Do abismo da minha mente,
Daquilo que me consola,
Do ódio que me consome.Do desejo das palavras que buscam sair,
Das coisas que não entendo e me causam repúdio,
Dos homens que acho burros.Das opiniões que são soltas,
Que, se pudesse, faria pessoas engoli-las de volta.
Das certezas vãs, cegas e mentirosas de outrem.Estamos ainda aqui, desertor, ao lado da mesma fogueira.
Do mar de sussurros que consomem meus ouvidos,
Da fadiga e busca desesperada pela fuga,
Da certeza que só a incerteza me resta.Eu sei de tudo.
O que não sei, saberei no futuro.
Eu sei de tudo, o que não sei...Eu penso em tudo,
O que não penso,
Jogarei num penico de bosta.Ela saiu e emergiu das cinzas, como um monstro disforme rasga a mãe apodrecida para por suas mãos diabólicas para fora.
Daquilo que acredito,
Daquilo que cuspo,
Daquilo que me visto.Tenho medo de ser o único.
Mas já os conheci. Então não sou o único.Do que torna todo mundo especial,
De forma que faz ninguém especial.De abraçar ser ordinário,
De admitir ser medíocre,
De lembrar que não há amor.De lembrar que não existe certo ou errado.
De lembrar que existe o que e o que não é.
De lembrar que há aquilo que me toca e aquilo que foge das minhas mãos.De lembrar que sou cego mesmo enxergando.
Da certeza que só a incerteza me resta.
Do medo dos corpos no chão.Os corvos que fazem um escarcéu.
Das obras que vi, das páginas que não li, dos esforços vãos que me despedi.
Da dor, da ansiedade e do colapso.De tudo ao nada.
Estamos aqui de novo, desertor.
Eles ainda tentam achá-lo, mas se perdeu, e busca estar perdido enquanto não acha as repostas. E sabe que elas nunca virão, e que se mesmo que vierem, será cego.Eu sei de tudo.
O que não sei... Bem,
Já dizia Sant, saberei no futuro.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Freedom
Non-FictionOnde o grito surge como o uivo de um lobo. Uma busca insaciável por ser livre de correntes que prendem palavras. Coletânea de desabafos. #1 liberte-se 27 de maio de 2021