Capítulo 09

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Jimmy.

É isso, eu me decidi e eu vou "viver" como o Roderick tanto me pediu. Decidi começar a fazer isso deixando de ir um pouco para a empresa. Eu definitivamente não irei parar de ir de uma vez, mas eu não irei todos os dias. Eu claramente conheci os meus pais o suficiente para saber que nada do que foi dito pelo Roderick é mentira. Meus pais eram pessoas leves, soltas e divertidas. Eu que sempre fui um filho louco para deixá-los orgulhosos e com isso sempre andei muito na linha. A real também é que eu nunca fui um adolescente com os hormônios a flor da pele que tinha vontade de fazer loucuras, eu sempre fui mais calmo e está tudo bem, mas eu confesso que tá tive vontades, vontades essas que deixei de lado com medo de chatear os meus pais, mas nunca é tarde demais. Tipo, não é porque tenho vinte e um anos que não posso fumar maconha ou fazer uma festa gigantesca... Tá, eu acho que to velho pra isso sim.

Olho ao redor e vejo as coisas do jeitinho que o meu pai deixou, eu sou incapaz de mudar algo. Isso aqui foi a maior conquista da vida deles... Eles lutaram tanto por isso, lutaram tanto pra ter essa empresa. Como eu queria eles aqui, como eu queria assumir isso tudo por outros motivos... Pego o porta retrato da nossa família e suspiro.

— Eu vou da orgulho a vocês...

Boto o objeto no lugar e me levanto, ajeito as minhas roupas em meu corpo, pego as minhas coisas e vou em direção a porta. Olho para trás, mas logo saio da sala. Vou em direção a sala de Roderick e antes de entrar bato na porta. Quando entro, vejo o mesmo em sua mesa concentrado em seu trabalho.

— Tomei aquela decisão. — Ele desvia os olhos do notebook e me olhar.

— Me diga que eu vou precisar tirar você da cadeia logo logo.

— Mas que fixação é essa de me tirar da cadeia é essa?

— Esquece, só me diga qual foi a sua decisão.

— Eu vou tentar, sabe, esse lance de viver. — Ele abre um sorriso. — Não se anime tanto, eu não irei para a cadeia, mas eu juro tentar fumar maconha e sair por ai bebendo e transando com desconhecidos.

— Já estava na hora, né? Transar só com o meu filho não é saudável. — Arregalo os olhos e ele começa a rir. — Jura que vocês pensavam que eu não sabia disso? Seu pai me contou assim que você contou para ele. — Aquele fofoqueiro. — Você deve está xingando ele mentalmente,mas saiba que ele só fez isso porque afinal, era o filho dele com o meu filho... E filha. Olha, essa parte me deixou bem puto, mas decidi não me meter.

— Porra... — É a única coisa que eu consigo dizer. Minha vontade é sumir daqui.

— Se acalme, garoto. Eu já tive uma conversa com eles a tempos atrás. Como eu disse, vocês são jovens, estão na poca de fazer besteiras.

— Eu realmente não sei o que dizer... — Ele ri.

— Parece até que está pedindo a mão deles em casamento. Se acalme.

— Ok, vocês são muitos evoluídos para a minha mente.

— Você que parou no tempo e não evoluiu com o mundo, Jim. Agora vai, vai para casa, arrumar a maconha e depois uma balada, sei lá, se divirta e não volte aqui tão cedo.

— Eu não quero parar de vir, não completamente. Eu quero vir aqui nem que seja uma vez na semana...

— Uma vez no mês.

— Cinco vezes no mês. — Tento negociar.

— Três vezes no mês e não se fala mais nisso.

— Fechado. To indo. — Saio as pressas da sala. Que vergonha da porra, eu vou matar aquelas duas amebas que eu chamo de amigos.

Saio da empresa e vou direto para casa. Quando chego, a primeira coisa que eu faço é ligar o som no último volume, Motivation da Normani começa a tocar e eu sinto meu corpo se mexer e eu juro que é involuntariamente. Vou tirando a minha roupa enquanto danço e depois de tirar tudo e ficar apenas com a cueca eu pego o meu telefone e faço o que eu não fazia há tempos. Abro o instagram e começo a fazer videos. Não apareço, mas dá para ver que estou dançando pela gravação está tremida. Minha voz soa alta e eu pareço feliz. Na verdade eu to, se tem algo que mexe com o meu humor, essa coisa é música.

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