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Todos os homens se reunem no navio, eu me disperso entre eles.

— Sejam bem vindos ao maresia - uma voz alta e grossa predomina, todos olham para cima, para a cabine do capitão.

É ele Héctor Tuner, que foi ainda mais cedo negociar com o meu pai.

— A maioria aqui já sabe as regras do meu navio mas vou repetir para os novatos, certo ?

— Sim capitão - os homens repetem em prontidão.

— Vou ser breve, não tolero brigas, confusões, bebedeira e por último nada de trazer mulheres para minha embarcação, fui claro.

— Sim capitão.

— aos seus postos vamos dar partida !

Os homens saem apressados para suas tarefas, fico um tanto perdida, não sei ao certo em que direção ir. Héctor parece me observar lá de cima.

— Qual sua função rapaz ? - ele grita lá de cima

— Bem, limpeza capitão - digo com a voz mais grossa que consigo.

— Desça para a cozinha comece de lá - ordena, aceno com a cabeça e corro para o navio a dentro.

Na cozinha tem dois senhores preparando parece ser ensopado, eu começo a limpar o chão, não deve ser tão difícil, tento lembrar como as mulheres lá em casa fazem a limpeza.

— Coloque mais força rapaz, esse chão engordurado não se limpa fácil - um dos homens que cozinha diz.

— Certo - digo e coloco toda a força que tenho no esfregão.

Demorou mas consigo finalizar a limpeza do chão da cozinha, percebo uma movimentação grande.

— vamos, pegue isto está na hora do jantar - o mesmo homem me estende uma tigela cheia de ensopado.

Vários homens entram na cozinha e se sentam na enorme mesa de madeira para o jantar.

— vai comer em pé ? - um dos homens sentado devorando o ensopado pergunta.

— Há não, claro que não - digo e sento ao seu lado que está vago.

— Prazer sou Tony - o homem me estende a mão

— Prazer, sou Sam - digo e retribuo o gesto

— primeira vez em um navio Sam ?

— sim... - encaro o ensopado e dou a chance de experimentar, fico surpresa isso está muito bom.

— E você? - pergunto tentando limpar a boca com as costas das mãos.

— sou quase que tripulante fixo desta embarcação

— poxa que legal - digo

— É difícil encontrar embarcações como a de Héctor, bem planejada e sem baderneiros.

— imagino... - consigo dizer

— Quantos anos tem rapaz ? - penso um pouco e respondo

— vinte e três - digo minha real idade.

— É muito jovem ainda, depois desta experiência tenho certeza que sempre irá embarcar no maresia.

— há, sim - digo e volto a comer a sopa. Assim que esse navio atracar vou sair mundo a fora não pretendo voltar mais de onde vim, penso comigo.

Mais tarde  grande parte se reúne para dormir, tem várias redes estendidas, escolho uma e me deito.

Ouço as ondas do mar bater sobre a estrutura e o balançar do navio, alguns homens roncam.
Aos poucos adormeço.

No dia seguinte ouço uma gritaria.

— Vamos cambada, levantem-se - Jason quem grita.
Alguns homens murmuram e se levantam eu certifico que o cabelo está bem preso e escondido dentro do chapéu e também me levanto.

Depois de nos servir com café e pão começamos os trabalhos.

Limpo o alojamento, o lugar fede, meias e calções jogados pelos cantos, esses homens são uns porcos.

E que embarcação quente, estou derretendo de baixo desta roupa.

Esfrego o chão do cais, sinto o suor escorrer pela minha testa, olho para frente e parece não ter fim.
" onde fui me enfiar " penso comigo mesma.

Ouço um latido estrondoso me encolho de susto e olho para trás, um cão na embarcação, de onde ele veio não lembro de tê-lo visto antes.

— Shiii... acalme-se garotão - tento dizer receosa e me levanto devagar.

O cão parece ler minha alma, a forma como me olha no fundo dos meus olhos me espanta, é como se soube-se o que estou aprontando.

— Isso muito bem, sou amigo - digo de forma amável e apalpo sua cabeça, seu rabo balança sem parar o labrador gosta do meu toque.

Ele lati agora de forma amigável parece querer se apresentar, sorrio e massageio seus pescoço e cabeça com as duas mãos.

— Qual seu nome garotão - pergunto baixinho

— Dexter, o nome dele é Dexter - ouço a voz de Héctor e pulo de susto me fazendo ficar ereta, pigarro um pouco e consigo dizer :

— Sim capitão, bonito nome.

— Pelo visto ele gostou de você, são poucos que ele gosta. - ele diz e acaricia a cabeça do animal.

— há obrigada, digo obrigado - que droga estou me atrapalhando toda.

— Qual seu nome rapaz ?

— Sam, capitão.

— Bem vindo Sam ao maresia - Héctor diz e se vai acompanhado de seu cão, solto toda a minha respiração que parece que estava presa.

No final da tarde sinto meu corpo pinicar, preciso urgente de um banho, estou fedendo e me sinto suja, mas como vou tomar banho neste lugar cheio de homens.

— Ei Tony, sabe quantos dias para o nosso destino? - digo ainda me coçando agoniada.

— uns três dias Sam.

— tudo isso ! - Tony sorri deitado em sua rede.

— Está se coçando muito Sam, vá tomar um banho a casa de banho está desocupada - diz

Respiro fundo e vou até lá. Sem condições o lugar está úmido, revirado e quantos homens acabaram de entrar naquela banheira, só de imaginar sinto meu corpo se coçar ainda mais.

Volto para minha rede, alguns homens roncam.

Como eu queria minha cama agora neste momento. Charlote tinha razão eu estava louca de me enfiar em um navio cheio de homens.

Mas eu não podia ficar e ser entregue aquele homem, quero me casar um dia por amor. Meu pai nunca entenderia muito menos minha mãe.
A essa altura meus pais estão loucos atrás de mim.

Trouxe algumas economias e assim que atracarmos vou em busca de emprego e viver a minha vida, minha liberdade ser dona da minha própria vida.

RaposaOnde histórias criam vida. Descubra agora