Engolindo

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É, ela engole aquilo tudo que a dão para comer e beber.

Ela ouve cada mínimo sussurro despejado por entre as moléculas de ar, ela pesca cada uma delas. Ela detesta a maneira que cai com essas coisas, ela sente, lá no fundo.

Ela parte por causa de partidos. Ela busca juntar os cacos de vidros, mas perde as mãos, os braços e todo o resto.

Ela queima, ferve, em ódio. Engolindo aquilo que nunca fez e que foi embutido nela. Engolindo balas, facas e pedras.

Ela incendeia, mas a chama é diminuta e ninguém parece ver.

Ela cospe, mas quando cospe é a pior dos piores.

Ela cansa, mas seu dever é seguir em frente.

Seu dever é engolir.

Catar o lixo de terceiros e segundos, acumulá-lo para só então catar o próprio.

Então, ela só engole.

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