almejar.

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5 Meses Atrás.

— Você… O que? — Roier riu nervosamente confuso e incrédulo, esperando que aquilo fosse apenas uma brincadeira por parte de seu noivo.

Cellbit mordeu fortemente o lábio enquanto desviava o olhar, coçando a garganta.

— Eu não quero que nosso casamento seja baseado em mentiras, Guapito, e por isso eu preciso ser totalmente sincero com você. — tentou ficar seu olhar no mexicano a sua frente, que tinha uma expressão ansiosa. — Quando o seu avô veio me visitar, muitas coisas aconteceram, a gente brigou e eu sem querer ataquei ele… Mas então ele pegou uma motosserra e por algum motivo aquilo ativou algo em mim e eu impulsivamente dei umas facadas nele. E ele morreu.

Roier arregalou os olhos, permanecendo em silêncio. Suas pupilas vibravam em choque, enquanto ele apenas encarava Cellbit esperando pela hora em que o brasileiro soltasse uma risada divertida e dissesse que aquilo realmente fosse uma piada.

— Você matou o meu avô. — não soava como uma pergunta, mas sim, como uma reafirmação para si mesmo de que era aquilo que havia escutado

O brasileiro respirou fundo enquanto fechava os olhos, claramente angustiado.

— Sim.

Roier riu sem acreditar naquilo, se distanciando do brasileiro e indo até a janela aberta que havia no imenso quarto de Cellbit.

— Eu não acredito nisso. — ele respirava pesadamente, tentando entender como o seu noivo poderia ter feito algo assim com o seu avô. — Você quebrou a minha confiança. Toda e qualquer que eu tinha com você.

Cellbit deu um passo hesitante em direção ao mexicano.

— Guapito…

Roier respirou fundo e se virou, olhando seu noivo nos olhos novamente.

— Esquece o casamento. Tudo entre nós por enquanto acabou. — ele disse firme e decidido, vendo a forma com que imediatamente a expressão de Cellbit mudou para uma de completa tristeza. — Eu vou precisar de um tempo para processar tudo isso e decidir se eu vou te perdoar.

No momento em que a adrenalina da ação de matar o idoso passou, Cellbit pensou naquela situação. Ele esperava que algo assim fosse acontecer, no entanto, com toda a certeza não estava pronto para aquilo. Não de verdade.

— Você tem todo o direito de estar bravo comigo, Guapito. Por favor, leve o tempo que precisar para pensar bem nisso.

Roier assentiu enquanto mordia os lábios, se dirigindo para a porta de entrada da casa do brasileiro.

— Apenas… Não se esqueça. — Cellbit foi até o vaso central de sua mesa e tirou um amaranto de lá, o entregando para o mexicano, que aceitou hesitantemente. — Até mais, Guapito.

O mexicano olhou brevemente nos olhos do ex-noivo e agarrou a maçaneta, pronto para fechar a porta, separando ambos e seu relacionamento junto.

— Tchau, Cellbit.

O brasileiro, no timing extremamente errado, enquanto Roier fechava a porta, falou com angústia e tristeza:

— Eu te amo.

No entanto, Roier nunca conseguiu escutar, afinal, já havia fechado a porta e se distanciado do local.

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Roier fechou fortemente a porta de seu carro, imediatamente desabando em lágrimas ali mesmo. Olhou para o lado e viu uma garrafa de vinho que havia comprado para ele e seu ex-noivo, e não pensou duas vezes antes de arrancar a rolha com seus dentes na força do ódio e beber. Como aquilo poderia ter acontecido? De todas as pessoas, a que mais confiava? Como Cellbit teve a coragem em seu coração de matar o seu avô, sem nem pensar em como Roier reagiria antes?

Será que realmente valeria a pena continuar seu relacionamento com Cellbit? O homem havia matado seu avô a sangue frio, como poderia continuar assim?

Respirou fundo enquanto soluçava, limpando brevemente e superficialmente seu rosto, partindo o carro e dirigindo em direção a um lugar desconhecido para si enquanto levava a garrafa de vinho em direção à sua boca. Enquanto dirigia, percebeu que estava tão absorto em seus sentimentos e pensamentos que sequer havia percebido onde estava entrando e por onde estava indo. Ou talvez só estivesse bêbado demais.

Franziu as sobrancelhas ao perceber que estava perdido em um bairro aleatório. No entanto, ao olhar bem para o padrão das casas e da rua, logo lembrou de onde estava.

O bairro de Spreen.

Bufou sem acreditar que teria que recorrer a Spreen, porque estava extremamente perdido ali e seu celular estava descarregando e não conseguiria aguentar o GPS antes que descarregasse para lhe ajudar.

Roier: oi, tudo bem?
Roier: entqo kkk é que eu to meio perdido no seu bairro
Roier: bc pode vir me nuscar?

Depois de alguns segundos, enquanto temia pela bateria de seu celular, logo recebeu uma mensagem, ou melhor, uma resposta do argentino.

Spreen: Claro.
Spreen: Me manda a sua localização atual.

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Roier coçou a nuca desajeitadamente enquanto olhava para a casa que já foi tão conhecida por si, meio desconfortável por estar ali de novo.

— Acho melhor você passar a noite aqui. — Spreen falou enquanto preparava algo para o mexicano comer.

— Não, não! Não quero dar trabalho, e sabe como é, preciso ir para casa… — respondeu nervoso.

Spreen de repente apareceu com dois sanduíches em uma bandeja em sua mão, colocando na mesa de centro que ficava na frente do sofá em que Roier estava sentado.

— Não precisa disso, você sabe bem, gracinha. Dorme aqui hoje que eu te prometo que amanhã você vai acordar ótimo. — tentou sorrir tranquilizador.

Roier desistiu de tentar lutar contra, afinal, talvez não fosse tão ruim assim. Ele estava extremamente bêbado, era bom que alguém estivesse consigo naquele momento.

Mesmo que aquele alguém fosse Spreen, e que Roier preferisse mil vezes que fosse um certo brasileiro.

O argentino sorriu satisfeito enquanto se servia de um gole do vinho que estava em uma taça na mesa, observando Roier com curiosidade e… Uma emoção que o mexicano não quis reconhecer.

— E então, quer me contar a história do porquê veio parar aqui? — perguntou enquanto fitava o mexicano.

Roier bufou enquanto sentia-se soltando a língua contra sua própria vontade.

— Eu meio que briguei com o Cellbit hoje, bebi demais e acabei me perdendo. — sua face novamente ficou meio afetada ao se lembrar do porquê exatamente estava ali.

Spreen largou a taça e a colocou em cima da mesa, se aproximando mais do corpo do mexicano, acariciando sua bochecha e sua cintura.

— Eu posso te fazer se esquecer dele, sabe? — ofertou, sorrindo pervesamente. — Você sabe que eu sou melhor que ele, de qualquer forma.

Roier reprimiu uma expressão de leve horror.

— Não, eu acho melhor não…

Spreen então agarrou possessivamente a cintura de Roier, sussurrando doce em seu ouvido.

— Apenas uma noite, e eu juro que nunca mais te importunarei.

Roier engoliu a seco, no entanto, realmente considerando a proposta. O amor de sua vida havia o traído. Ele seria horrível se fizesse a mesma coisa. Ele não gostava ou queria Spreen. Ele-

Seus pensamentos foram cortados pela pressão de lábios com cheiro e gosto de vinho grudados ao seu.

E assim, ambos terminaram aquela noite em conjunto: pelados em um único cômodo, almejando por coisas que não conseguiriam.

Spreen almejava por Roier.

Roier almejava por felicidade.

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a questão que fica agora é:

traiu ou não traiu?

behind the lies - guapoduo Onde histórias criam vida. Descubra agora