há dias em que definho...

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Das inconstâncias, as piores dores e os maiores pecados. Que o céu reina, a alma queima e a carne definha. Um dia tornando-se algo impronunciável, consumido de modo alegórico e maldoso por outros - continuando o ciclo de vida, talvez fadado a miséria da finiteza de cada ser.


É uma coisa feia, quase neutra. A qual se prega rezas e maldições, das quais não me interessam e não faço parte. Pois partem-me, e quando partem-me, sou frio insensível. Perdido. Desconexo.


Curioso como cercas coisas parecem ser feitas para morrer em sinapses obscurecidas - esconda todos os esqueletos no armário -, por que mostrá-lo se essa coisa exposta é como expor o coração da carne e mandar esfaqueá-lo?


Por que tentar quando definha?


Por que tentar, dizer, expressar, escrever, rascunhar... apenas por que tentar ser visto, compreendido, pedido e tratado com carinho, quando perdido nas mazelas? Quando impróprio de se olhar, conversar e sentir?


Como se sentir bem consigo mesmo quando o espelho à sua frente é completo, integro e cospe em suas feiuras? Que zomba de você, pois mais uma vez abriu a janela. Deixou-se exposto ao abismo galático, foi esmagado como outras vezes.


Palavras, palavras, palavras - apenas aquilo que sei fazer de melhor. E quem disse que seria o melhor?


Palavras vazias e incompreendidas até que definhe.


Esse quarto existe apenas para você.


Esqueça essas vozes.


Respire, levante os punhos e continue respirando - escrevendo.


É contraditório, mas o que mais além disso seria?

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