Capítulo 03

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Haver

Ando pelos corredores da faculdade procurando uma pessoa específica, mas tudo que vejo são pessoas aleatórias e que eu não estou nem um pouco afim de interagir. Vejo os meus amigos na porta da sala e vou até eles.

— E ai cara.

— E ai... Viram o aluno novo?

— Qual é, Hever, deixa o cara em paz. — Michael é quem fala.

— Eu não vou encher o saco dele, ok? Eu só quero beijar aquela boquinha linda outra vez. — Entro na sala e eles vêm atrás de mim

— Como assim beijar ele outra vez? — Greeg é quem pergunta.

— Coitado, está delirando, o bichinho.

— Ontem na balada, na hora em que eu sumi, eu estava beijando e conhecendo os amigos do loirinho.

— E foi consentido? Porque assim, ele não pareceu gostar nenhum pouco da gente.

— Foi no blecaute, ele não sabia que estava me beijando.

— Errou feio.

— Errou rude. — Greeg completa.

— Olha, ele queria ser beijado, ok?

— Ok, mas o que você quer com ele? Você nunca quer repetir um beijo.

— Na verdade, você só repete beijos quando não tem ninguém pra pegar, qual foi cara, está na seca? — Reviro os olhos e me sento na última cadeira. Parece que cheguei cedo.

— Olha, é simples, beijei o bonitinho e quero muito mais que beijo porque ele beija muito bem e me faz pensar em como deve ser uma foda com ele. Nada de mais.

— Vou fingir que não vi você babando desde o primeiro momento em que o viu. — Michael fala e eu nem me dou ao trabalho de mentir.

Por mais que ontem na faculdade ele estivesse muito tapado e com um boné que escondia o seu rosto, eu notei de longe a sua beleza, o cara é estonteante, e ontem naquela pista de dança eu fiquei hipnotizado sim. Não só eu, mas todos em volta.

— Só eu, né? — Os dois abrem um sorriso e eu estreito os olhos. De hetero esses bostas não tem nada.

— Não me olha assim, não é porque sou hetero que eu não posso admitir que um homem é bonito. — Greeg se defende.

— Tá, mas se você quer sexo com ele, porque não teve ontem já que rolou um beijo?

— Eu acho que ele não aceitou bem o fato de ter sido eu a pessoa que ele beijou. — Os babacas começam a rir da minha cara.

— A faculdade toda querendo te beijar e você aí todo boiola pela a única pessoa que não te quer.

— Bem clichê. Tá parecendo aquelas Au que minha irmã lê no twitter.

— Olha, isso é questão de tempo, ok? Eu vou fazer aquela beldade ficar louquinho por mim. Todos ficam.

— Eu ouvi algumas meninas falando dele no campus, bom, pelo o que eu ouvi, muitas pessoas estão falando dele. Da aparência dele e talz.

— Como assim, ontem foi o primeiro dia dele e ele nem ficou por muito tempo aqui, foi embora antes de terminar as aulas.

— Bom, parece que ele veio fazer a sua matrícula em horário de aula alguns dias atrás e alguns alunos o viram. — Greeg fala enquanto abre uma barra de chocolate.

Algumas pessoas começam a entrar na sala, mas eu foco no assunto.

— Sério, ele é lindo, até vocês com toda essa heterossexualidade ficariam de pau duro se vissem ele como eu vi ontem.

— Espera, você ficou de pau duro?

— Porra, depois de beijar aquela boca linda, não tinha como não ficar, né.

— Cadê esse moleque, quero olhar bem na fuça dele e ver se é isso tudo mesmo. — Greed fala de boca cheia.

— Talarico. — Michael pega o chocolate da mão dele. — O mino é o Haver, ta vendo que ele está caidinho.

— Eu não estou caidinho, eu apenas quero ele nu na minha cama. — Pego o chocolate do Michael.

— Isso é, se ele quiser, né? — Greeg pega o chocolate da minha mão logo depois de eu pegar um pedaço.

— Todos querem.

— Haver, não é porque todos aqui te querem que ele vai querer, sério, às vezes essa sua autoconfiança me irrita.

— Michael, é simples, eu vou ter ele.

— Ok, ok... Chega desse papo chato. Parece que o seu namoradinho não vem hoje. — E só foi o Greeg falar que ele apareceu na porta, todo tapado assim como ontem. Boné preto, moletom preto, calça jeans e tênis braco. Ele vê que as últimas cadeiras do lado direito estão ocupadas e vai até o outro lado da sala e se senta na última cadeira. Ele está de fone e sua cara não está muito boa, diria ser ressaca.

Meus amigos me cutucam e me incentivam a ir até ele, penso rápido e abro a minha mochila, tiro de lá um comprimido para dor de cabeça e pego a garrafa de água do Michael, ele resmunga mas eu o ignoro. Me levanto e vou até ele, me sento na cadeira a sua frente e ele me olha sem expressão alguma. faço sinal para ele tirar os fones e ele faz.

— Tome isso. — Boto a garrafa e o comprimido em sua frente. Ele olha meio desconfiado, mas logo pega o comprimido e toma o mesmo.

— Obrigado.

— De nada, príncipe.

— Olha, não me chame assim.

— Ok, o que não me falta são apelidos para você, loirinho.

— Meu deus, é um pior que o outro.

— E como vão os seus amigos? Eles são bem legais.

— Estão mortos na minha cama uma hora dessa porque são dois vagabundos filhinhos de papai que não precisam trabalhar para ter dinheiro. — Ele fala mal humorado e eu abro um sorriso, o biquinho dele é lindo.

— Na sua cama, é? — Me lembro de ver ele beijando os amigos na noite passada. — Que tipo de amizade vocês têm?

— Pra que quer saber?

— Curiosidade, ué, eu vi vocês se beijando ontem.

— É, funcionamos assim. — Dá de ombro.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Faça.

— Você é gay ou bi? — Ele fica me olhando por um tempo. Ele beijou a amiga, mas isso não quer dizer que ele seja bi, que ele gosta de homem eu sei, agora quero é saber se ele gosta de mulher.

— Nenhum dos dois. — O professor entra em sala e só nos tocamos disso porque ele começa a falar alto. Vejo o loirinho ficar tenso, ele foca os seus olhos no professor e não tira por nada, ele parece analisar o senhor Silver e isso é no mínimo muito estranho.

— Senhor Foster, que não tenha mudado de grupo social e tenha decidido ser uma pessoa decente, então volte para o seu lugar perto dos dois patetas e preste atenção na aula. — Reviro os olhos e me levanto.

— Hektor Silver... Nos resolvemos lá fora. — Aponto para ele e o mesmo começa a rir. Esse cara é bom.

— Senta logo ai, garoto. — Ele fala enquanto rir.

— Volto outra hora, loirinho, ainda preciso da sua resposta e de outro beijo. — Ele me olha e assim como antes continua tenso. 

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