Conrad VI

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Finalmente chegara o momento da decisão. Catherine Silver estava ali, em sua frente. Estava de pé, olhando nos seus olhos. A mulher que um dia fora sua irmã, a mulher que ele um dia amou, a que admirou. A mulher da qual compartilhou sua infância e até brincaram juntos, a que sempre o protegeu e confrontou seu pai quando ele dizia que Conrad era uma vergonha sem serventia. A que segurou Conrad quando ainda era bebê, a mulher que lhe ensinou quase tudo o que sabia. Conrad só desejava uma coisa nesse momento: Acabar com a vida dela.

– A irmã devia ter me matado quando teve sua chance. – Conrad disse em um tom sombrio. – Ouvi dizer de muitas pessoas, que segundas chances nem sempre existem. – não entendia porque estava tão confiante, nunca vencera Cat uma vez na vida que fosse, mas o ódio, o rancor, todos esses sentimentos faziam-no pensar com o coração, não com a mente.

– A moça não deve interferir. – disse sua irmã para Perséfone. – Isto é uma coisa de família, haja o que houver não deve fazer nada. – a outra mulher assentiu em tom melancólico, e se retirou do caminho, sentando-se ao lado de Iseu, que estava preso.

Conrad entendeu que Catherine deveria estar muito mais confiante do que ele, nem mesmo queria a ajuda de sua amiga mandamento. Motivos ela tinha, em força, velocidade, sagacidade, em todas essas características superava Conrad; principalmente quando se utilizava da aura negra. Entretanto, todo esse tempo que passou com Iseu, Conrad estudou-a, aperfeiçoou suas habilidades, e treinou dia após dia na Floresta das Assombrações, preparando-se unicamente para este momento. Organizando-se para o dia em que enfrentaria Catherine Silver com tudo o que tinha.

– Quando levou Iseu, não sabe como me senti, achei que o tivesse matado. – Conrad falou sem nunca tirar os olhos de sua irmã. – Ainda ontem, tive um sonho.

– O garoto teve um sonho... De que se tratava? – Cat quis saber, interessada.

– Sonhei com você. Nesta mesma sala de masmorra. – Conrad esfregou a luva de garras metálicas. – Eu estava de pé, com as mãos manchadas de sangue; e a irmã, morta, com o corpo sem vida estirado aos meus pés.

Mesmo atento a qualquer movimento que fosse, Conrad só acompanhou um passo silencioso que Catherine dera. Em um momento estava em sua frente, bem distante, mas agora, Conrad arregalou os olhos. Sua irmã estava de seu lado, com a mão esquerda bagunçando os seus cabelos brancos.

– Faça acontecer. – disse sombriamente.

De modo veloz, Conrad tentou desferir um golpe com suas garras metálicas em Catherine, mas a luva chocou-se contra o osso que saía do braço de sua irmã no mesmo instante. Ambos empregaram força enquanto colidiam-se, e Conrad pôde encarar Cat por dois segundos.

Fora impressão sua, ou os olhos de sua irmã estavam marejados?

As tranças dos cabelos prateados de Catherine balançaram quando ela rodopiou tentando atingir Conrad com o osso do outro braço, o golpe teria dilacerado sua garganta, se o jovem não tivesse desviado afastando-se para trás velozmente. Sim, a certeza fez-se entendível aos olhos de Conrad enquanto ouvia aqueles pingos de chuva batendo no telhado e olhava diretamente para sua irmã, de impressão impassível: Catherine também estava lutando com o objetivo de matar.

Era hora de avançar. Conrad abriu os braços ostentando suas luvas e curvou-se, preparando-se para dar saltos velozes. Em um piscar de olhos, saltou velozmente para a esquerda, tão ágil quanto um lampejo branco, sua irmã acompanhou-o com os olhos, sem se mover. Conrad saltou para o mesmo lado mais rápido ainda, e depois novamente. Estava rodeando Catherine, esperando o momento certo para atacar. Sua irmã observava cada passo e movimento minuciosamente, pronta para qualquer coisa. Como Conrad esperava, encontrou uma brecha.

A Santa Inquisição | As Crônicas de LÚCIFEROnde histórias criam vida. Descubra agora