"E dói saber que quem sempre pode morrer é você."
— Poderia ter sido qualquer um!
Mas não foi, não é mesmo? Poderia ter sido qualquer um. Centenas de milhares de vezes, mas não foi qualquer um.
Foi o roubado, multilado, marginalizado. Foi o garoto atrás do sonho, a menina sem escolha.
— Temos que dicidir o que fazer da vida, seguindo nossas próprias escolhas e virtudes.
Mas escolhemos. Escolhemos rastejar para fora do inverno, em espinhos, lama, insultos e lamúrias, para pisar em grama verde e ver que nada muda, na verdade. Ou escolhemos ficar, aumentar o problema, afinal, que lado de escolha tínhamos?
Que lado de escolha tínhamos?
Poderia ser qualquer. Sim, poderia... Porra, poderia mesmo. Mas não foi. Centenas de milhares de vezes.
Com desculpas esfarrapadas, cicatrizes, violência e mortes.
Poderia ser qualquer um mesmo.
Eu queria que tivesse sido.
Mas não foi.
E não podemos curar a tudo e a todos, não conseguimos nem curar a nós mesmos após tantas batalhas.
E o mais engraçado? Nem foi nossa escolha.
Foi o roubado, multilado, marginalizado.
Sim, roubado, mutilado, marginalizado.
E não tem problema, realmente não tem. Uma pessoa não deveria se importar de agradar a outra....
Mas quando viver sua vida em paz não basta, quando seu sangue, cérebro, lágrimas e esperança são os que estão no chão, na mente. No fundo do poço.
Isso importa.
Poderia ser qualquer um, mas não foi, moça.
Foi o mesmo de sempre que, porra, nunca muda. Nunca muda.
Sempre, sempre, sempre, sempre...
"Eu sei quem mata."
Seja livre irmão, seja firme irmã.
Eu sei quem mata.
Poderia ter sido qualquer um, mas dado a quem morre... Sabemos quem mata.
Senhor, permita que eu apague minhas cicatrizes e que eu não esqueça de mim.
Foram vinte e cinco anos para me sentir bonito.
E dizer que não encoste a mão em mim.
E perceber que nada do que eu faça muda o sistema, então devo teme-lo.
— Vivemos todos com medo!
Poderia ter sido qualquer um. Qualquer representação, qualquer outdoor, qualquer propaganda... Poderia ter sido. Mas não foi.
E não. Ecoste. A mão. Em. Mim.
Ninguém tem peito de aço, então, cansados de olhar para todos os lados, nos defendemos.
Hikikomoris forjados em sangue. Em medo. Em desalento.
Vivemos todos com medo. Mas tantos são construídos com isso em seus ossos.
Não foi qualquer um, e você sabe muito bem porque foi ele.
Você sabe muito bem porque foi elu.
Você sabe muito bem porque foi ela.
Eu sei quem mata. Eu sei quem morre. Eu sei quem forja.
E o que eu não sei... Saberei no futuro.
— É verdade, somos todos iguais. Então temos que trabalhar para um futuro melhor!
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Freedom
Non-FictionOnde o grito surge como o uivo de um lobo. Uma busca insaciável por ser livre de correntes que prendem palavras. Coletânea de desabafos. #1 liberte-se 27 de maio de 2021