Cellbit chorava desesperadamente enquanto era levado até o carro de Roier que estava estacionado ali por perto. ElQuackity o apertava cada vez mais contra si, como se tentasse de alguma forma proteger o brasileiro de um inimigo invisível.
A única coisa que passava pela cabeça de Cellbit era o medo. Medo de fazerem algo com Richarlyson como vingança por aquela ceninha de ElQuackity e Roier, medo do que Cucurucho poderia fazer com eles, medo do que Roier estaria pensando de si agora. Coisas boas não eram, ele tinha certeza.
ElQuackity então abriu a porta de trás do carro e entrou junto com Cellbit ali, ambos se sentando. O mexicano procurou com sua visão algo no carro que pudesse ajudar o brasileiro a se acalmar, e logo achou uma garrafinha de água. Pegou em suas mãos e a abriu, entregando para Cellbit. Em cima da cadeira do passageiro, encontrou uma coberta, e a usou para cobrir os ombros do brasileiro.
— Beba, você tem que se acalmar. — disse com sua voz baixa e mansa, algo que o híbrido nunca havia pensado que escutaria vindo de ElQuackity.
Cellbit assentiu fracamente com a cabeça, tomando alguns goles de água, mas derramando algumas gotas em sua roupa e na coberta no processo, pois suas mãos tremiam demasiadamente.
— Você não precisa ter medo, Cellbit. Eu sei que você estava fazendo aquilo pelo bem das crianças, você foi forçado. — ElQuackity mostrou que sabia a verdade, no entanto, sua face demonstrava saber um pouco mais do que apenas aquela verdade. — Mas, você precisa saber de algo.
Nesse exato momento, Roier abriu fortemente a porta do carro, encontrando o brasileiro e o mexicano ali dentro. Roier olhou para ElQuackity com um apelo, e logo ele entendeu, saindo do carro e dando espaço para o "amigo".
— Gatinho, você tá bem? — perguntou preocupado, enquanto abraçava fortemente o amado. Ele tremia embaixo de si, o que preocupou Roier ainda mais. Ele queria ter conseguido proteger Cellbit.
— Guapito.. — chamou fracamente, sua voz saindo extremamente baixa e rouca. — Você tem nojo de mim?
Imediatamente Roier o soltou e pegou seu rosto em suas mãos, encarando Cellbit de forma firme e certa.
— Eu nunca teria nojo de você, Cellbo. — disse lentamente, tentando deixar o mais claro possível que ele realmente queria dizer aquilo.
Então de repente, Roier olhou para as próprias mãos e fez uma careta.
— Mas talvez você tenha de mim. Desculpa. — ergueu as mãos cobertas por sangue que anteriormente estavam no rosto do brasileiro, que riu fracamente em resposta. Roier riu junto, feliz em saber que pelo menos conseguira arrancar uma risada dele.
ElQuackity pigarreou ao fundo.
— Desculpa atrapalhar o casalzinho, mas antes que eu vá embora, preciso que vocês saibam de algo. — colocou as mãos na cintura, o que contrastou com sua expressão séria. — O código esse tempo todo era apenas Cucurucho, tentando controlar todos vocês e principalmente o Cellbit.
O casal arregalou os olhos, não esperando aquela revelação. Cellbit se sentia pior do que nunca.
Tudo o que ele fez, foi em vão?
No entanto, ElQuackity parecia ler os pensamentos de Cellbit.
— Nada do que você fez foi em vão, Cellbit. Na verdade, quem sabe o que o maluco do Cucurucho poderia ter feito se você não tivesse… — tossiu, desviando o olhar. — Você foi extremamente forte o tempo todo, isso é algo que ninguém jamais conseguirá retribuir.
Roier sorriu fracamente, concordando com a cabeça.
— Agora eu preciso ir. — sorriu, depois completando — Nunca pense que você é fraco, Cellbit. — concluiu, se virando para trás e indo embora.
— ElQuackity! — Cellbit tentou gritar fracamente para o mexicano que continuava a andar, mas ao escutar o brasileiro chamá-lo, se virou para ele quase que esperançosamente. — Muito obrigado. — sorriu genuinamente agradecido.
ElQuackity sentiu uma parte de si morrer e reviver ao mesmo tempo com aquele ato, inclinando a cabeça em uma saudação e sorrindo tristemente, logo indo embora de vez.
— O que você fez com ele? — Cellbit perguntou depois de um tempo com ambos em silêncio, apenas ficando abraçados ali naquele pequeno espaço.
Roier suspirou.
— Eu meio que desmaiei ele. Quem ele pensa que é para tocar no que é meu e sair impune? — perguntou fazendo uma cara brava, o que o brasileiro achou extremamente fofo. — A gente realmente tem que continuar com esse plano desgraçado? O próprio Cucurucho é mais corrupto que qualquer inimigo que a gente já teve que lidar.
Cellbit suspirou, pensando se contaria o que descobriu com TazerCraft. Era melhor não, afinal, ele não havia chegado na raíz da verdade ainda, e tinha medo de colocar Roier em perigo.
— Eu acho que agora, mais do que nunca, precisamos continuar esse plano e descobrir se tudo o que Cucurucho veio dizendo para a gente é verdade. — falou firme, enquanto encarava um ponto aleatório na janela do carro. — E estaremos mais seguros dele, de qualquer forma. Por enquanto, eu sei que Cucurucho não tentará nada, afinal, o destino da Federação está nas nossas mãos. Ele não vai arriscar.
Roier ficou em silêncio, mas assentiu.
— Vamos sair daqui agora? — sugeriu.
— Por favor. — Cellbit sorriu cansado, encostando a cabeça no banco.
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ElQuackity andava com uma única flor gérbera em mãos, enquanto ia de encontro até o quarto em que Quackity repousava serenamente.
O mexicano suspirou cansado e se sentou na cadeira que havia ali ao lado da cama de seu irmão, depositando a flor em cima do corpo que descansava na maca. ElQuackity suspirou e cobriu seu rosto com suas mãos, sentindo lágrimas silenciosas começarem a escorrer.
— Eu realmente sou seu irmão gêmeo no final de tudo, não é, Quackity? — mordeu o lábio, tentando impedir um soluço de escapar. — Como a gente se apaixonou pela mesma pessoa dessa forma? Depois de Wilbur ter te abandonado, você não aprendeu a lição? Eu não aprendi a lição?
Deitou seu rosto e braços de bruços no torso de Quackity, respirando fundo.
— Todo mundo vai embora, ninguém fica de verdade.
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— Você tem a minha permissão para matar.
A pessoa que estava ali na sala junto ao homem inclinou a cabeça e passou a andar, seus sapatos fazendo um alto som em contato com o chão.
— Qual deles?
— O mexicano. Ele me irrita. — sua voz era firme, sua irritação transbordava em rios em seu tom.
Ambos sorriram, sabendo que a hospedagem de Cellbit e Roier naquele hotel não seria tão feliz como eles planejavam que fosse.
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behind the lies - guapoduo
Fiksi PenggemarAmbientado em uma ilha onde existem agências para espiões e agentes, Cellbit e Roier são agentes secretos da mesma agência, no entanto, compartilham uma certa rivalidade. Quando designados para uma mesma missão, que problemas e dificuldades do passa...