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O plano estava criado.

Cada passo bem elaborado para evitar qualquer surpresa ou, pior, para evitar que tenhamos problemas para pegar Nathan sem que ele perceba. Saímos da casa de Julian com apenas um objetivo, um único foco que me deixou energizada e esperançosa ao saber que o fim estava próximo para uma pessoa que merecia o final que estava prestes a ter. O clima na casa de Julian era de tensão, mas também de determinação. As paredes pareciam vibrar com a energia do plano que discutíamos, enquanto cada um de nós se preparava para a execução.

Durante os últimos acordos e detalhes, chegamos à conclusão que tínhamos apenas um alvo em mente e, mesmo que ele tivesse aliados, Scar, Donny, Andrea e Kyra estariam a salvo de qualquer invasão. O motivo era simples: eu sabia que eles estavam presos de alguma maneira bizarra a Nathan, em uma espécie de síndrome de Estocolmo, e eu seria a cura para todos eles, libertando-os de alguém que não fazia bem a ninguém.

No carro, Reeve parecia radiante, com um sorriso de orelha a orelha, coisa que eu nunca o vi fazer desde que o conheci de verdade. Eu, mesmo usando um vestido de prostituta, também estava feliz e não conseguia esconder o sentimento de alívio por saber que teria um fim. Aquele capítulo da minha vida seria rasgado a qualquer momento e eu já estava contando os dias para que isso acontecesse. Olhei para o reflexo da cidade nas janelas, vendo as luzes piscarem como se estivessem celebrando conosco.

— Do que você está rindo? — a pergunta me tirou do devaneio, me levando de volta ao carro e automaticamente percebendo que aquele caminho era diferente do muquifo em que estávamos.

— De alívio, por saber que vai acabar.

— Finalmente ele vai ter o que merece — disse ele, desviando seu olhar para mim.

— E eu não vejo a hora da minha vida voltar ao normal — falei, me afundando no banco ao observar a paisagem de prédios e comércios ao redor.

— O que seria a vida normal para você? — Reeve perguntou, o sorriso ainda marcado no rosto, transformando completamente suas feições, deixando-o mais leve.

Aquela pergunta me fez sorrir ao lembrar de tudo o que eu fazia em Crescent Valley quando usava o personagem de boa moça, a irmã mais nova do cadeirante. Mas, por incrível que pareça, eu não conseguia me lembrar totalmente de como minha vida era naquela cidadezinha. Eu me lembrava da família que um dia eu tive e, quando ela se separou, eu lembrava da forma como minha mãe chegava exausta em casa depois de horas e horas de plantão. Eu lembrava da dor que era ver Tahoe em uma cadeira de rodas, desejando morrer.

— Ah! — um suspiro profundo invadiu meu peito. — Passar um tempo com meus amigos na lanchonete onde eu trabalhava antes das aulas, passar a tarde na biblioteca em um trabalho depois das aulas, passar horas e horas com Tahoe.

— Só isso? — Reeve perguntou. — Achei que seria mais específica em como era a sua vida.

— Na verdade, ela já estava uma merda há algum tempo — falei. — Mas era mais tranquila e segura do que essa vida que estou vivendo agora.

Correr e viver 2 - DuologiaOnde histórias criam vida. Descubra agora