhos com empolgação, batendo eles fechados em seu colo.

- Só não carregue ele. Pode ir — a garota desceu do sofá, correndo até o arranhador de gato. É lá onde o animal está.

- Nem precisou da minha ajuda pelo visto.

- Pois é — ele se levantou do sofá, dando alguns passos para o corredor, que é ligado com a sala, vendo a garota começar a brincar com o gato.

- E ela fala bem para a idade.

- Sim, me surpreende também.

- E também... parece que eles sempre foram bons irmãos.

- Não caia nessa.

- Oi? — parou de olhar Mirai, o olhando.

- Eu menti — admitiu em um tom baixo.

- Na minha mente vocês sempre se deram bem.

- De vez em quando, mas quando éramos crianças, na verdade, quando Kankuro era criança por exemplo e minha mãe contou que estava grávida, ele perguntou se poderiam me trocar por um PlayStation — você soltou uma risada nasal. Não era algo de se esperar.

- Pelo visto ele não conseguiu o PlayStation — riu, vendo seu chefe ficar meio sério.

- Ele ganhou de natal.

Às três horas da tarde Mirai se queixou de fome, e pediu um lanche que tinha dentro de sua casa. Gaara foi segurando a mão dela, enquanto você ia na frente, só alguns passos de distância. Assim acabou abrindo a casa primeiro. Notou o quanto é espaçosa e aconchegante.

- Eles realmente compraram uma casa pensando em formar uma família, veja — apontou —, na escada tem carpete para não se machucar se cair.

- Eles se mudaram tem uns quatro anos, então eles se programaram sobre o que queriam para o futuro do relacionamento, não tem como negar.

- Okay Mirai — olharam para a garota —, o que vai querer?

- Eu quero rold gold.

- Certo, pretzels. Vamos ir na cozinha. Certamente está em um armário — os três caminharam até lá em passos tranquilos.

- Puxa... — ele murmurou, parando na entrada da cozinha, fazendo a garota parar também.

- Eles não devem deixar assim, não é Mirai? — perguntou olhando para a garota.

- Papai tinha acabado de recolher a louça e colocado na pia, até mamãe gritar e ela fazer xixi — os dois riram. Não tinha como aguentar aquela última fala.

- Ela não urinou, a bolsa dela estourou — o homem explicou.

- A bolsa?

- A bolsa onde fica seu irmão, olha. Antes de qualquer pessoa nascer, acaba ficando dentro de uma bolsa d'água, se desenvolvendo durante os meses.

- Meu papai falou isso. Por isso a barriga da minha mãe estava tão grande quanto uma melancia — ela estendeu os braços, inflando as bochechas.

- É, isso mesmo. Era seu irmão lá dentro se desenvolvendo.

- Acho que nós deveríamos dar uma ajuda — ele te olhou.

- Em qual sentido?

- Só dar uma ajeitada na casa enquanto Mirai come seu rold gold. Eu posso ir lavando os pratos, o chão está seco então imagino que tenham passado um pano. Nesse caso você pode ir secando a louça.

- Eu posso cuidar da louça se quiser. O chão pode ter sido seco mas pode ser que não passaram produtos para limpar.

- Teríamos que procurar um esfregão e outros produtos de limpeza. Mirai, sabe se os outros cômodos da casa estão arrumados?

- Ah, não sei — respondeu de maneira fofa.

- Qualquer coisa fazemos uma surpresa para seus vizinhos. Com dois filhos as coisas serão mais complicadas.

- Só espero que o garoto seja calmo. Se acordar no meio da madrugada vai ser dose — foi em direção a um dos armários, procurando o salgadinho que a garota quer. Quando viu os pretzels, entregou para a mais nova já aberto, que sorriu e se sentou em uma das cadeiras.

- Vamos lá.

𝐂𝐡𝐞𝐟𝐞 - 𝐆𝐚𝐚𝐫𝐚 𝐱 𝐥𝐞𝐢𝐭𝐨𝐫𝐚 Onde histórias criam vida. Descubra agora