Mesmo que aquele sol brilhasse naquele quintal, mesmo que a música fosse feliz, nunca sentiria felicidade. Sentia-se inútil, quebrada, injustiçada, queria apenas liberdade, férias.
Sabia, sempre soube, que nunca poderia ajudar alguém.
Ah, como partiu seu coração.
Doía, doía pior que balas, facadas, chutes ou socos. Doía mais que tudo por que pesava, pesava mais que o céu, pesava mais que o mundo, era uma dor que não cabia em seu peito.
Ah, como queimava.
Era perigoso, quente, ardente, vingativo. Em demasia poderoso, um sentimento enorme de culpa, de incapacidade e egoísmo.
O que as pessoas ganhavam gostando de si? O que elas viam ao se aproximarem? Por que insistiam em ver a chama e tentar tocá-la? E por que, a chama insistia em atrair as pessoas?
Ah, por egoísmo.
Era egoísta, queria os outros, não demonstrava, mas queria. Queria insistir, o que a tanto dava o sentimento de culpa.
Ah, como era insuportável.
Mas era sua sentença. Era o preço a pagar por seus erros estúpidos.
— 2017
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Freedom
Non-FictionOnde o grito surge como o uivo de um lobo. Uma busca insaciável por ser livre de correntes que prendem palavras. Coletânea de desabafos. #1 liberte-se 27 de maio de 2021