Olhe mais uma vez para a tela, um branco.
Uma agonia no peito, mente turva até que a cabeça comece a doer. Mais um cigarro. É muito, ela sabe. Ela não aguenta, mas o que fazer? O que ela está fazendo?
Ela sabe que não vai conseguir, ela sabe que não entendeu. Ela sabe que nunca sequer entendeu uma palavra sequer. Ainda, divagando sobre a realidade certa, ou incerta, o que ela esperava? Que ela supere seus próprios "poréns"? Que ela saiba o que está se passando para nada fazer sentido e a realidade querer se refugiar atrás das próprias orelhas?
Ela não sabe, ela nunca soube. Ela nunca saberá.
E ela vai continuar fracassando, caindo, perdendo. Ela vai continuar dizendo amanhã, e depois. As costas vão continuar doendo, a dor de cabeça vai continuar lá.
Ela respira, pede mais uma música, pensa em mais um cigarro. Deveria ser tão difícil pensar que tudo bem não entender? Mas agora é mais importante entender.
Ela tem que entender.
Por que ela não pode ser normal? Saber um pouco aqui, um pouco acolá e seguir a vida. Por que ela sempre tem que ver e bater de frente, saber que não entendeu nada?
Isso é tão pesado, abre brechas na mente dela. Abre brechas para ideias ruins maiores. Ela estica o corpo em direção ao próximo cigarro, se pelo menos não consegue, ela vai dormir. É ruim, ela sabe. É péssimo, ela também sabe.
Mas o que ela pode fazer? Esse fracasso que é ser ela ainda vai estar lá, então suportar é o que ela tenta.
E, no entanto, ela sempre vai fracassar.
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Freedom
Non-FictionOnde o grito surge como o uivo de um lobo. Uma busca insaciável por ser livre de correntes que prendem palavras. Coletânea de desabafos. #1 liberte-se 27 de maio de 2021