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Era manhã de quinta-feira, o dia estava ensolarado, os pássaros cantavam felizes pelo jardim, da minha enorme janela do quarto sinto a brisa da manhã bater sobre meu rosto, arfo com satisfação.

— Sofie se apresse, desça para tomar seu dejejum, teremos uma visita especial - minha mãe diz apressada, me viro para observá-la, não sei ao certo mas de uns dias para cá minha mãe anda ansiosa e até mesmo animada, quase não a vejo reclamar o que faz de costume.

— Especial? - pergunto

— Sim, Raimund Coker vira conversar com seu pai e ele espera que estejamos bem vestidas.

— Hum... o produtor de café ?

— Isso mesmo, não é demais, o maior produtor de café - vejo o brilho nos seus olhos.

Charlote suspira sentada sobre a penteadeira.

— O que foi minha irmã ? - pergunto

— Não está vendo a empolgação de nossa mãe, de certo não é apenas uma visita - ela diz sem rodeios.

Minha mãe parece ficar desconfortável por ser quase descoberta.

— Chega, vamos não demorem - diz e se vai.

Até meu pai estava aparentemente mais animado nesta manhã diferente dos outros dias, onde só tem tempo de resolver problemas da vinícola.

— O que acha que está havendo Charlote ? - Pergunto a minha irmã mas nova.

Charlote tem alguns anos a menos que eu mas eu compensação ela é bem observadora consegue pegar as coisas quase que no ar.
Sentadas na sala de estar ela se inclina para me dizer algo em confidencial mas é surpreendida com o mordomo anunciando a chegada de Raimund Coker.

Minha mãe vem até nós apressada e pega também um livro na estante, nos três lendo sobre o sofá, enquanto o homem é guiado para o escritório de meu pai. Ainda lendo consigo sentir que o homem passa por nós e me observa.

Não sei ao certo quanto tempo ele ficou no escritório, meu pai sai animado e o acompanha até a porta da saída da casa, eles parecem satisfeitos.

Assim que o homem se vai minha mãe se levanta e corre em direção ao meu pai.

— Como foi me diga ? - eu e Charlote apenas observamos a movimentação

— Melhor impossível - meu pai diz, minha mãe da leves palmadas radiando de alegria, eu sorrio.

Ele me olha e solta um largo sorriso, minha mãe chama Charlote para o andar de cima, eu estou confusa o que está acontecendo.

Meu pai senta ao meu lado no sofá, fecho o livro o pouso sobre a mesinha lateral, eu o observo com atenção.

— Raimund Coker é o maior produtor de café, o café tem quase o mesmo valor que o ouro, tem ideia da grandiosidade - ele diz deslumbrado

Eu não sei onde quer chegar mas continuo observá-lo calada.

— Tantas famílias e moças queriam agora estar no seu lugar, mas eu fui privilegiado - diz com satisfação

— como assim meu pai ? - pergunto

— Ele quer se casar e de todas as moças você minha filha foi a escolhida, ele irá desposa-lá muito em breve.

Eu me levanto em um pulo.

— Eu não posso me casar com aquele homem eu... eu... não o conheço direito meu pai - digo

E de fato vi ele uma ou duas vezes em alguns bailes, nunca passou pela minha cabeça que ele sentia algum tipo de interesse a minha pessoa.

Meu pai se levanta indignado com que acabou de ouvir.

— Não seja tola, qualquer moça teria satisfação em se casar com um homem daquele.

— Eu não posso - digo fraca.

Meu pai segura firme meu braço eu o encaro seus olhos estão furiosos.

— Não me questione está decidido, agradeça pela sorte que tem e não seja desobediente e controle sua teimosia nenhum homem quer uma esposa assim.

Ele me solta, sinto meu braço doer com seu aperto e aliso na tentativa de aliviar a dor.

— Vá para seu quarto ! - esbraveja

Subo correndo e sinto as lágrimas brotarem no meu rosto, minha mãe e Charlote me aguardavam no quarto eu me deito e enterro o rosto sobre o travesseiro macio.

— Eu espero que esse choro seja de alegria - minha mãe diz e se senta ao meu lado na cama.

— Eu não posso - digo com a voz abafada

Minha irmã agora senta do outro lado e alisa meus cabelos.

— Diga que está brincando, não posso ouvir algo assim - minha mãe diz

Eu a encaro com o rosto vermelho e as lágrimas brotando de meus olhos.

— Quero me casar por amor, eu não o amo eu nem o conheço - confesso

Minha mãe se levanta

— Tolice, irá conhecê-lo com o tempo, Raimund Coker lhe dará conforto até melhor que seu pai, não seja mal agradecida.

Volto a enterrar o rosto no travesseiro e chorar sem parar. Minha mãe se vai deixando eu e minha irmã a sós.

— Sofie eu te entendo, casar-se com alguém que se ama é uma dádiva que poucas tem sorte, mas tente ver pelo lado bom além de ser muito rico ele parece ser um bom homem.

— Minha irmã, não temos poder pelas nossas próprias vidas - digo e me sento enjugando as lágrimas com a palma das mãos.

— de fato - ela confessa desapontada

— Eu não irei me casar sem amor, não irei ! - digo firme
Charlote arregala os olhos espantada.

— O que vai fazer ?

— Ainda não sei mas vou pensar em algo e rápido - digo

— Cuidado Sofie, nossa pai não a perdoaria.

RaposaOnde histórias criam vida. Descubra agora