𝑺𝘦𝘤𝘳𝘦𝘵 𝑺𝘦𝘤𝘳𝘦𝘵 | 𝑴𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨 ★

Temp. 2 Cap. 8 Parte 2

[20/06/2024]
09:17 AM

𝑨s horas se passaram, vez ou outra Lee acordava, mas voltava a dormir tranquilamente quando via que o menor ainda se encontrava ali, que ele não tinha fugido como em seus pesadelos.

Aninhados, é assim que o recém – talvez não tão recém assim – casal se encontra. O calor dos corpos e a sensação de segurança que passam um para o outro é uma das coisas mais relaxantes e leves para eles.

Há um tempo que Jisung não dormia tão bem.

Lee lhe faz bem, não há como negar. Não quer mais negar.

Minho sente que Jisung era tudo o que precisava. Estavam ali, de volta, juntos, mas por que Lee ainda se sentia triste? Por que depois de anos e anos nada mudou? Já é o 11° aniversário de morte de seu amigo e, mesmo assim, a dor ainda é quase igual, a única diferença é a saudade, que, a cada ano, se torna maior.

Lee nunca teve coragem de contar para Jisung sobre o acontecimento, sobre o motivo de sumir o dia inteiro e só voltar na manhã seguinte, todos os anos, no mesmo exato dia. Minho sofria em silêncio, mas talvez estivesse na hora de compartilhar isso com Han, talvez estivesse na hora de parar de fugir de seus sentimentos, e contar o porquê de tudo. Han merecia isso, certo? Han merecia saber o que o outro estava passando, para ter ao menos a oportunidade de tentar melhorar algo.

Han desperta, pega o seu celular e semicerra os olhos, para conseguir enxergar claramente o horário que marca na tela, vendo que não era tão cedo, decide acordar Minho.

O menino mais novo sobe em cima de Minho, com cuidado, para não acordá-lo ainda. Ele beija a bochecha esquerda de Lee – sentiu tanta saudade disso, da sensação que era acordar ao lado de Minho –, depois a sua bochecha direita, já é possível escutar os resmungos que o mais velho está proferindo, e, por fim, os lábios convidativos. Han sorri de forma muito alegre, observando o menino debaixo de si, acordar, mas seu sorriso vai embora gradativamente ao ver que Minho ainda está abatido com algo.

— Bom dia, amor — deixa um beijo no cantinho da boca de Minho, que sorri minimamente.

— Bom dia. Vai me acordar assim todos os dias? Eu vou ficar mal acostumado — ele brinca e apoia a mão nas coxas de Jisung, que está uma de cada lado do corpo de Lee.

— Talvez...

Seus olhos observam o quarto, Han cria coragem para falar, tem medo de dizer algo errado e o mais velho não gostar, ou de estar sendo muito inconveniente.

— Minho — ele inicia, de forma cuidadosa, o outro menino murmura um "hm", para que Jisung continue — por que você está triste assim? Eu fiz algo errado? — Jisung solta o ar preso em seu pulmão, nem ao menos sabia que o segurava.

— Não... claro que não — ele diz baixo, mas o desespero em sua voz é notável — eu nunca contei isso para ninguém além de Chan, mas eu sinto que devo — Jisung escuta tudo atentamente.

— Não precisa se não se sentir bem em me dizer — ele não quer ultrapassar o espaço de Minho.

— Eu estou bem em te contar. Eu tinha um amigo... não — ele suspira — vou te contar direito. Quando eu tinha 12, 13 anos, tinha muitos problemas em casa, a minha vida era um completo inferno. O meu pai me batia quando estava bêbado, ele sempre estava bêbado, então sempre me batia; minha mãe estava doente e eu não conseguia ajudar ela; os meus amigos se mudaram de Gimpo e eu fiquei sozinho; enfim, muito coisa para um Minho fedelho... tudo isso, acabou comigo e eu virei um idiota na escola, eu pegava no pé de quase todo mundo, mas tinha um menino que eu praticava bullying de forma mais pesada, eu descontava tudo nele. Isso durou por alguns longos meses, até que ele mudou de escola. Eu cresci um pouco, me senti arrependido em todo o santo dia, eu mal conseguia viver com a culpa, mas, quando eu vi seu nome na lista de chamada, achei que teria outra chance, eu pedi desculpas inúmeras vezes e em todas ele me desculpou.