Antes que pudesse completar a frase, uma voz grave cortou o ar, gelando a animação que dominava a mesa: – Traí o meu namorado com alguém da gangue inimiga.
A voz era de Reeve, que estava parado próximo à mesa, com Califórnia ao seu lado. O olhar que ela lançava para todos nós exalava uma raiva fria e contida, fazendo o ambiente se encher de tensão. Minha respiração falhou por um segundo, e pude sentir os olhares dos outros homens se voltarem para mim.
– Reeve! – várias exclamações ecoaram, e quase todos se levantaram para falar com o chefe e aniversariante.
Permaneci sentada, ao lado de Tahoe, apenas observando enquanto os outros homens se aproximavam de Reeve, apertando sua mão como se ele fosse a droga de um presidente. Vez ou outra, seus olhos encontravam os meus, agora claramente visíveis à luz que se espalhava pelo jardim.
– O que ele quis dizer com aquilo? – ouvi meu irmão perguntar.
Mas naquele momento, estava perdida demais ao encarar Reeve e a forma como Califórnia permanecia ao seu lado, como um escudeiro leal ou, talvez, algo mais. O pensamento me incomodou profundamente, me fazendo engolir em seco. Levantei da cadeira e me dirigi à mesa de bebidas, sem sequer responder ao meu irmão. Tudo o que eu queria era mais uma cerveja.
Enquanto pegava uma garrafa e despejava o líquido em meu copo, me virei para me encostar na mesa e observei Reeve de longe. Ele estava vestido casualmente, com calças jeans e uma camisa de mangas compridas que o deixavam com uma aparência mais descontraída, quase humana. Já Califórnia, ao seu lado, estava deslumbrante com uma saia de couro e uma camisa de flanela, semelhante à minha, mas perfeitamente ajustada ao seu corpo.
– Aquele jogo foi muito legal – a voz de Evans surgiu ao meu lado, me forçando a desviar o olhar de Reeve.
– Foi divertido – concordei, tentando esconder a frustração. – Você quer jogar comigo?
O sorriso de Evans vacilou, sua expressão se tornando nervosa. Seus olhos desviaram de mim para algo atrás dos meus ombros, e, ao me virar, encontrei Reeve parado logo atrás de mim, os olhos fixos nos meus, os lábios formando uma linha fina de desaprovação.
– Parece que você está se divertindo – disse ele, a voz carregada de um tom frio e distante.
Sorri, apesar do desconforto que sentia crescendo dentro de mim. Não deixaria Reeve perceber que suas palavras me afetavam.
– Estou apenas aproveitando a festa – respondi, erguendo o copo em um brinde. – Feliz aniversário, por falar nisso – completei, me aproximando dele para lhe dar um abraço rápido.
Senti quando Reeve foi pego de surpresa pela minha ação, mas logo seus braços estavam ao meu redor, me puxando para mais perto. O instante foi breve, mas o suficiente para sentir sua respiração contra meus cabelos, o que fez meu coração acelerar. O abraço tinha uma mistura de necessidade e conflito, como se houvesse algo não resolvido entre nós que persistia, mesmo com todas as provocações e insinuações.
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Correr e viver 2 - Duologia
Teen FictionHazen é uma jovem comum que vive em uma cidadezinha esquecida no mundo. No entanto, sua vida muda drasticamente quando ela é levada para pagar uma dívida com uma perigosa gangue em Reno, conhecida por organizar corridas clandestinas. Agora, Hazen pr...