Capítulo 05

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Jimmy.

Meus pais eram advogados, eles tinham uma empresa e hoje quem toma conta dela sou eu.

Tá, o Roderik como sócio faz todo o trabalho pesado, eu só faço o que está ao meu alcance já que não sou formado ainda. Eu sinceramente nunca me vi sendo um advogado, mesmo depois da morte dos meus pais. Mas mesmo assim eu comecei a faculdade de direito para deixá-los felizes. Não, meus pais não eram como aqueles pais controladores que forçam os filhos serem o que eles querem, essa foi uma decisão minha. Eu queria ver o sorriso no rosto deles ao verem que eu escolhi seguir os mesmos passos. Minha mãe foi contra, na verdade, os dois foram, eles sabiam que esse lance de tribunais e papeladas não se encaixavam no meu perfil, mas eu insisti. Isso foi coisa do destino, certeza porque hoje o que eu mais quero é ser advogado. Depois do que aconteceu comigo, o que eu mais quero é me formar logo para poder botar na cadeia pessoas que se acham no direito de violar corpos alheios.

Uma vez... Não, muitas vezes eu ouvi que a minha beleza enlouquecia as pessoas, mas nunca achei que isso seria literal. Eu sou um homem de vinte e um anos, tenho um e setenta e oito de altura, minha pele é branca e meus cabelos são naturalmente pretos, porém todos concordam que o loiro combina melhor comigo, meus olhos são claros, nunca consegui distinguir a cor deles, mamãe era a única que sabia. Não sei agora, mas sempre fui comunicativo e sorridente, afinal, eu tinha tudo. Nunca tive problemas em ter mulheres, homens ou sei lá qual tipo de pessoa eu quisesse, mas eu trocaria tudo, trocaria tudo isso, toda a minha beleza só para não ter o meu corpo violado nunca mais. Eu sinto uma necessidade absurda de me cobrir, confesso que só na faculdade, mas mesmo assim isso me incomoda, na minha mente eu sei que eu não sou o culpado, eu sei que nada foi culpa minha, mas ainda sim, eu preciso "proteger" o meu corpo com panos para não ser notado.

Ryck e Abby são os meus portos seguros, eles são os únicos que sempre sabem como agir comigo, são os únicos que sabem me tocar sem me fazer lembrar de nada e é por isso que depois de tudo que aconteceu, eles foram os únicos que estiveram comigo mais intimamente. Sim, eu transo com meus amigos e isso nunca foi um problema. Não rola ciúmes, não rola brigas, não rola confusão sentimental. Sabemos que é carnal, sabemos que nos amamos como amigos, nem mesmo o sexo adoidado que fazemos pode mudar esse amor. Lembro do meu pai me dizendo que isso poderia ser muito ruim já que eles são irmãos e se um dos dois ou até mesmo os dois se apaixonarem, seria horrível, mas sempre deixei claro a ele que nós três sempre estivemos na mesma vibe. Mamãe não sabia disso, afinal, meu pai era a minha caixinha de segredos, mas eu sei que ela desconfiava. Eu lembro quando ela ficava nos observando por horas, só para tentar pegar alguma coisa no ar, mas nunca conseguiu, afinal, Abby, Ryck e eu somos realmente amigos, as coisas só mudam um pouco quando estamos em quatro paredes.

É engraçado lembrar da primeira vez em que eu fiquei com cada um, primeiro foi com a Abby, tínhamos quinze anos, ela queria perder a virgindade e eu era o cara de confiança, então aconteceu. Me martirizei pensando que iria perder a minha amiga, mas no dia seguinte ela e o irmão invadiram o meu quarto e foi tudo natural, como sempre foi. Um ano depois, Ryck descobriu esse nosso único segredo e soltou a seguinte frase "Ah não, se ela tem eu também quero", achamos que ele estava brincando, mas aconteceu também e daí pra cá, nunca mais parou. Quer dizer, parou, só quando um de nós entrávamos em um relacionamento, mas quando terminava, voltava tudo de novo. Hoje Abby e eu temos vinte e um e Ryck vinte, e continuamos com a nossa "amizade duvidosa" como dizia meu pai.

Morro de rir ao lembrar de quando contei isso ao meu pai, lembro que ele quase teve um treco achando que eu ficava com os dois ao mesmo tempo, até explicar que eles não se relacionavam, foi uma loucura só. Mamãe nunca soube porque eu sei que ela surtaria e iria desmaiar bem na minha frente.

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