guerra.

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— Você não deveria ter feito isso, Melissa. — o tom de Roier soava grave e ameaçador, ao mesmo tempo que despreocupado.

Melissa estava claramente nervosa e com medo, mordendo seu lábio nervosamente enquanto alternava seu olhar entre o brasileiro e o mexicano. Cellbit parecia quase alheio ao que acontecia logo ao seu lado, bebericando seu copo com álcool tranquilamente.

— Eu posso te explicar exatamente o que estava acontecendo aqui! — ela sorriu enquanto levantava as mãos para cima, como se estivesse se protegendo de um futuro ataque.

— Olha que bom: vou te poupar do falatório, pois eu vi com meus próprios olhos o que estava acontecendo aqui. — ele agarrou o braço de Melissa calmamente com força, arrancando uma risadinha mal disfarçada de Cellbit.

— Logo à direita da fonte, tem um depósito abandonado. — Cellbit informou de forma despreocupada, como se jogasse uma informação aleatória e inútil.

Roier sorriu maldosamente ao saber daquilo, virando-se lentamente para Melissa, que demonstrava horror ao escutar o que o brasileiro havia dito.

— Vamos, priminha. — puxou forçadamente o braço da mulher, que tentava a todo custo relutar contra. — Você fazendo isso vai só piorar as coisas para si mesma, acredite. — avisou, o que fez Melissa rapidamente se levantar.

Roier sorria enquanto ia em direção ao depósito abandonado citado pelo loiro, logo o encontrando. Ao entrar e jogar Melissa lá dentro, observou que havia alguns rastros de sangue seco, mas definitivamente não antigo. Parece que alguém já havia inaugurado aquele lugar.

O mexicano sorriu ao imaginar seu gatinho torturando alguém ali.

— Eu sou a sua prima! — ela gritou enquanto encarava Roier, que estava de braços cruzados enquanto observava a figura da mulher sentada no chão.

— E você acha que eu me importo, Melissa querida? — zombou ao utilizar aquele apelido. — Eu te avisei do que aconteceria caso você mexesse com o meu homem novamente. Uma pena já que você aparentemente não sabe que eu nunca blefo.

Melissa arregalou os olhos, percebendo apenas naquele momento que não sairia daquele lugar com vida. Ela havia se metido em uma situação horrível, tudo isso porque não sabia o quão psicopata seu primo conseguiria ser quando se tratava de Cellbit.

— Roier, por favor, não faça isso! — ela implorou desesperadamente enquanto se arrastava até as pernas do mexicano, se curvando afoitamente.

Roier riu cruelmente, se abaixando para ficar no nível de altura da mulher.

— Eu já tive muita consideração por você, Melissa. — ele constatou com pena, enquanto movia uma mecha que caía sobre os olhos da prima para trás de sua orelha. — Isso até você me trair e tentar me matar não só uma, mas diversas vezes. — sua face endureceu enquanto sua voz pingava apenas veneno.

Lágrimas desciam dos olhos de Melissa, mas Roier não conseguia sentir sequer um pingo de dó ou piedade. Ele olhou ao redor analisando o que poderia fazer, logo sorrindo ao ver um pedaço de ferro sujo de sangue.

— Descanse em paz, prima. — falou com falso pesar, enquanto segurava o ferro em suas mãos.

O barulho de ossos quebrando e gritos agoniados seguidos por uma risada sombria foram os únicos sons presentes naquela pequena e abafada sala.

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Roier esfregava raivosamente sua blusa branca com sabão e água na pia do banheiro, tentando tirar as manchas de sangue que haviam ido parar ali, sem sucesso. Bufou enquanto jogava com ódio a blusa na pia, se encostando ali enquanto respirava fundo, abaixando a cabeça para não olhar a si mesmo no reflexo do espelho.

Sentiu braços fortes o rodearem e um cheiro almiscarado familiar invadir seu olfato, logo levantando seu rosto para ver no reflexo do espelho a figura de Cellbit abraçando sua cintura enquanto repousava sua cabeça no pescoço do mexicano.

— Cellbo..? — perguntou hesitante, afinal, não sabia se o brasileiro ainda estava com raiva de si ou não.

O loiro apenas respirou fundo o cheiro de Roier, enquanto apertava mais ainda o corpo dele entre o seu.

— Me desculpa, eu deveria ter deixado você me explicar tudo. — sua voz soava genuinamente arrependida. — Eu sei que você nunca me trairia assim, Guapito. E de qualquer forma, a gente havia terminado naquele dia.

Roier rapidamente se virou para Cellbit, pegando seu rosto entre mãos.

— Isso não é justificativa, gatinho. O que aconteceu foi extremamente errado, mas por favor, eu não fiz porque queria, eu juro para você! — ele explicou em desespero, sentindo que se não falasse para o brasileiro o que realmente havia acontecido, ali, naquele momento, ele desaparecia entre seus dedos.

— Eu acredito em você, Guapito. Então, por favor, me explique o que aconteceu naquele dia.

Após um longo tempo enquanto Roier explicava toda a situação que ocorrera naquele dia em que haviam terminado, Cellbit apenas prestava atenção, balançando a cabeça para provar que estava entendendo o lado do mexicano. Roier parecia extremamente aflito ao reviver as memórias daquele dia, e em determinado momento, lágrimas começaram a brotar de seus olhos.

Quando Roier finalmente terminou de contar, Cellbit sorriu triste e abraçou fortemente o corpo do mexicano, sentindo ele tremer levemente em seus braços.

O brasileiro nunca havia sentido tanto arrependimento de não ter matado alguém que nem naquela hora.

Mas, não havia problema, afinal, amanhã seria um novo dia.

E, infelizmente para Spreen, o último para ele.

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— Você viu? — Foolish comia um espetinho de carne enquanto perguntava disfarçadamente ao seu marido, que estava ao seu lado cuidando da churrasqueira. — Tem alguns funcionários do Cucurucho se infiltrando aqui, tentando passar despercebido por debaixo de nosso nariz.

Vegetta virou a carne e então se virou para Foolish, roubando um pedaço de carne de seu espetinho.

— Vi, isso não é boa coisa.

Foolish bufou enquanto terminava de comer, encarando o corredor que levava aos demais quartos do hotel.

— Não mesmo, significava que há um traidor entre nós. — jogou fora o palito. — Precisamos conversar com Cellbit e Roier o quão antes possível, senão, vai ser tarde demais. E Cucurucho vai atacar.

Vegetta alcançou outro espetinho de carne e o entregou para Foolish, que deu um selinho nele como agradecimento.

— Vou chamar o nosso pessoal para se preparem então.

Foolish respirou fundo.

— Parece que o que a gente mais estava tentando evitar vai realmente acontecer no final das contas, não é?

Vegetta deixou a churrasqueira de lado e abraçou a cintura do marido, descansado sua cabeça em seu ombro.

— Com toda certeza vai. Cucurucho quer guerra, então é guerra que ele terá.

behind the lies - guapoduo Onde histórias criam vida. Descubra agora