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Do fundo da sala os olhos fixos miravam os meus, deixando-me covarde. Por alguma razão, parados assim, turvaram minha mente enquanto turbinava-a e a minha ação voou longe.

Esquisita, estranha, estúpida

Quando vai crescer?

Não soube o que eu estava fazendo era certo ou errado, mas tudo parece sempre tão errado quando faço.

Flutuo sobre nuvens que não conduzo e os olhos me encaram cobrando-me uma personalidade ajustada. A destreza me some dos sentidos, o cérebro entra em loading... 

Para que lutar por algo? 

Que direito eu tenho?

Encolho-me mais uma vez trocando uma imagem pela outra, uma fala pela outra e me arrependo de palavras ditas ou concretizadas.

— Na próxima será melhor...

Na próxima, na próxima...

E nunca é de fato melhor, e os olhos permanecem me oprimindo; então confundo os papéis e planos. Confundo-me em mim.

Ademais, nunca parece que fiz o que queria. No fundo, nunca parece se encaixar. Daí o medo cresce, o coração aperta, a música sobe e nada parece fazer sentido.

E parece que não fiz nada.

E nunca parece que tentei.

E nunca parece o suficiente, como se um monstro engolisse as realizações e cuspisse os erros do processo no meu rosto.

Lá, do fundo da sala, aqueles olhos me encaram.


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