Capítulo 16

37 6 1
                                    

Haver

Vejo o meu loirinho jogado no sofá com um dos braços estendido enquanto segura a taça de vinho pela metade. Está a coisa mais linda.

— Está muito quieto. — Ele vira o rosto para me olhar. Eu estou sentada no chão encostado no sofá em que ele está deitado.

— Estou pensando em você. — Fico surpreso com a resposta.

— Está pensando em me beijar, né? — Provoco.

— Na verdade, estava pensando em como você se referiu ao seu pai. — Fico sério na mesma hora. — Mas não precisamos falar sobre isso. — Ele se senta. — Que tal falarmos sobre sexo? — Ai o meu sorriso volta.

— Quer flar sobre sexo, é?

— Sim, estou a muito tempo sem praticar esse ato e estou ficando irritado já.

O Jimmy me confunde às vezes. Em alguns momentos ele parece ser bem reservado, em outros parece ser bem extrovertido e tem os seus momentos de silêncio. Isso ao mesmo tempo que me confunde, me deixa mais tentado a saber mais sobre ele.

— Você me deixa louquinho. — Falo me levantando para me sentar ao seu lado no sofá.

— Sei que sou gostoso. — Acabo rindo.

— Sim, você é, mas não é neste sentido que estou falando.

— E em qual seria?

— Você é... Como eu posso dizer?! Você é meio bipolar, sabe? — Ele fica me olhando com uma expressão confusa.

— Bipolar?

— Sim. Olha, você me deixa confuso, Jim, muito mesmo. Tipo agora, está disposto a falar de sexo como se fosse um assunto super de boa.

— E é um assunto de boa, Haver.

— Sim, mas... Cara, em um momento você é uma pessoa super centrada, parece um adulto de trinta anos, em outros momento parece um adolescente maluco e em outros momentos só fala quando necessário. É estranho pra caralho isso tudo. Não de um modo ruim, mas me deixa confuso. — Ele respira fundo focando seus olhos em um ponto fixo a nossa frente.

— Eu tento equilibrar tudo e isso mexe tanto comigo que me deixa assim. — Ele fala como se fosse algo que o incomoda.

— Pode me dizer o que exatamente o que você precisa equilibrar? — Ele respira fundo e se funda no sofá, termina a bebida em sua taça e vira a cabeça para mim.

— Sou um cara de vinte e um anos que trabalha, ou trabalhava, em um empresa onde só tem engomadinho com uma carranca na cara e que fala bonito, neste ambiente, eu tenho que ser Jimmy Sowell, filho de John e Luiza Sowell, um cara sério e que mesmo não tendo a sua faculdade de direito completa, tem capacidade para assumir aqui tudo quando for a hora. — Ele fica em silêncio por um tempo. — Por outro lado, fora de lá, eu sou um cara de vinte e um anos que praticamente mora com os amigos que amam uma farra e sinceramente? Eu a amo também, afinal, é o momento onde posso mexer o meu corpo e liberar a minha essência, como diz o Ryck, de flertar com naturalidade, sabe, eles dizem que isso vem de mim, é algo natural meu, que mesmo sem eu perceber, eu encanto e canto pessoas... — Ele está com um sorriso gostoso nos lábios. — Mas a maioria das vezes eu quero sim. — Ele pisca pra mim e eu quase tenho um treco. — E tem Jimmy de vinte e um anos que frequenta a faculdade... De longe esse é o que eu menos gosto. — Ele olha para suas mãos em cima de seu colo. — É um Jimmy desconfiado, calado e observador. Mas nem sempre foi assim.

—E porque é assim agora? — Eu realmente quero saber. — Se não quiser, não precisa falar. — Ele solta uma risada nasal.

— Meus pais, meus amigos e até pessoas aleatórias já cansaram de me dizer que eu sou lindo, muito lindo mesmo. Já chegaram a dizer que a minha beleza é improvável e junto com o meu "encanto natural", eu poderia ter muitas coisas

Clichê?Onde histórias criam vida. Descubra agora