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Ele me joga sobre a cama dentro da cabine, passa uma de suas mãos sobre o cabelo, suas sobrancelhas estão apertadas, está zangado.

— Não desiste mesmo deste plano tolo de fugir não é mesmo - diz alto

— Não, tentarei até a último minuto, não posso voltar para casa, eu não serei mais bem vinda - grito de volta.

Ele me olha firme por alguns segundos.

— Parece uma raposa, entrou no meu navio sem ser vista e quase fugiu sem ser vista novamente - diz sério enquanto me encara, sento na beirada da cama.

— Como ousa me insultar desta forma - digo incrédula.

Ele disfarça um sorriso.

— Lhe cabei muito bem, raposa - repeti
Reviro os olhos e cruzo os braços zangada.

Alguém bate a porta da cabine, ele atende e logo fecha.

— Vista isso - ele pede e joga um embrulho do meu lado na cama.

Eu pego e desfaço o embrulho, é um vestido, azul royal, na altura dos joelhos, feito de algodão e alças finas, simples mas bonito.

Ele fica parado de braços cruzados me observando eu o encaro.

— Vai ficar aí parado ou vai me deixar me vestir - digo em tom de deboche.

Ele parece ficar desajeitado e sai para fora trancando a porta em seguida.

Visto o vestido me cabei muito bem, Jason acertou minhas medidas.
Da pequena janela vejo que o sol já está quase se pondo, o dia já está quase se indo.

Ouço uma gritaria seguida de uma agitação, o navio começa a se mover lentamente, estamos voltando para o mar de volta para casa.

Sinto uma angústia no peito, me deito na cama e passo a chorar, adormeço em seguida.

— Sofie... acorde - ouço a voz de Héctor me chamar enquanto toca um de meus ombros.

Abro os olhos devagar, ele me observa agora de pé calado.

Me espreguiço e sento na cama.

— O que foi? - pergunto sonolenta

— Seu jantar - diz e me entrega uma tijela — precisa se alimentar.

Eu a pego de suas mãos, o cheiro está bom.

— obrigada - agradeço e começo a comer sem demora.

Ele continua em pé me observando, eu o encaro.

— O que foi ? - pergunto entre uma colherada e outra.

Ele parece que estava com os pensamentos longe quase que em transe.

— Nada - diz se movendo para sua poltrona e sentando enquanto agora encara o cômodo.

Termino de comer, e me levanto deixando a tijela vazia sobre a escrivaninha, me viro.

Héctor está muito pensativo, sentado na sua poltrona ele segura sua cabeça com uma de suas mãos e me observa calado.

— Você está bem ? - me aproximo e pergunto, ele me encara seus olhos escuros estão diferentes, vejo brilhar.

— Sim, só estou cansado - diz baixinho

— Eu não queria te causar tantos problemas - confesso

— isto é o de menos, acredite - ele diz e tenta sorrir.

Eu pego a cadeira e me sento a sua frente, ele observa curioso.

— Conte-me um pouco de você Héctor - começo

— Não tenho muito o que falar sobre mim Sofie - diz sério

— hum... deixar eu pensar... você sempre mora neste navio ? - pergunto, ele fica em silêncio ainda me olhando — há me diga Héctor - insisto sorrindo.

Ele respira fundo, e apoia seus cotovelos sobre suas pernas.

— Não o tempo todo - diz

— Hum... tem família ?

— Todos nós temos família.

— Digo, mulher e filhos ? - ele se levanta

— chega, preciso dormir - ele caminha até o outro lado do cômodo para se deitar.

Eu me levanto.

— se não quer dizer tudo bem - respondo, o lugar fica em um silêncio profundo, ele se deita e nada mais diz.

No dia seguinte peço que me deixe sair, preciso tomar sol e ar puro.

— não distraia meus homens ou melhor Tony - pede sério.

— Tony é meu único amigo, só estávamos conversando ele não imaginava que eu era uma mulher.

— Que seja o deixe trabalhar ou voltará a ficar trancada nesta cabine - diz

— Está bem - digo revirando os olhos. Ele abre a porta e me deixa passar.

Repouso meu corpo sobre a proa do navio, sentindo a brisa.

— Senhorita, o vestido lhe caiu muito bem - olho para Jason que está ao meu lado fitando também o oceano.

— Obrigada Jason, graças a você - brinco, ele sorri.

— O capitão está preocupado com você - confessa eu o encaro séria.

— Preocupado comigo?

— Sim, é uma moça de família se a notícia de sua fuga percorreu nunca achará alguém para desposa-lá um dia.

Eu sorrio de lado e olho para cima Héctor está lá encima observando tudo com Dexter seu cão ao lado.

— E quem disse que quero me casar - digo tentando não me importar com a ideia de nunca formar uma família.

— O capitão está lá encima nos olhando não é? - Jason pergunta ainda olhando para o mar, solto uma gargalhada e tento abafar com uma de minhas mãos.

— sim, está - digo

— Preciso ir, senhorita - ele se despede, eu o reverencio e ele se vai apressado.

Eu encaro Héctor que está lá encima ele me observa sério e volto a senti a brisa encostada na proa do navio.

Caminho um pouco pela embarcação alguns homens me cumprimentam simpáticos.

Volto a repousar o corpo.

— Eu disse que não era para distrair meus homens - Héctor se aproxima, eu viro e observo se aproximar

— Eu não fiz nada - protesto.

— Aí que está, não precisa de muito para fazer tal coisa.

Eu sorrio

— Vou levar como um elogio - digo

Héctor me faz companhia, ele é sério e fechado é quase um enigma tentar imaginar o que está pensando.

RaposaOnde histórias criam vida. Descubra agora