É, ela engole aquilo tudo que a dão para comer e beber.
Ela ouve cada mínimo sussurro despejado por entre as moléculas de ar, ela pesca cada uma delas. Ela detesta a maneira que cai com essas coisas, ela sente, lá no fundo.
Ela parte por causa de partidos. Ela busca juntar os cacos de vidros, mas perde as mãos, os braços e todo o resto.
Ela queima, ferve, em ódio. Engolindo aquilo que nunca fez e que foi embutido nela. Engolindo balas, facas e pedras.
Ela incendeia, mas a chama é diminuta e ninguém parece ver.
Ela cospe, mas quando cospe é a pior dos piores.
Ela cansa, mas seu dever é seguir em frente.
Seu dever é engolir.
Catar o lixo de terceiros e segundos, acumulá-lo para só então catar o próprio.
Então, ela só engole.
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Freedom
Non-FictionOnde o grito surge como o uivo de um lobo. Uma busca insaciável por ser livre de correntes que prendem palavras. Coletânea de desabafos. #1 liberte-se 27 de maio de 2021