14

852 68 0
                                    

Sentada do lado de fora lendo, Héctor senta ao meu lado.

— Eu me preocupo com você, aqueles homens podem querer se aproveitar - diz baixo

Fecho o livro e o encaro, nossos olhares se cruzam.

— Eu sei da minha condição Héctor - respiro pesadamente — Quem iria se casar com uma mulher como eu.

Abaixo a cabeça envergonhada, aquele era meu destino eu escolhi por ele.

Héctor segura meu queixo e me faz levantar a cabeça para olhá-lo novamente. Seus olhos negros brilham, tão raro ver este brilho mas quando o faz acho lindo.

— Não se torture, não estou dizendo que não irá conhecer alguém especial só que tenha cuidado para não se aproveitarem de você.

Eu sorrio fraco.

— Eu conheci alguém em especial - ele solta meu rosto — mas não posso força-lo a me amar - digo, eu não sei onde tive coragem de dizer estas coisas, mas Héctor estava se tornando cada vez mais especial para mim, sair daquela casa seria um ótimo plano de fuga para meus sentimentos.

Ele arqueia uma de suas sobrancelhas, parece surpreso, sei que sabe que estou falando sobre nós.

— Amá-la é algo fácil, mas não para um homem que está preso ao passado - ele respira fundo — Não quero machucá-la.

Eu abaixo a cabeça desapontada.

— Entendo - digo baixo

Ele segura minha mão eu observo seu gesto, ele a leva para seus lábios, sinto meu corpo se arrepiar com o seu toque, este homem mexe com todos os meus sentidos, ele a beija, arfo baixinho.

— Senhorita - diz sua voz sai rouca, sorrio ladino.

— Obrigada por tudo Héctor - por fim digo, ele acena com a cabeça e se levanta.

Algumas semanas depois ...

Minha casa está pronta, ficou tudo muito lindo, do jeitinho que sonhei. Alicinha passa a maior parte do tempo comigo me fazendo companhia seus avós sempre a buscam no final do dia para ir para casa.

Da janela da cozinha enquanto preparo a comida consigo ver o oceano no horizonte, uma hora dessas Héctor deve está navegando através dele, me pego pensando nele.

Ouço baterem na porta, Alicinha deve ter esquecido algo e voltou com seus avós para buscar.

Abro a porta em prontidão e não é Alicinha é seu pai Héctor. Parece ter chego a este instante de viajem, carrega uma bolsa no ombro, fico surpresa.

— Héctor, oi, entre - peço

Ele sorri e entra parece observar tudo ao seu redor, ele ainda não tinha visto minha casa pronta.

— Ficou ótimo este lugar - diz parece admirado

— Sim ficou muito bom - digo contente — Sente- se vou lhe servir um café - digo ele me acompanha até a cozinha e senta.

— Eu estava indo para casa e não pude deixar de perceber de como ficou tudo muito bom - diz

Eu o sirvo o café sorrindo.

— Sim, que bom que gostou - eu olho ao redor — onde está Dexter ? - pergunto.

— Lá fora - diz

— Tadinho Héctor, vou colocá-lo para dentro - digo

— Eu não sabia ao certo se era uma boa ideia ele entrar - confessa enquanto beberica o café quente.

— Dexter é bem vindo - abro a porta da cozinha e assovio Dexter entra correndo, acaricio sua cabeça.

Me sento o fazendo companhia enquanto bebi o café.

— Quero te pedir algo - Héctor diz escuto atenta — compre tudo que precisar, mantimentos tudo no centro, e deixe que eu me responsabilizo com o restante.

— não posso fazer isso - digo

— Sofie por favor eu estou lhe pedindo.

— Não posso lhe dar este gasto, eu ainda tenho um pouco do dinheiro eu posso... - ele me interrompe.

— guarde seu dinheiro, eu prometi que seria responsável por você e não me incomodo nenhum um pouco de fazer tal coisa - diz sério

Fico sem argumento e concordo com seu pedido.

A conversa foi breve e ele retorna para sua casa.

***

— Espero que goste - Fish diz enquanto me mostra um dos novos tecidos.

— Belíssimo - digo animada

— Não tanto quanto a Senhorita - diz me fazendo corar

— Está sendo gentil - disfarço

— Posso lhe fazer uma pergunta sem parecer inconveniente - ele pede

— Sim...

— A senhorita e o capitão, estão de compromisso - pergunta

— Somos bons amigos - afirmo ele sorri

— tenho um grande afeto pela senhorita, meus dias são mais alegres quando se faz presente na minha loja - diz, fico surpresa com a declaração

— O senhor possui família ? - pergunto, Héctor me fez refletir depois daquele dia.

— Há não, sou viúvo, que o senhor a tenha - diz pesadamente.

— Lamento - digo — O senhor é sempre gentil comigo mas não posso correspondê-lo, gosto muito da sua pessoa mas não desta forma - falo sincera

— Eu a conquistarei aos poucos, não tenho pressa senhorita, se assim me permitir.

Sorrio ladino.

Ele me acompanha até a calçada diz coisas engraçadas que sempre me fazem rir, devo admitir seu humor é extraordinário.

— Até breve - diz e beija a costa de uma das minhas mãos.

— Até - digo e atravesso a rua.

Andando entre as pessoas ouço me chamarem, olho para trás Héctor vem de encontro apressado.

— Héctor - digo surpresa.

Ele segura meu braço e me guia para uma rua mais calma, parece nervoso.

— Eu vi a forma como aquele homem a tratou e o jeito que te olha - diz de uma vez.

— Fish é gentil e bem humorado - digo

Ele sorri em forma de deboche.

— Gentil, ele irá usá-la e depois deixá-la - diz alto, sinto meu rosto queimar de raiva.

— Ele é viúvo e parece ter boas intenções, não vejo problema algum e pare de falar essas coisas me sinto uma completa idiota - falo também alto.

— não vê problema nenhum, e quanto o amor que você diz que procura - diz

— Amizade pode se transformar em amor, não acha - digo firme, ele passa uma de suas mãos no cabelo.

— Eu não quero que volte a vê-lo entendeu - pede

— O que pensa que sou Héctor, sua propriedade? Eu agradeço por sua ajuda mas não pode controlar meus passos - digo zangada

Volto a caminhar ele segura um de meus braços.

— Eu não terminei ainda - diz zangado eu o encaro.

— Eu sim - digo firme tirando meu braço de sua mão.

RaposaOnde histórias criam vida. Descubra agora