𝐂𝐡𝐢𝐜𝐡𝐢 𝐧𝐨 𝐇𝐢 | 𝙼𝚘𝚛𝚘𝚋𝚘𝚜𝚑𝚒 𝙿.𝙾.𝚅

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[16/06 - Domingo]

Ajeito minha gravata enquanto ouço Kotaro falando como uma maritaca sobre o que ele fará para seu pai nesse dia especial.

-Eu posso comprar duas garrafas de saquê pra ele, afinal, ele gosta muito de saquê! Ou melhor, também posso comprar um buquê de rosas! -Taro dizia enquanto fechava sua maleta, cheia de fotos.

Por enquanto, está tudo tranquilo aqui no Japão, por isso podemos sair bem mais cedo hoje; ou melhor, eles podem sair mais cedo hoje.

Taro tagarelava enquanto catava suas coisas, até Hokuto chegar junto com Shinjiro, e Kotaro perguntou:

-O que vocês vão fazer para os pais de vocês?

-Ah, estou pensando em levar o Yapool para comer na Cidade Alienígena, ele não sai muito, então acho que seria uma boa. -Seiji respondeu.

-Eu vou passar numa loja de chás e comprar o favorito do meu pai! Além de um buquê para ele também! -Shinjiro também estava animado. -Rena me disse que levará o Endo-San para jantar num lugar muito especial!

Ergui minhas sombrancelhas para demonstrar admiração, logo voltando os olhos para o computador.

-E você, Moroboshi-San?

Meu corpo endureceu.

-Vou dar um buquê para ele. -Respondi.

-Que bom, ele deve gostar. -Hokuto informou, com o rosto meio sério.

-Espero que possa celebrar essa data especial também, Moroboshi-San... -Shinjiro desejou.

Assenti lentamente com a cabeça.

-Bom, nós vamos sair agora. Até amanhã, Moroboshi-San! -Taro disse, acenando para mim, logo saindo da sala.

Acenei discretamente em resposta, logo depois suspirando e jogando minha cabeça para cima, logo fechando os olhos.

...

-Ei, mano. -Leo me chamou.

-Que foi? -Respondi enquanto voltava minha cabeça pro lugar.

-Jack vai nos dar uma carona para "vermos" nossos pais, quer ir também? -Astra explicou.

Olhei para baixo e para o lado pensando na proposta.

Não fará mal algum passar mais tempo com minha família, eu espero.

E não preciso me sentir desconfortável com eles, afinal, são iguais à mim nesse aspecto.

-Pode ser. -Respondi me levantando da cadeira, me preparando para seguí-los.

Os dois irmãos soltaram um leve sorriso amarelo, logo saíndo da sala.

Rapidamente peguei minhas coisas e fui acompanhá-los.

***

-Eaí, pra onde vocês vão? -Jack perguntou. -Todos em uma parada ou em mais de uma?

-Pra onde você vai, Moroboshi? -Astra perguntou.

-Não precisa nem dizer, já sei. -O loiro explicou. -Mas onde vocês dois vão?

Eles se entreolharam, como se conversassem telepaticamente.

Sinto saudades dessa comunicação.

-Cemitério. -Leo respondeu, seriamente. -Lá é melhor.

-Entendido, então próxima parada, cemitério! -Jack disse, tentando nos animar com seu humor duvidoso.

Jack acelerou um pouco a velocidade para que pudéssemos chegar mais rápido.

De todas as pessoas que eu conheço, Jack é o que mais sabe sobre as ruas do Japão, e quase de todos os atalhos para qualquer lugar, e rapidamente chegamos lá.

-Aqui estamos. -Jack informou.

Nós três descemos do carro e agradecemos pela carona.

-Vocês precisam de carona pra voltar? -O loiro perguntou. -Se vocês quiserem eu posso esperar aqui...

-Não precisa. -Respondi. -Eu peço um táxi para nós três.

-Certeza? -Ele perguntou.

-Sim.

Jack então virou seu corpo de volta para o volante, apenas com sua cabeça virada para nós.

-Então tá. Até amanhã. -Ele respondeu, logo ligando o carro e saíndo de lá.

Fui até o porteiro do local, e ele me perguntou:

-Vai ficar pouco tempo hoje?

-Não, afinal, hoje é especial, não acha? -Respondi.

Ele assentiu com a cabeça, logo fazendo um sinal para entrarmos.

Eu e os irmãos nos olhamos pela última vez naquele momento, até que nós nos separamos, eu dos irmãos.

Andei um pouco, olhando as lápides uma por uma, antes de achar o que queria.

-Ah, finalmente.

Me ajoelho na frente de uma lápide.

-Faz tempo, não é? Pai.

O silêncio era como uma resposta de meu pai.

-Como está você e a mamãe? O Rei está bem? -Perguntei para o vento. -Espero que sim.

Ninguém respondeu, como esperado.

-Sabe, às vezes me sinto louco de conversar com vocês mesmo estando mortos. -Disse. -Mas ainda sinto que vocês estão comigo.

Retiro meus óculos.

-Se não fosse por minha covardia, vocês estariam vivos, não é?

...

-Eu sinto muito, e novamente peço o perdão de vocês, mesmo sabendo que eu não mereço.

Eu sou tão, tão covarde sou uma pessoa horrível.

-Uh? -Murmurei. -Esse conforto...

...

-Mamãe, papai, como ainda me amam? Depois de tudo o que não fiz?

Não era necessário uma voz para responder minha pergunta, apenas o quentinho dentro de mim era suficiente.

-Eu amo vocês, amo muito todos vocês. -Respondi.

Coloquei meus óculos de volta.

-Ah, feliz dia dos pais, papai.

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Esse foi o capítulo de hoje!

𝙵𝚎𝚕𝚒𝚣 𝚍𝚒𝚊 𝚍𝚘𝚜 𝚙𝚊𝚒𝚜!

"𝑩𝒆 𝑼𝒍𝒕𝒓𝒂!"

𝕆𝕟𝕖-𝕊𝕙𝕠𝕥𝕤 𝕕𝕖 𝕌𝕝𝕥𝕣𝕒𝕞𝕒𝕟 (𝔸𝕟𝕚𝕞𝕖 ℕ𝕖𝕥𝕗𝕝𝕚𝕩/𝕄𝕒𝕟𝕘𝕒́)Onde histórias criam vida. Descubra agora