tenho medo

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Manos, dormir foi impossível. Tô frustrada.

Semana passada, tive uma dor de barriga terrível. A maioria que conversou comigo disse que era a ansiedade, até porque começou na quarta-feira, dia que eu tinha uma prova que eu só descobri que terei na segunda-feira. Na sexta também tinha uma prova que, aliás, fui HORRÍVEL mesmo (era uma das matérias que eu precisava de 7, o que vai muito potencialmente resultar em uma reprovação).

Para quem não sabe, eu fui atleta de natação por 11 anos, participei da federação também e fiz cerca de 1 ou 2 competições a nível nacional. Não foi um caminho que levei muito longe, considerando que minha vida caiu aos pedaços durante meu Ens. Médio. Esta sempre foi uma coisa mal resolvida na minha vida, porque supostamente eu tinha talento e era a única coisa que eu sabia fazer — e, por consequência, garantia fazer —, mas, como disse, tudo caiu aos pedaços.

No começo desse mês, contaram-me que a atlética do meu departamento da universidade precisava de atletas para a natação. Por impulso e uma vontade lá do fundo do meu coração, eu aceitei. Conversei com meu pai e meu namorado, eles acharam que era okay — que eu até precisava disso —, eu também senti que era algo que eu queria fazer.

Tenho um quadro não super tratado de bursite desde do último ano do médio, ou seja, a bursa do meu ombro que fica entre os músculos ocasionalmente inflama e dói para caralho. Geralmente é uma dor que se alastra do ombro para minha omoplata nas costas. Tenho medo dela.

Não obstante, havia pouco tempo de treino para fazer.

Eu fracasso toda hora e me considero viver dentro do poço, tenho-me como uma decepção de pessoa e, por vezes, odeio-me profundamente — em cada um dos pedacinhos que está dentro de mim. Tenho medo do fracasso.

Tenho medo de chegar e encarar a realidade, que esse tempo já foi e que não fiz nada com ele. Desisti e fugi, sem falar com absolutamente ninguém desse lado da minha vida.

Eu me perdoo também por isso, meu último ano foi o pior ano da minha vida. Tenho medo do que aconteceu lá — e, por consequência, das consequências desse período de vida lamentável até os dias de hoje.

Tenho medo, principalmente, porque todo mundo agiu como se fosse uma pena, um desperdício, mas de fato ninguém iria viver uma vida comigo que eu tornasse isso minha profissão. Nem meus pais. Foi uma dura realidade.

Meu pai costumava me dizer que "todos param uma hora" quando eu comecei a me abater com todas as condições e as pressões externas, as primeiras quedas de desempenho, o medo de sair de casa e ir para o treino. Até hoje ele fala bem do treinador escolar, uma das pessoas que corroborou para minha condição psicológica ser um lixo — quem tinha que encarar ele sobre pagamentos atrasados ou qualquer informação confusa era a eu adolescente perdida, quem sabia como ele era "foda-se" e não dava a mínima para se eu era boa ou estava passando era eu. Ele criticava até meu peso que, olhando para trás, eu sequer tinha. Deixava outros atletas queridos e de famílias abastadas serem livres enquanto eles cometiam bullying contra outros alunos.

Tenho medo, afinal de contas. E esse medo, acredito, gerou essa ansiedade irracional.

Eu quero participar e me divertir, fazer isso por mim, cumprir uma das promessas de fazer o esporte no curso superior. Mas ainda me dói.

E mesmo sendo uma fracassada, tenho medo de encarar o fracasso. Porque dói.

Tenho medo até de postar isso e outras pessoas acharem, apontarem o dedo e dizerem o quanto sou feia e mentirosa.

Eu vivo com medo.

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