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Eu sou a mulher mais feliz, ganhei uma família e um marido incrível e de brinde uma filha amável, eu estava feliz e satisfeita com a minha vida, tudo que eu sempre almejei consegui, não podia reclamar de nada.

Héctor está a duas semanas sem viajar, seu navio está passando por alguns reparos e ele só retornará quando estiver tudo pronto, depois do susto que tivemos estamos aproveitando o máximo sua presença. No fundo do meu peito eu não queria que voltasse mais a viajar, mas não posso pedir isso a ele, aquele navio parece ser muito valioso e seu trabalho é importante para ele.

Eu e Alicinha acompanhamos Héctor até o cais, ele foi ver como anda os reparos que parece está quase pronto.

Jason nos recebe como sempre caloroso, está mais ansioso que Héctor para o maresia retornar ao mar.

O cais está mais movimentado do que de costume, uma embarcação grande atraca no cais e várias carruagens aguardam os passageiros, são pessoas da alta sociedade percebe-se pelo navio sofisticado e as carruagens com criados.

Alicinha observa tudo curiosa, ela é uma criança observadora isso é bom. Eu a faço companhia, Héctor se aproxima.

— O que tanto olham ? - pergunta

— Alicinha parece curiosa com a embarcação - digo baixinho para que ela não me ouça, Héctor sorri.

Por instinto eu o beijo e volto a observar as pessoas descerem do grande navio.

Uma senhora bem elegante por sinal, parece surpresa com nossa presença, nos observa sem cessar um senhor que parece ser seu marido o ajuda a descer da embarcação a mulher parece perder o rumo das coisas.

Héctor segura firme minha mão.

— Vamos, já chega - diz sério eu não entendo o que houve.

— Só mais um pouco papai - Alicinha pede mas Héctor parece nervoso sem paciência.

— Vamos eu já disse - diz ríspido.

No caminho de volta para casa na carruagem Héctor está quieto, não é o mesmo homem de hoje mais cedo, eu não entendo.

Vamos direto para casa dos seus pais, Alicinha brinca com Dexter e eu ajudo a senhora Tuner com o almoço.

Da janela da cozinha vejo Héctor e seu pai conversarem no jardim, parecem preocupados, a expressão de Héctor é a mesma de seu pai.

Isto não está me cheirando bem, algo aconteceu naquele pouco tempo que tivemos na cidade, Héctor estava tranquilo.

No almoço a maioria das vezes a senhora Tuner quem falava os homens estavam quietos, quietos até demais.

No final da tarde chamo Héctor para irmos para casa agora quem está de mau humor sou eu, seu comportamento e este mistério não me agrada.

Nos despedimos de Alicinha e fomos, Alicinha prefere dormir na casa dos avós, ela ama seu quarto e não quer deixar seus avós sós, eu a entendo ela vive com eles desde bebê.

Assim que chegamos em casa eu logo o questiono.

— O que está havendo ?

Ele repousa seu corpo na poltrona.

— Nada ? - diz, sua resposta me irrita, bufo e vou para a cozinha, bebo um copo de água e tento me acalmar.

Sinto sua presença não me viro para olhá-lo, ele me abraça por trás eu coloco o copo sobre a pia e fico em silêncio.

— Não tenho escolha, não ? - diz enquanto acaricia meu pescoço com seus lábios. Continuo em silêncio e tento controlar meu corpo com seu toque eu estou zangada lembro a mim mesma.

— Bem... não sei por onde começar ou como contar - ele confessa me viro surpresa parece ser realmente sério.

Ele cruza os braços e seu semblante está sério preocupado.

— O que houve ? - pergunto

— Katarina - ele diz o nome dela baixo, respira fundo e continua — Eu a vi naquele cais hoje mais cedo.

Sinto minhas mãos soarem, Katarina é sua primeira esposa mãe de Alicinha.

— Como? Ela não tinha sumido.

Ele encara qualquer coisa na cozinha.

— Sim, ela tinha sumido, mas eu a vi, sim era ela - diz convicto.

Eu puxo a cadeira e me sento.

— Temos um problema ? - pergunto

Ele se apoia sobre a mesa ao meu lado.

— Acredito que não, vamos fingir que nada aconteceu, ela foi embora e vai continuar assim.

Héctor parece tentar se convencer com suas próprias palavras, mas eu já o conhecia e sabia que estava preocupado.

— Posso fazer mais uma pergunta? - algo em mim estava em alarde eu tinha que perguntar.

Ele confirma com a cabeça

— Você... sentiu alguma coisa quando a viu?

Ele se levanta em prontidão aquela pergunta parece o espetar.

— Não, claro que não, apenas o espanto - diz firme.

Eu não respondo fico em silêncio, não sei ao certo o que pensar e como reagir.

— Ei, venha cá - ele me estende a mão e me ajuda a ficar de pé, ele me abraça e sinto cheirar meus cabelos enquanto me abraça.

— Eu não queria te preocupar com isso, estamos tão felizes, nada mudou - Héctor diz e me encara agora, eu confirmo com a cabeça e volto abraçá-lo.

A senhora Tuner não parece saber do retorno de Katarina, está animada como sempre e este tipo de assunto a deixaria nervosa eu a conheço, Héctor deve ter pedido ao seu pai que não a conta-se.

RaposaOnde histórias criam vida. Descubra agora