Francine IV

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Do pico de uma montanha, Francine observava ao longe o Casebre de Duas Faces em Arkhángelos. Estava debaixo de uma árvore de folhas verdes, encostada ao seu tronco. O grimório de São Cipriano encontrava-se aberto, e ela esperava a noite chegar, enquanto repassava as principais magias que planejava utilizar para assassinar Egleisson, o segundo em sua lista de vingança.

Já fazia alguns dias que a feiticeira retirara Jacob de sua lista, e nesse meio tempo Francine refletiu muito acerca do que o homem havia dito. Ainda não tinha chegado a nenhuma conclusão a respeito daquilo, não sabia se deveria ou não ajudar quando o Apocalipse chegasse, nem ao menos considerava se o que o homem dissera era real, duvidava daquela profecia.

Bom, ao menos de uma coisa Francine sabia, ao menos de uma coisa ela tinha certeza; deveria aniquilar Egleisson e Mahalda, os dois mandamentos restantes que eliminaria para que sua justiça fosse feita. Enquanto não se vingasse, Francine não descansaria.

Passou o dedo na língua e avançou a página do grimório, estava estudando os novos feitiços que aprendera, uns feitiços obscuros e sombrios. Obscurum Divide, interessante, era um feitiço que matava na hora o indivíduo que atingisse, entretanto, muita energia seria gasta para conjurá-lo. Apesar disso, Fran não estava receosa em utilizá-lo, sua energia aumentara bastante nesses últimos tempos em que passara com o grimório, era como se sua força vital aumentasse cada vez mais. Dark Chains, um feitiço de amarração por correntes negras, a ruiva achava que seria bastante útil. Continuou a ler o livro e treinar a pronúncia de mais feitiços, empenhou-se tanto nisso quem nem reparou que a noite já caíra.

Agora faltava pouco, estava quase na hora. Francine passara dois dias e duas noites observando a movimentação no palácio ao longe, e entendera sua rotina. Os paladinos trocavam de turno de seis em seis horas, e às dez era o horário de Egleisson dormir, depois desse período Fran nunca o vira caminhando em volta do Casebre, só antes. Decidiu que queria pegá-lo dormindo, seria mais fácil. Se teletransportaria para seus aposentos quando chegassem dez horas, e utilizaria o Obscurum Divide para tirar sua vida imediatamente, depois disso, conjuraria novamente o Alteríon Loak para retornar a montanha. Não demoraria nem dez segundos, em teoria parecia muito simples.

Ouviu um sino tocar, e reparou ao longe que os paladinos estavam trocando de turno. O vento soprava frio, e as corujas piavam próximas a Francine. Finalmente dera o horário. Respirou fundo e se preparou, pediu ao São Cipriano que fizesse com que tudo ocorresse bem. Jacob fora simples, mas este, não seria tão fácil assim. Levantou-se, e se concentrou, em um piscar de olhos o livro emitiu uma aura negra que espalhou-se para Francine. Em sua mente imaginou Egleisson, todos os seus detalhes; desse modo, guiaria a magia de teletransporte até o destino correto. Em uma voz fria, mas vinda direto de seu coração, a bruxa exclamou: – Alteríon Loak! – a energia escura a preencheu, e ela sentiu seu corpo deslocar-se a uma velocidade imensa, quando a aura desapareceu em sua frente, vislumbrou Egleisson. Os cabelos alaranjados balançaram com a magia, não havia erro, era ele.

Não estava dormindo como a feiticeira imaginara, estava na cama, mas estava desperto. Quando Francine surgiu em sua frente, o rapaz a encarou fascinado e assustado. Estava apenas ele no cômodo, mais parecia um calabouço do que um quarto. O Mandamento da Singularidade deixou duas palavras formarem-se em seus lábios:

– Você é... – a conjuração do feitiço de Francine interrompeu-o.

– Obscurum Divide! – exclamou apontando para ele, e uma grande mão negra saiu do livro de feitiços e quase cravou suas garras no rapaz, que desviou no último instante saltando para o lado e caindo sentado no chão. O feitiço arranhou os lençóis de sua cama, e se desfez como poeira negra.

A Santa Inquisição | As Crônicas de LÚCIFEROnde histórias criam vida. Descubra agora