· Three.

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A Árvore Caída

Já era de manhã após café, fomos todos para a floresta, cada um com sua mochila, vovô deu um mapa da propriedade para Pedro, ele disse que quando foi escoteiro aprendeu uma coisa para caso nos perdemos, tinhamos todos um lenço vermelho amarrados ou no pulso ou na cintura, assim era mais fácil de identificar diante o verde, e nós abraçarmos a uma árvore.
Foi a instrução dele, nas mochilas tinham de tudo, na de Susana tinha um kit de primeiros socorros, lanternas e roupas limpas, na de Lúcia comida, na de Edmundo coberdores e uma barraca de montar, na minha água, agasalhos e eu coloquei secretamente um Walkie Talkie que meu avô tinha igual para podermos nós falar, na de Pedro, o mapa, uma bússola, fitas vermelhas — para marcar as arvores a cada dez passos — mais água, protetor solar e repelente.
Provavelmente mais preparados que nós não há, começamos a caminhar, Lúcia estava a minha frente com Susana mais a frente do grupo estava Pedro com a bússola, atrás de mim estava Edmundo, que só reclamava.
Reclamava do tempo, dos mosquitos, da lama, do musgo, de como andavamos devagar, que estava com fome ou sede, que estava cansado de andar; tudo isso em murmurio, ou seja, apenas eu e ele ouviamos, isso estava me irritando.

– Edmundo! — sussurei. – pode por favor parar de reclamar!

Ele mostrou a língua.

– Não mimadinha. — resmungou.

– O único mimado aqui é você, pelo menos eu não reclamo de tudo até do vento. — digo e mostro a língua também.

Pedro parou, assim todos paramos e esbarramos uns nos outros.

– Pedro? — disse Lúcia.

– Não estamos perdidos estamos? — disse Susana.

– Se estivermos sem problemas, tenho um Walkie Talkie com meu avô. — disse tirando da mochila.

– Não, não é isso, é aquilo. — pontou para um rio mais abaixo de onde estávamos.

O rio era rápido, só agora me dei conta de que o barulho de água estava mais alto, haviam rochas pontiagudas.

– O que fazemos? — pergunto.

– Voltamos! — disse Edmundo.

– Deixe de ser ranzinza. — eu falei.

– Estou sendo realista, como vamos passar? fácil, não vamos, voltamos.

– Cala boca Edmundo. — disse Susana revirando os olhos.

– Não manda em mim. — ele a provocou

– Você quem pensa. — ela respondeu irritada.

– Deixem Pedro pensar! — pediu Lúcia.

Ele ficou calado, mesmo quando foi citado, parecia, ele nervoso e pensativo, pensou, pensou, por uns quatro minutos, fui me sentar numa pedra enquanto isso, todos fizemos isso, mas Pedro ficou olhando a situação no mesmo lugar, fiquei olhando para cima, o céu estava azul, os passarinhos estavam cantando e borboletas estavam por toda parte.
Lúcia estava do meu lado, me cutucou com o dedo da outra mão estendido, tinha uma joaninha nele.

– Ela é linda Lu! — disse.

Alguém a soprou, Edmundo. Olhamos para ele com um olhar mortal, estava começando a odia-lo de verdade, provavelmente estava realmente arrependida de tê-lo feito se safar, até poderia usar isso contra ele, mas séria golpe baixo.

– Edmundo, você está a cada dia mais chato, especialmente conosco. — disse Lúcia com a voz raivosa.

– E? — falou se afastando.

– E, que se você não nos deixar em paz eu jogo esta pedra em você. — falo pegando a maior pedra que consegui.

– Agressiva! — falou e se afastou.

– Sou mesmo, só sabe nós perturbar. — resmungo.

– Ele é a peste. — falou Susana do outro lado.

Eu e Lúcia rimos.
Pedro se levantou em um pulo deu passos pesados até onde estávamos.

– Tive uma ideia! — anúnciou animado.

– Sério? Tem essa capacidade? — resmungou Edmundo.

– Olhe você não me tente! — Pedro ameaçou ferozmente. – vamos seguir a rota do rio, se cairmos numa cachoeira, nós voltamos para o outro lado, deve ter alguma coisa onde possamos passar ou o rio fica mais raso. — explicou.

– Ótimo. — disse Susana. – vamos Edmundo. — falou e puxou o irmão emburrado.

Eu e Lúcia ficamos andando de braços dados enquanto seguimos o grupo, era tudo tão bonito, depois de andar bastante vimos uma árvore que caiu a um bom tempo, era grande, grossa e suas folhas já tinham sumido a um tempo, sobrando apenas o tronco.
Fomos até perto do tronco, Pedro foi o primeiro a subir, virou-se para nós.

– Eu vou primeiro, Susana vem com a Lu e Meri com Ed, assim a árvore não fica com tanto peso.

– porque eu vou com ela? — Edmundo fala apontando para mim com um olhar desgostoso.

– Porque Lu é muito pequena para ir sozinha. — Susana retrucou.

– Exato. — disse Pedro.

– Então porque eu quem vou com Susana e ela vai com Lúcia. — indagou.

– Por que sim. — disse Pedro irritado.

– E eu tenho nome tá? e é Meri. — digo ríspida.

– blá blá blá, fique quieta. — diz revirando os olhos.

– Ow! fique você quieto. — rebati.

– Fiquem quietos vocês dois. — disse Susana.

Pedro andava cuidadosamente, parecia achar que em qualquer momento a madeira fosse ceder e ele cair, Lúcia pegou a mão da irmã e subiu na árvore assim que Pedro deu o sinal.

– Não espere que eu segure sua mão. — Edmundo implicou.

– Eu não estava contando com isso. — respondi seca. – e nem me interessa essa possibilidade.

Susana e Lúcia chegaram ao outro lado eu e Edmundo subimos no tronco, era escorregadio, tentei manter-me firme o suficiente para andar, devagar, escorreguei mas me recompus, ouvi um baque atrás de mim e os Pevensie gritaram "Edmundo!!" me virei para trás, Edmundo estava pendurado num galho quase caindo.
Fui tentar ajudá-lo o mais rápido que pude, ouvi Lúcia gritar "Meri! Não!" mas a ignorei, estendi meu braço direito para que ele segurasse, o esquerdo estava segurando meu corpo em um outro galho.

– Vamos Edmundo segure minha mão! — faleu me esticando. – quase... quase lá...

– Pensei que não quisesse fazer isso. — ele gritou nervoso.

Ele conseguiu segurar em mim com uma não, o puxei com toda força, quando ele conseguiu se levantar mais Pedro e Susana foram até nós para nós levarem até o outro lado.
Edmundo estava todo ralado, seus olhos estavam marejados, olhei de relance para Lúcia que estava aos prantos, fui até ela e a abracei com força.

– Seu irmão está bem, olhe — apontei para ela. – só levemente machucado, mas está bem... — sussurei.

Ela retribuiu o abraço e murmurou um " obrigada, por salva-lo ", Susana tentava limpar os ralados de Edmundo, que se contorcia a cada vez que ela passava o algodão molhado nos lugares feridos, Pedro parecia desnorteado com o acontecido.

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· Notas da autora ·

Me sentindo caridosa, vou postar esse antes do dia...

The Golden Age [01]Onde histórias criam vida. Descubra agora