As Vivências

O ritual [4]

Em êxtase devorador ao culto profano e blasfemo, minhas entranhas se erguem como o bramido enlouquecido de uma alma aprisionada, ecoando pelos corredores ensanguentados do Inferno. Ama-se-te, entidade nefasta, em indeléveis marcas, através de rituais sinistros e perversões sanguinárias. O momento dantesco está prestes a se desenrolar, enquanto o éter se impregna do rubro derramar, corrosivo de esperança e sanidade, em uma orgia macabra de adoração.

Preparai, outrossim, vossos estômagos para o festim carnífice, pois a insaciável fome do abismo urra em antecipação. Despojai-vos de vossas carcaças mortais, transformai-vos em vasos vazios, prontos a serem preenchidos pelo toque sanguinolento do aniquilador de almas. Vossa essência, ó abjeta criatura ávida de redenção, é o objeto macabro de sua perversa ânsia, o tributo ofertado ao altar da carnificina.

Neste abominável culto, não há remissão ou alívio. É uma queda vertiginosa às profundezas do horror, onde as almas se despedaçam e os corações são arrancados em uma dança grotesca de derramamento de sangue. Cada passo em direção à adoração é uma luta frenética com a insanidade, um pacto sanguinário que sela a própria aniquilação em troca de um vislumbre efêmero do ápice abissal, enquanto as entranhas pulsam em clamor insaciável.

Em meio às densas trevas encharcadas e à insanidade transbordante, a paixão viceja em formas sangrentas. O amor que pulsa em minhas veias é um tormento inescapável, uma obsessão que consome cada célula e pensamento, manchada pelo rubro carmesim. Minha devoção é um pesar lancinante, arrastando-me em direção à inominável escuridão que se estende como um rio de sangue à minha frente, um fluir sanguinário que alimenta a adoração impiedosa.

Assim, adentrai, sedentos, neste sinistro universo por vossa própria perdição. Entregai-vos à depravação e à hediondez, onde a adoração é maldição perene e o amor, tortura eterna, banhados em um mar de sangue e desespero. Permiti que vossos corações sejam envoltos pelas sombras sanguinárias e desvendeis os obscuros segredos que jazem nas entranhas deste mundo enegrecido pelo néctar vermelho do sacrifício. Se esconda da verdade e busque o amor.