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Nem mesmo percebi por quanto tempo passamos lá fora, sentados na grama, nos abraçando e soluçando juntos. Para falar a verdade, eu nem mesmo sentia o mundo ao meu redor quando estava nos braços do meu irmão, me sentindo segura e amparada. Minha mente viajava entre todas as nossas lembranças juntos, como um trailer de filme, ou melhor, como o poder bizarro que a sem sal da Bella tinha e mostrou os dois primeiros filmes para o Edward.

Era até engraçado agora, e pensar naquilo me fez rir, uma risada nervosa até que se tornasse uma gargalhada, mesmo que meu peito ainda doesse e meu estômago estivesse dolorido de tantos soluços. Eu tinha visto nosso pai entrar no posto de saúde, eu vi nossa mãe segurando a cadeira de rodas de Tahoe e eu sabia exatamente o que aquilo significava quando se tratava do meu irmão. Então, por Deus, eu me pergunto como. Como ele estava ali, em carne e osso, me abraçando e chorando e deixando que suas lágrimas escorressem por seu rosto e caíssem em mim.

Como?

Me afastei lentamente, deixando um suspiro profundo sair de meus lábios quando o encarei. Tantas lágrimas me deixaram sem energia, tanto tempo achando que ele estava morto me faziam questionar se aquilo realmente estava acontecendo.

– O que aconteceu? – perguntei, fungando, esquecendo da dor em meu nariz e me arrependendo um segundo depois quando ele pulsou em meu rosto. – Droga! – deixei escapar.

– O que aconteceu com você? – Tahoe quis saber, segurando meu rosto com as duas mãos para encarar meus olhos. – O que... Hazen... O que aconteceu com você?

– Eu fui no inferno. – respondi em um sussurro, desviando o olhar dele. Era impossível não sentir vergonha por ter fugido. – Mas eu mereci isso, por ter deixado você.

– Não! Olha pra mim, Hazen. – disse, erguendo meu rosto para mais perto. – Você não merece nada disso. Você não teve culpa de sair, eu... Eu fui um idiota. Um imbecil por não perceber que você estava mal. Eu olhei tanto para o meu problema que esqueci que você também estava sofrendo. Eu peço desculpas por ter sido um irmão péssimo e egoísta que não merece tudo o que você fez por mim.

Encarei Tahoe por um instante antes de deixar escapar uma risada fraca.

– Autopiedade não combina com você. – falei, vendo-o sorrir e soltar meu rosto de suas mãos. – O que aconteceu, Tahoe? Você estava aqui esse tempo todo? Eu vi nosso pai no posto de saúde, eu vi mamãe com a cadeira e eu sei o que...

– É. – respondeu ele, respirando fundo ao se acomodar na grama para observar o lago que levava seu nome.

Encarei seu perfil pensativo antes de sentar ao lado dele, olhando para onde ele olhava. Ainda era estranho ter sua presença ao meu lado, ou até mesmo saber que ele estava ali encarando a paisagem.

– Eu tentei. – disse lentamente, como se aquelas palavras o cortassem por dentro. Tahoe respirou fundo. – Não me orgulho disso, não mais. – completou, olhando para mim. – Acho que você viu o resultado da minha tentativa. Eu sei que ver nossos pais naquele lugar te faz lembrar outras coisas, e eu posso te garantir, Hazen, que aquilo nunca vai acontecer. Não mais. Não por vontade própria.

Correr e viver 2 - DuologiaOnde histórias criam vida. Descubra agora